Contrariando muita gente, o Sistema Cantareira, em pleno inverno, tem mantido o seu nível estável e próximo dos 50% (ou 77% se incluirmos o famoso “volume morto” no cálculo) – se as previsões dos muitos autointitulados “especialistas” tivessem se confirmado, o Sistema seria hoje um grande mar de lama…
Vítima da maior seca dos últimos 80 anos, a Região Entre Serras e Águas, apresentada no meu último post, assim como metade do território brasileiro, sofreu imensamente com a falta de chuvas. Exemplo maior dessa estiagem foi a imagem da nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra em Minas Gerais, completamente seca. As represas do Sistema, sem receber a recarga proporcionada pelas chuvas e tendo que abastecer milhões de habitantes nas Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas, foram secando. As imagens da lama rachada em antigas áreas do fundo das Represas do Sistema Cantareira eram mostradas diariamente nos meios de comunicação – literalmente, fama e lama numa mesma imagem.
Para a felicidade da grande maioria da população, o último verão foi bastante chuvoso e as represas iniciaram um forte e longo processo de recuperação – a turma do “quanto pior melhor” sumiu do mapa.
Mas, afinal de contas, quem é esse famosíssimo Sistema Cantareira?
No início da década de 1960, a Secretaria de Planejamento chegou a conclusão que a Região Metropolitana de São Paulo necessitava de um maior volume de água para garantir o abastecimento local e realizou uma série de estudos visando encontrar novas fontes de abastecimento. Relatos históricos apontam que foram apresentadas duas opções: a do Sistema Cantareira, com produção de 33 m³/s de água a um custo à época de US$ 1 bilhão, e a do Juquiá (Vale do Ribeira), com produção de 70 m³/s de água a um custo de US$ 6 bilhões. A escolha recaiu sobre Sistema Cantareira, pois o projeto do Juquiá, além do alto custo de construção, implicaria em maiores gastos operacionais com sistemas de bombeamento d’água.
O Sistema Cantareira possui cinco reservatórios assim distribuídos: Jaguari, Jacareí, Cachoeira e Atibainha (na Bacia do Rio Piracicaba) e Paiva Castro (na bacia do Alto Tietê), além de uma pequena represa no alto da Serra da Cantareira, a Águas Claras. O Sistema foi projetado com as represas em altitudes diferentes em função da topografia da região. Graças a essas diferenças de altitude, o Sistema Cantareira utiliza a força da gravidade para conduzir as águas desde as represas de Jaguari e Jacareí, na região de Bragança Paulista, passando para as represas de Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro. Um sistema de túneis conduz a água até Estação Elevatória Santa Inês, que bombeia as águas para a represa de Águas Claras na Serra da Cantareira. De Águas Claras a água é enviada para a Estação de Tratamento do Guaraú, na zona norte da cidade de São Paulo. Após o tratamento, a preciosa água chega aos lares, indústrias, escritórios e comércios de grande parte da Região Metropolitana.
Apesar de ser considerado fundamental e estratégico em nossos dias, a decisão para a implantação do Sistema Cantareira foi tomada dentro de gabinetes, sem ouvir a população das cidades que receberiam os reservatórios e sem respeitar qualquer critério ambiental ou direitos das populações que viviam nas áreas que foram alagadas. Vale lembrar que na época em que foram iniciadas as obras – o final da década de 1960, o Brasil vivia sob um “regime de exceção” e todas as decisões estratégicas do “Brasil Grande” eram tomadas por oficiais militares de alta patente.
Também é fundamental esclarecer que, a exemplo de outras importantes represas como a Billings e a Guarapiranga na Região Metropolitana de São Paulo, as áreas de entorno das represas do Sistema Cantareira não receberam a devida atenção das autoridades e vem sofrendo há décadas com desmatamentos, crescimento desordenado das cidades, lançamento de esgotos sem tratamento em corpos de água e no solo, lixo e entulho descartados sem maiores cuidados entre outros problemas. Contratempos com reservatórios secos podem ser resolvidos ou amenizados com uma boa temporada de chuvas – já a degradação ambiental, essa só pode ser resolvida com muita vontade política e com recursos humanos e financeiros.
Esse assunto ainda vai render bastante.
[…] exemplo bastante didático de transposição entre bacias hidrográficas é o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de grande parte da Região Metropolitana de São Paulo. O Sistema […]
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[…] ocasião, os reservatórios do Sistema Cantareira simplesmente secaram, entrando no chamado “volume morto“. Para quem não conhece, este Sistema responde pelo abastecimento de metade da população […]
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[…] toda a população a um fortíssimo “racionamento” no consumo. A expressão “volume morto” surgiu naquele momento e entrou em definitivo para o inconsciente coletivo de todos os […]
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[…] seu comportamento em relação ao desperdício e uso abusivo da água. Aqui no Brasil, enfrentamos situações muito parecidas em várias regiões e, infelizmente, não aprendemos muita coisa. – as […]
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[…] contar com fontes confiáveis para o abastecimento de água. Na recente seca de 2015, quando o Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento da Região Metropolitana, literalmente secou, foram as […]
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[…] correm para o Sul na direção do Estado de São Paulo. Esses rios estão entre os formadores do Sistema Cantareira, o principal manancial de abastecimento das regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas. […]
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[…] de reservatórios estão ligeiramente abaixo da média, o que causa muita preocupação. O Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento das Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas, […]
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[…] Cantareira foram realizadas obras que permitiram a captação da água localizada no chamado Volume Morto, uma reserva que está abaixo do nível normal de […]
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[…] pelos próximos 6 meses“, o que deixa muita pouca margem para situações de emergência. O Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo, pode […]
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[…] Metropolitana do Rio de Janeiro. Assim como acontece em outras grandes regiões metropolitanas como São Paulo, Nova York e Los Angeles, os mananciais de água ficam a centenas de quilômetros de distância e […]
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[…] Na recente crise hídrica que assolou o Estado de São Paulo a partir de 2014 e que comprometeu os Sistemas Cantareira e Alto Tietê de abastecimento de água, coube à Represa de Guarapiranga assumir temporariamente o […]
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[…] ocupando grandes manchetes em telejornais e jornais entre os anos de 2014 e 2016, época em que uma seca sem precedentes se abateu na região e levou a uma gravíssima crise hídrica. No auge dessa crise, o Sistema Cantareira entrou no chamado “Volume Morto”, formado por […]
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[…] dezembro, porém, o Sistema chegou a operar em 34% da sua capacidade, o mais baixo nível desde a grande crise hídrica que assolou os paulistanos entre os anos de 2014 e 2015. As lembranças traumáticas daqueles meses […]
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