De acordo com a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias, a irrigação é um método artificial de aplicação de água na agricultura, cujo principal objetivo é viabilizar os cultivos nos locais onde a escassez de água limita a atividade agrícola. A aplicação da água pode ser feita das seguintes formas: total, suplementar, com déficit hídrico e de salvação.
Irrigação total é aquela onde toda a água necessária para atender a demanda hídrica das culturas é aplicada via irrigação; Irrigação suplementar ocorre quando é necessário compensar as perdas de água das chuvas que evaporaram com o calor; Irrigação com déficit ocorre quando se planeja atender somente uma fração da demanda hídrica da cultura e irrigação de salvação quando se planeja irrigar somente num período relativamente curto ou em um estágio do cultivo. Todas essas técnicas de irrigação são o resultado de milhares de anos de experiência da humanidade com o cultivo da terra em diferentes solos e climas.
Foram desenvolvidas diferentes técnicas de irrigação ao longo das diferentes épocas. As mais usadas atualmente são:
Irrigação de superfície: a água é aplicada de forma concentrada, em sulcos de irrigação abertos paralelamente às fileiras das plantas. É um método que apresenta baixa eficiência no uso da água. É recomendado apenas para situações específicas de solos de textura médio-argilosa e topografia plana. Essa é a técnica mais tradicional, que vem sendo usada desde a antiguidade, normalmente utilizada por pequenos produtores. A água corre pelos sulcos usando a força da gravidade ou usando sistemas elementares de bombeamento: manual, por tração animal ou por “moinhos” de vento;
Irrigação por aspersão: a água é aplicada por emissores chamados de aspersores, que possuem bocais, por onde a água é aspergida sob pressão, em forma de uma chuva artificial. Os aspersores são conectados por conjuntos de tubulações a uma bomba centrífuga, responsável pela pressurização do sistema. É um método que apresenta uma eficiência de aplicação de água em torno de 70% a 80%. Técnica utilizada largamente em grandes plantações industriais;
Irrigação localizada: a água é aplicada de forma localizada, próxima às fileiras das plantas. O sistema de irrigação mais utilizado é o gotejamento subsuperficial, no qual as linhas gotejadoras são enterradas a uma profundidade de 25 centímetros, entre as fileiras duplas das plantas. Apresenta elevada eficiência de aplicação de água – 90% a 95 %. Como desvantagem, apresenta elevado investimento inicial com a aquisição das linhas gotejadoras, tubulações, filtros e acessórios, sendo por isso ainda pouco utilizada.
Além dos problemas de eficiência no uso da água nos sistemas de irrigação, onde ocorrem perdas por infiltração no solo e evaporação, existem as inevitáveis falhas de operação, quando quantidades excessivas de água são bombeadas e aspergidas sobre as plantações, em volumes muito superiores às necessidades das plantas. Problemas de falta de manutenção nos equipamentos e vazamentos de água nas tubulações entre o corpo d’água e a plantação também são muito frequentes.
A raiz principal para esse uso abusivo de água é que, diferentemente dos usos urbanos onde há um hidrômetro medindo cada gota que entra no imóvel (algumas vezes, por falta de manutenção, esses aparelhos medem acima do uso real), os usos em agricultura e pecuária, normalmente, não possuem nenhum tipo de sistema de controle dos volumes de água utilizados na irrigação. Sem nenhum custo para o produtor, não há cuidados e controles na quantidade de água utilizada e o desperdício acaba acontecendo. Como o volume de água de um lago, açude, rio ou riacho não é infinito, sempre poderá existir algum usuário, no campo ou na cidade, que ficará com as torneiras ou bombas de irrigação secas por falta de água.
Vamos continuar falando deste tema no próximo post.