ANTÁRTIDA: A ÚLTIMA FRONTEIRA PARA A EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO? 

A Antártida ocupa uma área total com cerca de 14 milhões de km² e é considerado o continente mais gelado do nosso planeta. Pode até não parecer, mas, há cerca de 65 milhões de anos a Antártida, a Austrália e a Nova Guiné formavam um único bloco de terras e possuía um clima entre o tropical e o subtropical. Também existiu por muito tempo uma ponte de terra que fazia a ligação com a América do Sul. 

Só para relembrar, a América do Sul, a Antártida, a África, a Ilha de Madagascar, a Índia, a Austrália, a Nova Zelândia e Papua Nova Guiné, entre outras ilhas menores, formavam um único supercontinente – Gondwana. Há cerca de 160 milhões de anos Gondwana começou a se fragmentar e os seus “pedaços” começaram a ser espalhados pelos quatro cantos do mundo por conta de forças tectônicas (pesquise Tectônica Global). 

Essa extensa região formada pela Antártida e a Austrália era coberta por densas florestas, com muitos lagos e rios, abrigando uma diversificada flora e fauna, especialmente de marsupiais. Essa situação começou a mudar há cerca de 40 milhões de anos quando a área correspondente a Antártida se separou do resto do bloco e passou a conviver com o gelo. 

Por volta de 23 milhões de anos atrás surgiu a Passagem de Drake, um trecho de oceano que separa a América do Sul da Antártida. Essa mudança levou ao aparecimento da Corrente Circumpolar Antártica, que passou a bloquear as correntes de água quente que vinham das áreas tropicais e levou o continente a ficar com 98% de sua superfície coberta por um grosso manto de gelo. 

Como resultado dessa longa e tumultuada história geológica e biológica, a Antártida possui enormes reservas de petróleo em seu subsolo. Para ser mais preciso, especialistas estimam a existência de um volume de 200 bilhões de barris de petróleo “perdidos” por lá. Muita gente gostaria de explorar todo esse óleo.  

Para a felicidade geral de todos essa exploração de petróleo no bioma Antártico, juntamente com a mineração, foi proibida pelo Tratado da Antártida, um acordo internacional assinado em 1959 pelos países que reclamavam a posse de partes continentais da região. Pelo acordo, o território só pode ser usado para pesquisas científicas. 

Conforme já tratamos em outras postagens, a exploração do petróleo é uma atividade altamente complexa e que envolve enormes riscos ao meio ambiente. Um exemplo desse tipo de risco que é sempre lembrado é o acidente com o navio petroleiro Exxon Valdez no Alasca em 1989

O Alasca é o maior Estado norte-americano e tem a maior parte do seu território dentro do Círculo Polar Ártico, uma região com características muito similares a Antártida. Apesar da grande pressão internacional, o norte-americanos vem mantendo a exploração de petróleo em áreas não protegidas no Alasca há várias décadas. 

A polêmica começou no final da década de 1960, quando foi descoberta a maior reserva de petróleo dos Estados Unidos no Extremo Norte do Alasca. Desde então, as grandes companhias petrolíferas dos Estados Unidos começaram a encontrar brechas na legislação a fim de explorar todo esse óleo. Até o momento, áreas protegidas e parques nacionais tem conseguido ficar livre dessa exploração 

Um dos principais terminais para o escoamento da produção petrolífera do Alasca era o Porto de Valdez, localizado no Sul do Estado. Foi dali que partiu o petroleiro Exxon Valdez no dia 24 de março de 1989. Após ser carregado com mais de 400 mil toneladas de petróleo, O Exxon Valdez saiu do Porto e se dirigiu para as águas abertas do Oceano Pacífico através do complicado Golfo do Alasca. 

Passavam poucos minutos da meia noite quando a embarcação atingiu um bloco de recifes submersos, o que rasgou o casco simples do petroleiro (os atuais navios petroleiros são construídos com um casco “duplo”) e teve início um grande vazamento de óleo nas águas oceânicas. Ao longo das oito semanas seguintes ao acidente, uma grande mancha de óleo foi espalhada pelas fortes correntes oceânicas através de mais de 750 km, afetando aproximadamente 2 mil km da costa irregular do Sul do Alasca. Algumas das praias atingidas ficaram cobertas com uma grossa camada de piche com até 90 cm de espessura.     

A empresa Exxon, uma das maiores companhias petrolíferas do mundo e dona da embarcação, foi obrigada a mobilizar um verdadeiro exército para a contenção do vazamento e limpeza ambiental. Foram 11 mil homens, 1.400 embarcações, 85 aviões e milhares de máquinas e equipamentos para uso na sucção do óleo e lavagem de rochas. Os trabalhos se estenderiam até 1992, com um custo total na casa de US$ 2 bilhões.  

Entre as mais tristes lembranças desse acidente ficaram as imagens de animais cobertos de óleo sendo resgatados pelas equipes de limpeza. Esses animais eram lavados com solventes para a remoção do óleo e eram encaminhados para centros de tratamento intensivo e recuperação, coordenados por médicos veterinários e biólogos.  

Apesar de todos os cuidados médicos, os índices de mortalidade eram altíssimos.  De acordo com estimativas oficiais, a tragédia provocou a morte de mais de 260 mil aves marinhas, 2.800 lontras-marinhas, 250 águias e 22 orcas, além de dezenas de milhares de peixes, crustáceos e moluscos marinhos. 

Esse único exemplo mostra o tamanho dos riscos envolvidos numa eventual liberação da exploração de petróleo na Antártida. E os problemas não param por aí – o continente também é rico em reservas minerais além de carvão. 

Talvez algum dos leitores esteja se perguntando qual seria um país que se arriscaria numa eventual aventura de iniciar a mineração e a exploração de petróleo em uma terra tão inóspita. Eu posso dar a minha opinião sobre um provável candidato – a Argentina. 

O país reivindica ainda hoje uma grande área do continente Antártico, uma demanda que foi apenas “congelada” após a assinatura do Tratado da Antártida. Se qualquer um consultar um mapa da Argentina vai constatar que uma extensa área triangular do continente gelado aparece com a indicação de Antártida Argentina. 

Dificuldades técnicas para fazer esse tipo de exploração sob condições climáticas tão extremas poderiam ser resolvidas em poucos anos com pesados investimentos em novas tecnologias e materiais. Também já existem navios construídos especialmente para navegar nas águas geladas da região. Portanto, bastaria apenas uma brecha no Tratado para essa exploração ser iniciada. 

Em tempos de grandes preocupações com o aquecimento global e com a destruição de florestas tropicais, é importante que se lembre da preservação do inigualável continente Antártico. 

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