FUMAÇA DAS QUEIMADAS NO PANTANAL ATINGE AS REGIÕES SUL E SUDESTE 

Essas imagens mostram também o avanço da fumaça dessas queimadas para regiões cada vez mais distantes do bioma, com destaque para os Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Norte do Rio Grande do Sul. Regiões da Bolívia e do Paraguai também estão sendo atingidas pela fumaça. 

De acordo com informações do LASA – Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais, da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, mais de 1 milhão de hectares do Pantanal já foram consumidos neste ano. Essa área é três vezes maior do que foi perdido no bioma em 2022. 

Dados do INPE mostram que o bioma teve 3.024 registros de focos de incêndios apenas nos primeiros 15 dias desse mês de novembro. Além da emissão de grandes volumes de fumaça, o avanço dessas queimadas ameaça uma das maiores biodiversidades de nosso país. 

O Pantanal Mato-grossense é uma das maiores planícies alagáveis do mundo – em anos de cheias excepcionais, a área alagada se aproxima dos 250 mil km², o que equivale a 3% do território brasileiro ou a uma área equivalente ao Estado de São Paulo. Esse imenso “território das águas” se estende pelo Sudoeste do Estado de Mato Grosso e Oeste do Mato Grosso do Sul, englobando também áreas no Paraguai e na Bolívia – nesses países é conhecido como El Chaco

Nesse ambiente todo especial, a vida pulsa intensamente por todos os cantos. Já foram catalogadas mais de 650 espécies de aves, 80 espécies de mamíferos, 50 espécies de répteis e mais de 260 tipos diferentes de peixes. A vegetação combina espécies da Floresta Amazônica, do Cerrado e da Mata Atlântica, além de uma infinidade de espécies endêmicas, adaptadas para a vida nesta grande área alagável.   

Muitos dos leitores devem se lembrar da enorme repercussão internacional que esse fenômeno desencadeou por todo o mundo. Destaco a fala do Presidente da França, Emmanuel Macron, que disse com todas as letras que “a nossa Amazônia está sendo transformada em cinzas”. 

Também precisamos relembrar de “figuras” como Greta Thunberg, Leonardo di Caprio e Cristiano Ronaldo, que fizeram postagens nas mídias sociais e falaram muito sobre a destruição do “pulmão do mundo”. 

A situação atual das queimadas na Amazônia e no Pantanal Mato-grossense é ainda pior do que naquele ano – onde estão as vozes desses defensores do meio ambiente? 

QUEM DIRIA – UMA TEMPESTADE DE AREIA EM MANAUS 

“… Enquanto enchia o pote com a valiosa água, o jovem contemplou a silhueta das imensas dunas no horizonte que começavam a se destacar com a chegada da luz da manhã– a jornada com sua tropa através do deserto não seria nada fácil. Os dias de viagem seriam muitos, enfrentando o calor escaldante e a secura do deserto de Marajó.” 

Essa é uma das frases iniciais de um conto de ficção ambiental que escrevi há alguns meses atrás para um concurso literário de uma organização ambientalista internacional. A trama, que tem o título de “Muiraquitã”, se passa em meados do século XXII, na região onde hoje encontramos a Ilha do Marajó. Mudanças climáticas levaram ao sufocamento da floresta e dos rios por imensas dunas de areia. 

Uma notícia dos últimos dias mostrou que essa “profecia do capadócio”, lembrando aqui do genial escritor Fernando Sabino, não está tão longe de se confirmar. A cidade de Manaus, localizada no coração da Floresta Amazônica, foi surpreendida por uma tempestade de areia no início dessa semana. 

Esse tipo de tempestade é relativamente comum em áreas semiáridas e desérticas de todo o mundo. Fortes rajadas de vento levantam a poeira fina dos solos desnudos e lançam esse material particulado a longas distâncias. Em filmes coma “A Múmia” e “Missão Impossível” você vai encontrar boas representações desse fenômeno climático. 

Agora, imaginar uma tempestade de areia no meio da Amazônia só seria possível através de obras de ficção científica. Existe, porém, uma explicação bastante simples para o fenômeno – a fortíssima seca que se abateu na região nos últimos meses. 

Ou seja – a tempestade de areia que se abateu sobre Manaus foi algo bem excepcional e, conforme as chuvas voltem a cair na região da Bacia Amazônica, as coisas devem voltar à normalidade. 

