O EMBATE ENTRE A ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, E AS GRANDES EMPRESAS PETROLEIRAS

Na nossa última postagem falamos da publicação recente de um estudo na revista Science onde se afirmava que a ExxonMobil, uma das maiores empresas do setor de petróleo do mundo, tinha em mãos estudos internos que tratavam do aquecimento global. Esses estudos são de 1977. 

A grande questão que foi levantada – a empresa tinha consciência plena dos danos ambientais que seus produtos estavam causando e, visando manter seus lucros, preferiu manter-se em silêncio. 

De acordo com o texto publicado na revista Science, os dados levantados nos estudos de 1977 foram comparados com dados mais recentes obtidos através de pesquisadores independentes e de órgãos governamentais. Esse trabalho foi realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, e o grau de acerto dos pesquisadores ligados à ExxonMobil foi surpreendente. 

Conforme comentamos em nossa postagem, as repercussões de uma notícia dessas seriam enormes. No último dia 18, durante uma reunião no Fórum Econômico Global, em Davos na Suíça, o secretário-geral da ONU – Antônio Guterres, acusou as grandes petroleiras de “espalharem uma grande mentira sobre seu papel no aquecimento global”. 

 “Alguns produtores de combustíveis fósseis estavam plenamente conscientes na década de 1970 de que seu principal produto iria queimar o planeta. Mas, como a indústria do tabaco, eles subestimaram sua própria ciência. Alguns gigantes do petróleo venderam a grande mentira“, 

Guterres, da mesma forma que fizemos em nossa postagem, associou essa atitude das grandes petroleiras com a indústria do tabaco e do fumo, onde as empresas passaram décadas afirmando que o cigarro não causava problemas para a saúde humana. 

Desde a década de 1920, já haviam estudos que associavam o hábito de fumar a uma série de doenças. As indústrias de cigarro, é claro, sabiam disso e fizerem grandes esforços para abalar a credibilidade desses estudos. Existem diversas propagandas antigas que mostram médicos falando sobre suas marcas prediletas de cigarros. Outros profissionais de grande reputação eram contratados a “peso de ouro” para desacreditarem esses estudos. 

Um exemplo dos esforços que as indústrias de cigarro faziam para esconder esses problemas é mostrado no filme “O informante” (The insider), de 1999. A trama mostra os esforços de um produtor de TV para entrevistar um antigo executivo de uma dessas indústrias. Outra boa dica de filme com essa mesma temática é “Obrigado por fumar” (Thank you for smoking), de 2005.  

Em 1997, a indústria do fumo dos Estados Unidos sofreu uma gigantesca derrota jurídica em um processo movido por 40 Estados do país. Esses governos pediam uma indenização financeira como compensação pelos altos gastos com o tratamento médico de doenças associados ao fumo. Entre indenizações e multas, inclusive pela veiculação de propagandas falsas, o montante somou US$ 385 bilhões. 

O caso da ExxonMobil e, muito seguramente, de outras grandes empresas do ramo petrolífero, possui enormes semelhanças com a questão da indústria de cigarros – as empresas tinham estudos internos que mostravam o tamanho dos danos causados pela queima dos seus combustíveis fósseis e fizerem de tudo para varrer essas informações para “debaixo do tapete”. 

A questão é bem complexa e vai muito além dos grandes conglomerados empresariais privados. 

Grande parte das grandes empresas que atuam na exploração e refino do petróleo pertencem aos Governos de países. Um desses casos é a Petrobrás – Petróleo Brasileiro S.A., uma empresa de capital aberto que tem a maior parte do seu controle acionário nas mãos do Governo brasileiro. 

É impossível se admitir que esses Governos – que inclusive possuem ministérios e secretarias de meio ambiente, não soubessem dos problemas ambientais que estavam sendo criados pela produção e queima de combustíveis fósseis. 

Vou citar o exemplo da TotalEnergies, maior empresa privada do setor de petróleo da França e uma das maiores do mundo. A empresa foi fundada em 1924 numa associação de capitais privados e do Governo da França, que manteve sua participação na empresa, pelo menos, até o início da década de 1980. 

Mesmo sem uma participação direta como controlador dessas empresas, os Governos enxergam as petroleiras como empresas estratégicas para seus países e, direta ou indiretamente, exercem algum controle sobre suas atividades. Dessa forma, não há como deixar de creditar parte da responsabilidade (ou da culpa) do aquecimento global a esses Governos. 

Como sempre costumamos citar em nossas postagens, o Brasil é sempre colocado na posição de grande vilão dos problemas climáticos globais por causa das “queimadas e da destruição da Floresta Amazônica”. Um dos nossos principais “opositores” é, por mera coincidência, o Presidente da França – Emmanuel Macron

Diante da manifestação do secretário-geral da ONU – Organização das Nações Unidas, gostaria de ouvir alguma manifestação do Sr. Macron sobre a participação da França e de sua empresa petrolífera – a TotalEnergies, na questão do aquecimento global. 

Melhor que puxemos uma boa cadeira e que sentemos para esperar uma resposta… 

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