UM INVERNO MUITO QUENTE NA EUROPA OCIDENTAL

O verão brasileiro vai seguindo do jeito que manda o figurino – dias muito quentes com chuvas fortes. Em Minas Gerais, por exemplo, as fortes chuvas das últimas semanas vêm provocando uma forte elevação no nível das águas no rio Doce e no rio Grande, situação que preocupa as populações ribeirinhas.

Já na Europa Ocidental, muita gente continua esperando a chegada do inverno e de suas baixas temperaturas. Um ótimo exemplo é a cidade de Bilbao, no Norte da Espanha, que experimentou temperaturas na ordem dos 25º C nos primeiros dias de 2023 (vide foto). A temperatura média esperada na cidade para essa época do ano costuma oscilar entre 5 e 10º C. 

Temperaturas bem acima da média esperada para esse início de inverno também estão sendo observadas nos Países Baixos, França, Alemanha, Polônia, República Checa, Dinamarca, Suíça, Liechtenstein, Lituânia e Letônia. Até mesmo em países do Leste Europeu, famosos por seus invernos rigorosos como a Ucrânia e a Bielorrússia, temperaturas altas vêm sendo observadas. 

Em Varsóvia, capital da Polônia, os termômetros tem ficado próximo aos 4º C durante o dia. Na vizinha Bielorrússia os termômetros chagaram a incríveis 16,4º C. Já em regiões bastante próximas na Escandinávia e na Rússia, as temperaturas estão dentro da normalidade para essa época do ano, com os termômetros marcando -20º C. 

De acordo com informações de meteorologistas, o inverno europeu é marcado por uma forte influência de massas de ar frio que vem da Sibéria, no Leste da Rússia, e da Escandinávia. Esse ano, entretanto, toda a Europa Ocidental está sofrendo com a influência de massas de ar menos frias vindas do Oceano Atlântico. 

De acordo com o meteorologista Pedro Miranda, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, “o que acontece neste momento na Europa ocidental é que, devido à disposição destes sistemas – em particular do anticiclone dos Açores, que está muito perto do continente europeu –, estamos a receber na Europa ocidental ar que vem do Atlântico”. 

Segundo esse especialista, essa anomalia que está sendo observada em grande parte da Europa está diretamente ligada às mudanças climáticas globais e ao aumento gradual das temperaturas no planeta. Isso tem provocado mudanças na pressão atmosférica em diversas regiões do planeta, o que, por sua vez, está interferindo na circulação das grandes massas de ar. 

Essas mudanças na atmosfera estão resultando em altas temperaturas em algumas regiões onde o clima costuma ser mais ameno – que é o que estamos observando na Europa atualmente, ou tornando regiões de clima mais ameno em frias, como o que foi visto a poucas semanas atrás na Flórida, no Sul dos Estados Unidos, que sofreu com fortes nevascas. 

No final de junho de 2022, publicamos uma postagem aqui no blog falando da temperatura recorde de 40,2º C que foi registrada no Aeroporto de Heathrow, em Londres. Até umas poucas décadas atrás temperaturas dessa ordem só eram encontradas com muita frequência em regiões tropicais. Em anos recentes, elas vêm se tornando cada vez mais comuns em cidades europeias. 

Também não podemos nos esquecer do caso da cidade Verhoyansk, na Sibéria, onde foi registrada a temperatura 38ºC no dia 20 de fevereiro de 2021. A Sibéria sempre foi considerada uma das regiões mais frias do planeta, registrando temperaturas de inverno inferiores a -60º C e máximas de verão da ordem de 16º C. 

Conforme já tratamos em inúmeras postagens anteriores, o principal vilão do clima mundial na atualidade é o aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, onde o dióxido de carbono (CO2) é destaque. Esse gás é produzido naturalmente pela respiração de seres humanos e animais, pela decomposição de restos de plantas e de animais, por queimadas em florestas, pela digestão de alimentos nos intestinos de animais e seres humanos, entre outras fontes.  

Também é produzido por inúmeras atividades humanas como nas indústrias, na geração de energia e nos transportes.  Aqui o principal vilão são combustíveis fósseis derivados de petróleo e o carvão mineral. 

De acordo com dados do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima, na sigla em inglês, o dióxido de carbono está presente em 78% das emissões humanas e em 55% das emissões mundiais de gases de efeito estufa. Os maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa em 2018 foram os Estados Unidos, a China e a Índia – o Brasil ficou na 14° posição.  

O efeito estufa é um processo físico natural do planeta Terra que ocorre quando determinados gases presentes na atmosfera absorvem parte da irradiação infravermelha do sol, irradiando e retendo esse calor na superfície do planeta. Esse mecanismo permitiu, ao longo dos vários ciclos da história geológica do planeta, a estabilização da temperatura dentro de uma faixa vital para a manutenção da vida e do clima. Essa estabilização permitiu o desenvolvimento dos sistemas florestais e dos oceanos, com o consequente equilíbrio dos gases formadores da atmosfera e a explosão da vida biológica na Terra. 

Desgraçadamente, as atividades humanas ao longo da história passaram a interferir no delicado mecanismo do efeito estufa. Esses impactos se intensificaram enormemente após o início da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, quando volumes cada vez maiores de carvão passaram a ser queimados para a alimentação de um sem número de máquinas a vapor. 

Estamos colhendo hoje problemas que foram iniciados por nossos ancestrais há muitas gerações atrás e que ainda hoje nós nos mostramos sem a devida capacidade para pará-los. 

Aonde tudo isso vai nos levar ainda é uma incógnita, mas, com toda a certeza, coisa boa é que não sairá de tudo isso… 

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