A CHEIA DO RIO GRANDE 

Depois de algumas semanas de folga, vamos retomar as postagens aqui do blog

O lago de Furnas, conhecido por muita gente como o “mar de Minas”, está com o melhor nível para um mês de janeiro dos últimos 10 anos. De acordo com informações do ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, o reservatório apresentava neste último domingo, dia 15 de janeiro, um volume total armazenado de 88,89%. 

Outros reservatórios do rio Grande também estão apresentando níveis bastante elevados. Os reservatórios das usinas hidrelétricas de Mascarenhas de Moraes e de Marimbondo, por exemplo, apresentavam volumes acumulados de 84,44% e 80,71%, respectivamente, no mesmo dia 15 de janeiro. 

Esses bons números, entretanto, são o reflexo direto de fortes chuvas que vem caindo em Minas Gerais, especialmente na faixa Sul do Estado. Como resultado, importantes rios como o Doce e o Grande estão com altos níveis, um problema que vem preocupando muita gente. 

Na última sexta-feira, dia 13 de janeiro, as comportas da barragem do reservatório de Furnas foram abertas como forma de controlar o rápido aumento do nível das águas (vide foto) – essa operação não era feita desde o ano de 2012. Em meados de dezembro de 2022, Furnas estava com 65% de sua capacidade, o que nos dá uma ideia do volume de água que chegou no reservatório nas últimas semanas. 

Além da barragem de Furnas, O ONS também determinou a abertura dos vertedouros das barragens de Marimbondo, Mascarenhas de Moraes e Luiz Carlos Barreto de Carvalho. O vertedouro da Usina Hidrelétrica de Porto Colômbia já estava aberto desde o dia 9 de janeiro. 

O rio Grande tem 1.360 km de extensão desde de suas nascentes na Serra da Mantiqueira até a foz no Paranaíba, rio com o qual se junta para formar o rio Paraná. Suas águas movimentam as turbinas geradoras de 12 usinas hidrelétricas, que juntas respondem por 25% da capacidade instalada do Subsistema Elétrico Sudeste/Centro-Oeste. 

A bacia hidrográfica do rio Grande ocupa uma área total de 143 mil km², englobando áreas dos Estados de São Paulo e de Minas Gerais – o rio, inclusive, marca um longo trecho da divisa entre esses dois Estados. Ao longo dos últimos anos essa importante região vem sendo castigada por mudanças climáticas e por ciclos de grandes secas. 

Um exemplo do que vem acontecendo na região foi uma notícia que publicamos aqui no blog em 28 de setembro de 2021 – cidades do Norte e do Noroeste do Estado de São Paulo e também do Triângulo Mineiro, todas inseridas na bacia hidrográfica do rio Grande, foram surpreendidas por uma tempestade de areia digna dos melhores filmes de Hollywood, algo absolutamente inédito na região. 

As tempestades de areia são comuns em regiões ocupadas por grandes desertos, especialmente na Ásia. Elas são o resultado da combinação de solos secos com ventos fortes, que levantam os sedimentos e os carregam a grandes distancias. De acordo com meteorologistas, essas tempestades podem lançar os sedimentos a uma altura de até 10 mil metros e tem o poder de cobrir cidades inteiras com uma grossa camada de areia. 

No dia seguinte a essa postagem, publicamos outra falando da situação crítica do Lago de Furnas que, naquele momento, havia atingido a marca de 14,27% de sua capacidade. Toda a região central do país enfrentava uma fortíssima seca, o que colocava grande parte da capacidade de geração de energia elétrica do Brasil em risco. Esse ano de 2023 começou com uma situação completmente oposta, inclusive com a decisão para a abertura das comportas das represas.

A abertura das comportas de uma represa ou açude é um belíssimo espetáculo visual – a força das águas forma uma grande mancha de espuma e também forma uma intensa nuvem de vapor de água, o que, não raras vezes, forma um pequeno arco-íris. Para as populações que vivem a jusante dessas barragens (ou seja, correnteza abaixo), entretanto, essa abertura é sempre um motivo de preocupação. 

A súbita liberação de grandes volumes de água costuma se refletir num rápido aumento do nível do rio, aumentando o risco de enchentes e alagamentos em áreas próximas das margens. Essa possibilidade assusta as populações ribeirinhas, sempre sujeitas a problemas desse tipo. 

Nas duas últimas semanas eu venho observando um repentino aumento das consultas a postagens aqui do blog referentes ao rio Grande e suas usinas hidrelétricas. Um leitor, inclusive, me mandou uma mensagem pedindo algumas informações sobre essas usinas hidrelétricas. Isso é sinal claro que a população está preocupada. 

De acordo com informações dos meteorologistas, a ZCAS – Zona de Convergência do Atlântico Sul, uma faixa de nebulosidade que se forma entre o Sul da Região Amazônica e a região central do Oceano Atlântico Sul nessa época do ano, é quem está provocando as fortes chuvas que estão caindo em Minas Gerais. 

Entre os dias 1º de outubro de 2022 e 8 de janeiro de 2023, já foi registrado um volume de chuvas acumuladas na região de Belo Horizonte da ordem de 1.071 mm. Esse volume corresponde a mais de 70% da chuva que costuma ser registrada na região ao longo de todo um ano. 

No Sul do Estado de Minas Gerais, o rio Grande é um dos principais receptores desse grande volume de águas pluviais, o que explica o rápido incremento dos volumes de águas armazenadas nas diversas represas e as preocupações dos moradores com os riscos de enchentes. 

Para desespero de muita gente estamos chegando ao fim primeiro mês do verão 2022/2023 e, com toda a certeza, as chuvas ainda vão levar muita água para a calha do rio Grande. É bom que todos fiquem de olho no nível das águas e que estejam preparados para eventuais situações de emergência. 

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