
Uma boa notícia para os moradores das Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas: o Sistema Cantareira atingiu a marca de 51% de sua capacidade de armazenamento, o melhor nível para um mês de janeiro dos últimos 6 anos. Em janeiro de 2022, citando um exemplo, o Sistema operava com 30% de sua capacidade de armazenamento.
O Sistema Cantareira é um velho conhecido dos leitores aqui do blog, que, aliás, foi criado em 2016, logo após a grande seca que deixou as represas do Sistema no volume morto entre os anos de 2014 e 2016. Desde 2011, último ano em que as represas do sistema chegaram próximas ao nível máximo, que o Sistema vem sofrendo com chuvas abaixo da média.
Desde o último mês de dezembro, as chuvas na região onde ficam as represas do Sistema Cantareira estão acima da média, o que vem se refletindo em um aumento lento e gradual dos volumes de água armazenada.
O Cantareira responde pelo abastecimento da Zonas Norte, Central e parte da Zona Leste da cidade de São Pulo, além de abastecer os municípios de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul. Também abastece parcialmente os municípios de Guarulhos, Cajamar, Barueri, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Santo André.
As águas liberadas pelas represas do Sistema Cantareira também alimentam os rios da bacia hidrográfica do rio Piracicaba, sendo usadas para o abastecimento de diversas cidades da Região Metropolitana de Campinas.
Na Região Metropolitana de São Paulo, a Estação de Tratamento de Água do Guaraú, na Zona Norte de São Paulo, é a maior do sistema. A água tratada por essa unidade abastece cerca de 7,5 milhões de pessoas, o que corresponde a 46% da população da Região Metropolitana.
Há época da crise hídrica 2014/2016, as águas do Sistema Cantareira atendiam cerca de 60% da população da Região Metropolitana, o que ajuda a explicar o grande impacto da seca naquele momento. Nos últimos anos, diversos sistemas de adutoras passaram a interligar esse sistema com os demais mananciais da Região Metropolitana, o que vai ajudar em casos de futuras crises hídricas.
As represas do Sistema Cantareira ficam localizadas na Região Nordeste do Estado de São Paulo, bem próximas à divisa com Minas Gerais. Aliás, grande parte das nascentes dos rios que alimentam as represas ficam na Serra da Mantiqueira, dentro do território mineiro.
Na década de 1960, o acelerado crescimento da população da Região Metropolitana de São Paulo forçou o Governo Estado a estudar a construção de um novo grande sistema produtor de água. Entre as principais propostas estavam o Sistema Cantareira, que acabou sendo aprovado e construído, e o Sistema Juquiá, que seria construído no Sul do Estado de São Paulo na bacia hidrográfica do rio Ribeira de Iguape.
Apesar de algumas das represas do Sistema Cantareira ficarem localizadas a mais de 160 km da cidade de São Paulo, essa solução ainda foi muito mais barata que trazer a água do Vale do Ribeira, a mais 250 km de distância e de uma altitude próxima ao nível do mar, o que encareceria, e muito,os custos para o bombeamento da água.
O Sistema Cantareira possui cinco reservatórios: Jaguari, Jacareí, Cachoeira e Atibainha (na Bacia do Rio Piracicaba) e Paiva Castro (na bacia do Alto Tietê), além de uma pequena represa no alto da Serra da Cantareira no município de Caieiras, a Águas Claras.
O Sistema foi projetado com as represas em altitudes diferentes em função da topografia da região. Graças a essas diferenças de altitude, o Sistema Cantareira utiliza a força da gravidade para conduzir as águas desde as represas de Jaguari e Jacareí, na região de Bragança Paulista, passando para as represas de Cachoeira, Atibainha (vide foto) e Paiva Castro.
Um sistema de túneis conduz a água até Estação Elevatória Santa Inês, que bombeia as águas para a represa de Águas Claras na Serra da Cantareira. De Águas Claras a água é enviada para a Estação de Tratamento do Guaraú, na zona norte da cidade de São Paulo, e depois distribuída a milhões de consumidores.
Em 2018, o Governo do Estado de São Paulo concluiu as obras de um sistema de bombeamento que passou a permitir a transposição de águas da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira. Esse sistema interliga as represas Jaguari e Atibainha, tendo como principal objetivo aumentar a segurança de milhões de paulistas e paulistanos.
Essa obra, apesar de respeitar o acordo de partilha das águas do rio Paraíba do Sul firmado entre os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, é bastante polêmica. Cerca de 80% da água consumida pela população da cidade do Rio de Janeiro e de grande parte dos municípios da Baixada Fluminense, é retirada do rio Paraíba do Sul através de sistemas de transposição entre bacias hidrográficas.
Na faixa Leste do Estado de Minas Gerais dezenas de cidades dependem dessas mesmas águas para o abastecimento de suas populações. A eventual segurança hídrica de moradores das Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas, poderá, eventualmente, colocar em risco a mesma segurança de mineiros e fluminenses.
A última vez que as represas do Sistema Cantareira atingiram o nível máximo de armazenamento foi em 2011. Desde então, a região onde ficam as represas e seus rios formadores tem recebido volumes de chuva abaixo da média histórica.
De acordo com especialistas em recursos hídricos, o nível de segurança ideal do Sistema Cantareira é uma operação com um volume acima de 60% de sua capacidade total. Como estamos chegando ao fim do primeiro mês do verão 2022/2023, ainda poderão cair bons volumes de chuva na região das represas e essa meta poderá ser atingida.
Que as chuvas “continuem chovendo”…
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