Na última postagem falamos resumidamente do processo de formação dos solos, onde foi apresentado como exemplo a erupção do vulcão havaiano Kilauea (vide foto), um dos vulcões mais ativos do mundo, e que está derramando diariamente grandes quantidades de lava sobre o solo e formando grandes campos rochosos, inclusive avançando contra o oceano.
Esses campos de rocha estéril, pouco a pouco, passarão a apresentar fragmentação e desfolhamento das camadas mais superficiais pela ação do sol, das chuvas, dos ventos e da pressão atmosférica, entre outras forças; colônias de líquens se fixarão nessas rochas e começarão a produzir pequenas quantidades de matéria orgânica, que irão se misturar aos detritos das rochas e formar solo fértil: dentro de alguns milhares de anos, esses campos rochosos estarão cobertos por uma camada generosa de solo fértil e por uma densa floresta. Num resumo bem resumido, é assim que surgem os solos férteis.
Destaco a importância da água no processo da formação dos solos – a chuva é uma das forças da natureza que provoca a erosão e a fragmentação das rochas, produzindo partículas de argila, silte e areia, entre outros importantes minerais, que determinarão as características estruturais dos solos. Na gênese dos solos, esses minerais se misturarão com a matéria orgânica produzida inicialmente pelos líquens, onde a água será o elemento que dissolverá e distribuirá esses componentes.
Por fim, depois de formados, os solos passam a funcionar como uma espécie de esponja, armazenando quantidades substanciais de água, água essa que nutrirá a vegetação. Essa mesma água que foi tão fundamental no processo de formação dos solos e nutrição de todas as formas de vida que vivem nas formações vegetais que ali se desenvolveram, também pode se transformar numa grande vilã: a remoção da cobertura vegetal de uma determinada região, por exemplo para a formação de campos agrícolas, pode desencadear processos erosivos e destruir em poucos anos todo um trabalho milenar de criação dos solos.
Deixem-me apresentar um exemplo prático: as famosas terras roxas que se estendem desde a região Oeste do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul, com alguns trechos na Argentina e no Paraguai, foram originadas há milhões de anos atrás a partir de um fenomenal derramamento vulcânico, mais conhecido como Derrame de Trapp ou Trapp do Paraná. A terra roxa é considerada um dos solos mais férteis do Brasil. Os solos são profundos, com elevado teor de ferro e macronutrientes, com grande potencial para o desenvolvimento de coberturas vegetais densas. Dentro do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, a terra roxa é classificada como Latossolos Vermelhos e Nitossolos Vermelhos.
O Derrame de Trapp teve início quando o Supercontinente de Gondwana começou a se romper. Essa formação continental era formada pela América do Sul, África, Antártica, Ilha de Madagascar, Índia (o famoso subcontinente indiano), Austrália, Nova Zelândia, Nova Caledônia e algumas outras ilhas. Esse evento teve início há cerca de 165 milhões de anos e, ainda hoje, esses “fragmentos” de Gondwana ainda se movem (pesquise Tectônica de Placas).
Com o início da ruptura continental, dezenas de vulcões entraram em erupção simultaneamente – um dos períodos de maior intensidade das erupções aconteceu no Período Cretáceo, entre 137 e 127 milhões de anos atrás. Na América do Sul, os derramamentos de lava, calculados em 650 mil km³, cobriram uma área de aproximadamente 1,2 milhão de km², especialmente na região onde encontramos hoje a bacia hidrográfica do rio Paraná. Em Angola e na Namíbia, países do Sudoeste da África, também se encontram rochas de origem vulcânica associadas ao Derrame de Trapp.
Eu fiz questão de falar desse grande evento vulcânico, que está na origem da formação dos solos de terra roxa, para chamar a atenção de todos para o tempo total decorrido: foram várias dezenas de milhões de anos entre o resfriamento dos derrames vulcânicos de Trapp e a formação dos solos de terra roxa, tão fundamentais para a agricultura de São Paulo e dos Estados do Sul do Brasil.
E todo esse patrimônio ambiental sofre constantemente devido ao mal-uso que fazemos dos solos: de acordo com estudos do Instituto Agronômico de Campinas, estima-se que para cada hectare cultivado aqui no Brasil (relembrando: 1 hectare equivale a uma área de 10 mil m²) há uma perda de 25 toneladas de solo arável por erosão; isso significa uma perda anual de 1 bilhão de toneladas ou uma camada de 1 cm do solo de todo o país. Nessa conta se incluem as terras roxas, solos de massapê, de Cerrado, Amazônicos, entre outros. É um uso absolutamente insustentável que estamos vendo em nossas terras.
E para onde vão esses solos erodidos?
Para o leito dos nossos rios, que ficam entulhados e assoreados, prejudicando o abastecimento das populações, a biota aquática, os transportes fluviais e, especialmente, o uso pela agricultura, que é a maior consumidora de água do país e do mundo.
Como se vê, os solos e a água estão intimamente ligados.
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