UNIÃO EUROPEIA LIBERA A COMERCIALIZAÇÃO DE FARINHA DE GRILO E OUTRAS PROTEÍNAS A BASE DE INSETOS

A partir desta terça-feira, dia 24 de janeiro, está liberada a comercialização de farinha de grilo (Acheta domesticus), parcialmente desengordurada, em países membros da União Europeia. O alimento vem se juntar a outros insetos e subprodutos já liberados para venda como alimento humano. 

Em junho de 2021, a União Europeia já havia liberado a venda da larva-da-farinha-amarela (Tenebrio molitor) na forma seca. Em março de 2022 foi autorizada a venda de grilos em pó, congelados ou seco, e também do gafanhoto-migratório (Locusta migratoria). A partir do próximo dia 26, estará liberada a venda de larvas de farinha (Alphitobius diaperinus) congeladas, em pasta, secas e em pó. 

Pode até parecer brincadeira que um blog especializado em educação ambiental divulgue esse tipo de notícia. Não é brincadeira e a questão tem tudo a ver com questões ambientais. 

Questões ligadas às mudanças climáticas e ao aquecimento global tornaram-se bastante frequentes aqui em nossas postagens. Esses graves problemas ambientais estão ligados diretamente as emissões dos famosos GEE – Gases de Efeito Estufa. Entre esses gases sempre destacamos o Dióxido de Carbono (CO2) e o metano (CH4). 

A queima de combustíveis fósseis derivados de petróleo como a gasolina, o querosene e o óleo diesel, além do carvão mineral, geram grande parte dos GEEs. Também é preciso incluir na lista de poluidores a agricultura e a criação de animais, entre outras atividades. 

Animais domésticos como bovinos, suínos, ovinos e caprinos, entre outros, liberam grandes volumes de gás metano durante o seu processo digestivo. Além disso, necessitam de grandes volumes de alimentos na forma de ração, atividades que também liberam gases de efeito estufa. 

Para aumentar o tamanho do problema, o mundo está entrando em uma fase crítica na produção de alimentos. Conforme já tratamos em outras postagens, a invasão da Ucrânia pela Rússia no ano passado desencadeou uma grande crise na produção de alimentos. A Ucrânia e a Rússia, citando um único exemplo, respondem por 1/3 da produção mundial de trigo. 

Muitos ecologistas defendem o fim do consumo de produtos de origem animal como carne e leite como forma de reduzir as emissões globais de GEEs. Em seu lugar, esses grupos (entre os quais eu não me incluo) defendem o consumo de alimentos à base de insetos como fonte alternativa de proteínas. 

Segundo esses “especialistas”, a criação de insetos como fonte de alimentos apresenta um custo muito menor que o das proteínas tradicionais de origem animal. Essas atividades também produzem emissões de gases de efeito estufa bem menores. O maior problema para adoção em larga escala dessas “proteínas alternativas” é de ordem cultural. 

Aqui na região do Vales do Rio Paraíba, no interior do Estado de São Paulo, muita gente se esbalda com a farofa de içá, uma iguaria que tem como ingrediente o abdome de formigas saúvas ou tanajuras. Essas populações herdaram o costume dos antigos indígenas que habitavam a região e vem o alimento com muita naturalidade. 

Na China e em países do Sudeste Asiático também é muito comum o consumo de insetos. Nos mercados populares não é nada difícil encontrar petiscos como espetinhos de grilo e gafanhotos, grilos fritos (vide foto), além de outros pratos onde algum tipo de inseto faz parte dos ingredientes. 

Uma outra citação rápida são as larvas de palmeira, uma iguaria muito apreciada por populações da Malásia, Nigéria, Papua Nova Guiné, além de muitas tribos indígenas aqui das Américas. As larvas são retiradas de troncos de palmeira apodrecidos. Segundo os apreciadores, as larvas cruas tem gosto de coco e, quando fritas, gosto de bacon. 

Aliás, existe um ramo da ciência conhecido como entomofagia que se dedica ao estudo de insetos que podem ser usados na alimentação humana. Segundo os levantamentos mais recentes existem cerca de 1.500 espécies de insetos comestíveis, que são consumidos por quase 3 mil grupos étnicos em mais de 120 países.  

Os grupos de insetos comestíveis mais populares são o dos coleópteros (besouros), com cerca de 443 espécies, seguido pelos himenópteros (vespas, abelhas e formigas), com 307 espécies, e pelos ortópteros (gafanhotos e grilos), com 235 espécies.  

De acordo com diversos estudos realizados por especialistas, esses insetos fornecem quantidades satisfatórias de proteínas e lipídeos, além de serem ricos em sais minerais e vitaminas. Na opinião desses cientistas, é essencial mudar os hábitos das populações e as ideias a respeito do consumo de insetos na alimentação diária.  

Os esforços da União Europeia visam a popularização desses alimentos “ecologicamente sustentáveis”. Visto que muitos europeus já estão habituados a consumir alimentos para os quais nós brasileiros costumamos torcer o nariz – cito como exemplo o escargot (que em Portugal é mais conhecido como caracol), talvez essa mudança de hábitos alimentares seja mais fácil. 

Para nós brasileiro e outros sul-americanos, acostumados que estamos a um bom churrasco ou parrilla de carnes de animais, uma suculenta feijoada ou uma moqueca de peixe, será bem mais difícil imaginar que uma mudança desse tipo venha a acontecer. 

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