Em postagens anteriores, você já leu que o rio Guandu é o principal manancial de abastecimento da capital fluminense, fornecendo 85% das águas usadas pela cidade do Rio de Janeiro e 70% dos volumes utilizados para o abastecimento de municípios da Baixada Fluminense. Também já ficou sabendo que este é um dos rios mais poluídos do país. Agora, peço que você preste atenção nesta lista de compras de produtos químicos:
140 toneladas de Sulfato de Alumínio, 20 toneladas de Cloreto Férrico, 15 toneladas de Cloro, 25 toneladas de Cal Virgem, 10 toneladas de Ácido Fluossilícico (o famoso flúor) entre outros produtos químicos, usados tipicamente no tratamento de água para abastecimento de cidades.
Em muitas cidades, esse é o consumo mensal de produtos químicos utilizados nas suas estações locais de tratamento de água. Porém, na Estação de Tratamento de Água do Rio Guandu (vide foto), em Nova Iguaçu na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, esse é o consumo médio diário – em dias de chuva, devido ao aumento da quantidade de lixo e de esgotos carreados para o canal do rio, esse volume de produtos químicos pode até triplicar.
A poluição excessiva das águas do Rio Guandu está na origem desse uso “abusivo” de produtos químicos. Como é de praxe em praticamente todos os mananciais de abastecimento de água no Brasil, faltou gestão no saneamento básico em grande parte da bacia hidrográfica do Guandu: as cidades e as atividades agropecuárias e de extrativismo cresceram sem planejamento e rio acabou cercado de problemas ambientais por todos os lados. Calcula-se que, só de despejos de esgotos, a bacia hidrográfica do Rio Guandu receba uma carga diária de aproximadamente 4 bilhões de litros.
O Rio Guandu, como já comentado em publicações anteriores, é altamente dependente das águas do Rio Paraíba do Sul, do qual é retirado um volume equivalente até 60% das suas águas, que são transferidas através dos sistemas de geração de energia elétrica da Light para a sua bacia hidrográfica. Essa transferência de água corresponde ao volume de até 160 m³/s – estudos demonstram que, desse total, apenas 45 m³/s são utilizados para o consumo humano; o restante é usado para diluir o esgoto presente na água para “facilitar” o tratamento e para conter a entrada de água salgada no rio junto a foz na Baia de Sepetiba, onde se requer uma vazão mínima de 30 m³/s. Esse aparente desperdício de água é fonte de reclamações e de disputa judicial com os Estados vizinhos.
Para complicar um pouco mais a situação, a Região Metropolitana do Rio de Janeiro precisará aumentar a oferta de água para a população nos próximos anos. Na região Leste da Baía da Guanabara, onde vive uma população de quase 2 milhões de pessoas nos municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Ilha de Paquetá, o Macrossistema de Abastecimento local, o Imunama/Laranjal, produz uma vazão total de 6,2 m³/s de água tratada, o que é insuficiente para atender a demanda atual na casa de 11 m³/s. Estudos indicam que a demanda desta Região no ano de 2035 deverá atingir o valor de 14,2 m³/s – a soma do déficit atual com a demanda futura mostra que será necessário um aumento na vazão de 8 m³/s. Os rios locais não possuem vazão suficiente para permitir uma ampliação do Sistema e o rio Guandu se apresenta como um dos únicos mananciais em condições de oferecer mais água. Na área Oeste da Região Metropolitana, onde ficam os demais municípios como os da Baixada Fluminense e do Rio de Janeiro, entre outros, atendidos pelo Macrossistema Guandu/Lajes/Acari e outros Sistemas isolados, já existe um déficit entre a oferta e a demanda de água de 3,6 m³/s, além de existirem grandes áreas sem atendimento por abastecimento público, o que exige um aumento da capacidade de produção dos Sistemas.
Em meio a tanta demanda reprimida de água, há uma situação paradoxal: dados do PERHI – Programa Estadual de Recursos Hídricos do Rio de Janeiro, indicam que a perda de água na rede de distribuição, causadas por vazamentos nas tubulações ou desvios de água (os famosos gatos), chega aos 40% – se essa perda fosse reduzida em 30%, se aproximando da perda média nacional, a água economizada seria suficiente para abastecer uma população de 1,5 milhão de pessoas. A situação é tão crítica que algumas autoridades estaduais já sugeriram um aumento da captação de água na Represa de Ribeirão das Lajes (existe um sistema de adutoras que transporta água diretamente para a estação do Guandu), situação que exigiria um aumento na transposição de águas do rio Paraíba do Sul e voltaria a acirrar os conflitos com os Estados de São Paulo e Minas Gerais. A atual situação fiscal do Estado do Rio de Janeiro, infelizmente, impede que essa ou qualquer outra obra de grande porte possa ser discutida com profundidade ou que saia do papel – já os riscos de desabastecimento, esses aumentam a cada dia.
É fundamental que, enquanto não se realizem todas as obras necessárias para o aumentar a oferta de água potável na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que se façam esforços para melhorar a qualidade ambiental da bacia hidrográfica do rio Guandu. A consolidação da Área de Proteção Ambiental do rio Guandu (APA Guandu), por exemplo, criada por Decreto Estadual em 2007, precisa sair do papel e garantir a efetiva proteção e recuperação dos remanescentes florestais, protegendo e garantindo a qualidade das águas do rio Guandu. Também é importante proteger alguns aquíferos estratégicos como o Piranema em Seropédica.
Na situação atual, cada litro de água, mesmo “suja”, importa…
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