Entretanto, é bom deixar um alerta, mudanças climáticas globais poderão alterar fortemente o ciclo de chuvas na Amazônia e fenômenos desse tipo poderão se tornar cada vez mais frequentes. Quiçá nunca chegue ao ponto de transformar parte da região em um deserto de dunas de areia. 

O nosso planeta é, essencialmente, uma entidade “viva” e em constante mudança. E nós, seres humanos, estamos dando uma “forcinha” para que a Terra mude de forma cada vez mais acelerada… 

TEMPESTADE DEIXOU 2,5 MILHÕES DE PAULISTANOS ÀS ESCURAS 

Na última sexta-feira, dia 3 de novembro, a Região Metropolitana de São Paulo foi castigada com uma fortíssima tempestade de verão. Além da intensa chuva, essa tempestade foi acompanhada de fortíssimos ventos. Centenas de árvores caíram por todos os cantos, afetando o fornecimento de energia elétrica e bloqueando ruas e avenidas – um pacote completo de transtornos. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, foram registrados mais de 1.280 atendimentos de chamadas relatando a queda de árvores na Região Metropolitana até a meia-noite do dia 3. Também foram notificados 46 casos de desabamentos e dois incidentes de enchentes. Cerca de 2,5 milhões de pessoas ficaram sem o fornecimento de energia elétrica. 

Uma dessas árvores, inclusive, caiu literalmente sobre a minha cabeça. Quando a chuva começou, eu e o pessoal da obra que estou coordenando nos abrigamos sob o telhado da churrasqueira do imóvel. Poucos minutos depois sentimos o estrondo de uma árvore caindo sobre as telhas – a foto que ilustra esta postagem mostra justamente esse incidente. Felizmente, foi só um enorme susto e os danos na estrutura foram mínimos.  

De acordo com informações da Enel, distribuidora de energia elétrica que atende grande parte dos municípios da Região Metropolitana de São Paulo, cerca de 1 milhão de imóveis tiveram o fornecimento restabelecido até o início da manhã desse domingo, dia 5 de novembro. Segundo a empresa, a normalização total do fornecimento só será completada até a próxima terça-feira, dia 7. 

E foram justamente as quedas de árvores a principal causadora de tantos transtornos. A maior parte da rede elétrica na Região Metropolitana é do tipo aérea, onde a fiação é sustentada por postes. Com a queda das árvores, essa fiação é derrubada. Além de todo o trabalho para cortar e remover as árvores, é preciso reinstalar postes e refazer as ligações elétricas. 

Infelizmente, os incidentes com as árvores causaram tragédias maiores que a falta de energia elétrica. No bairro de Pinheiros, que fica na Zona Oeste da cidade de São Paulo, um carro com 5 passageiros foi atingido por uma dessas árvores e 2 desses passageiros morreram. No total, o temporal deixou 7 mortos no Estado de São Paulo. 

De acordo com o CGE – Centro de Gerenciamento de Emergências, da Prefeitura de São Paulo, a tempestade foi acompanhada de ventos com velocidades superiores a 100 km/hora, os mais fortes registrados desde 1995 na cidade. 

Conforme tratamos com bastante frequência nas postagens aqui do blog, as cidades brasileiras não estão preparadas para a temporada das chuvas. São Paulo, a maior cidade do país, é um dos casos mais visíveis dessa falta de infraestrutura – e esse é um problema multissecular na cidade. 

Além dos problemas criados pelas enchentes, alagamentos e desmoronamento de encostas, os fortes ventos que acompanham essas chuvas estão ficando cada vez mais fortes, o que vem aumentando o tamanho dos estragos. 

A arborização é importantíssima em uma cidade grande como São Paulo. As árvores ajudam a amenizar o calor concentrado nas grandes estruturas de concreto e no asfalto das vias. As plantas também ajudam a melhorar a qualidade do ar. 

Essas árvores precisam de podas frequentes e cuidados especiais contra insetos e outras pragas que afetam a saúde das plantas, cuidados que deixam muito a desejar. Outro problema comum por aqui foi o plantio de espécies inadequadas e com sistemas de raízes grandes demais para as nossas calçadas. 

Na temporada das chuvas esses problemas pipocam por todos os lados. Esse último temporal deixou isso bem claro para todos nós.