
Líderes mundiais, empresários, ambientalistas e jornalistas de todo o mundo estão reunidos em Glasgow, na Escócia, para os trabalhos da COP26 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021. Um dos pontos centrais dessa edição do encontro são as mudanças climáticas.
Imagino que a maioria dos leitores esteja acompanhando os noticiários e que tenha consciência dos imensos problemas ambientais que estão sendo criados pelo aumento das temperaturas em todo o planeta. Calotas polares e geleiras em altas cadeias montanhosas estão derretendo, as chuvas estão se tornando escassas em algumas regiões e excessivas em outras, o nível dos oceanos está subindo, entre muitos outros problemas.
Na raiz de todos estes problemas estão as ações humanas, especialmente a emissão maciça de grandes volumes de gases de efeito estufa. Altas concentrações de alguns desses gases na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO2), o Metano (CH4), o Óxido Nitroso (N2O) e o Hexafluoreto de Enxofre (SF6), intensificam o efeito estufa, um fenômeno natural, e produzem um aumento das temperaturas na superfície da terra.
Entre as principais fontes emissoras de gases de efeito estufa destacamos a queima do carvão mineral, principalmente em usinas termelétricas. Conforme comentamos na postagem anterior, grande parte da população de nosso planeta, especialmente a que vive nas áreas urbanas, depende da eletricidade para o seu dia a dia.
Um exemplo dos problemas criados pela queima do carvão, além da extrema dependência da eletricidade e dos enormes problemas criados para a sua geração é o que encontramos na cidade de Ulan Bator, a capital da Mongólia. A cidade é considerada uma das mais poluídas do mundo.
A Mongólia possui um território com mais de 1,5 milhão de km², com grandes extensões de estepes, desertos e montanhas, e está localizada entre o Norte da China e a região siberiana da Rússia. Apesar do seu imenso tamanho, a Mongólia possui menos de 3 milhões de habitantes. A capital do país é Ulan Bator (ou Ulaanbaatar), cidade que tem 1,45 milhão de habitantes, metade da população total do país. Cerca de um terço dos atuais mongóis vive da mesma forma que seus antepassados como nômades e seminômades, cuidando de seus rebanhos de carneiros e cavalos.
O grande momento na história da Mongólia se deu a partir da ascensão de Gengis Khan (1162-1227) à liderança das diferentes tribos em 1206. Comandando milhares de implacáveis guerreiros/cavaleiros, Gengis Khan conquistou rapidamente enormes extensões de terras para os mongóis, formando o maior império com terras contíguas da história. O Império Mongol (1206-1368) se estendia desde as estepes da Ásia Central até a Europa Central e Oriente Médio a Oeste, ao Norte da Sibéria e a Leste até o Mar do Japão.
Ao Sul, englobava uma faixa de terras entre o antigo Império Persa (atual Irã) e a Indochina, região do Sudeste Asiático formada pelo Vietnã, Laos, Camboja, Tailândia e Myanmar. Os domínios dos mongóis também incluíam o Subcontinente Indiano, onde se incluem os territórios atuais da Índia, Paquistão e Bangladesh. Passado esse breve momento histórico de glória, os mongóis se recolheram ao seu grande território e, muito raramente, notícias vindas daquela região circulam pelo mundo ocidental.
Sem contar com caudalosos rios para a construção de grandes complexos hidrelétricos e sem ter recursos para investir em centrais de energia nuclear, a Mongólia se vale das grandes reservas de carvão mineral do país para a geração de energia elétrica e para aquecimento doméstico nos rigorosos invernos do país. As médias térmicas nessa época oscilam entre -20° C e -40° C. A temperatura média anual é -2,4 ° C.
Diversas centrais de geração térmica a carvão foram construídas ao longo dos anos ao redor do núcleo urbano de Ulan Bator com o objetivo de garantir o fornecimento de energia elétrica para a população. Como é usual nesses empreendimentos, a proximidade entre essas centrais geradoras e os consumidores evitou a construção de longas e dispendiosas linhas de transmissão, como é o caso das usinas hidrelétricas aqui no Brasil.
Entretanto, com o crescimento acelerado da mancha urbana, muitas dessas usinas termelétricas acabaram sendo “engolidas” pela cidade, colocando populações em contato direto com os poluentes gerados pela queima do carvão (vide foto).
A população também sofre com os gases liberados pela queima do carvão usado no aquecimento das casas e tendas. Cerca de metade dos habitantes de Ulan Bator são antigos nômades e seminômades que foram obrigados a desistir de seu modo de vida tradicional e acabaram por migrar para a cidade grande em busca de melhores condições de vida – essa população mora nas mesmas tendas que usavam nos tempos do nomadismo.
As mudanças climáticas globais já mostram seus efeitos na Mongólia, onde a temperatura média já subiu 2,2° C nas últimas décadas. O clima ficou mais chuvoso em algumas épocas do ano e mais seco em outras, o que tem inviabilizado as tradicionais atividades de pastoreio de ovelhas, cabras e cavalos.
Esses recém chegados das estepes buscam terrenos livres nas colinas ao redor de Ulan Bator, onde montam suas tendas típicas, as iurtas. Sem acesso a lenha para queimar em suas fornalhas tradicionais, esses migrantes se valem da queima do carvão mineral, um produto barato e facilmente encontrado com vendedores de rua. Os habitantes dos gers, assentamentos formados pelas barracas tradicionais, já correspondem a cerca da metade do número total de habitantes da capital mongol.
De acordo com números do Governo Central, a queima de carvão mineral pelos habitantes dos gers é responsável por cerca de 80% da poluição de Ulan Bator. Nos meses de inverno, quando há um expressivo aumento da queima de carvão, os níveis de poluição de ar na cidade atingem níveis estratosféricos. Medições da concentração de partículas finas em suspensão no ar – os chamados PM2.5, tem atingido a impressionante marca de 999 partículas por metro cúbico de ar. Essa medição só não atinge valores maiores porque os medidores locais só marcam 3 dígitos.
Conforme já comentamos em postagens anteriores, a OMS – Organização Mundial da Saúde, recomenda como limite máximo uma concentração de 25 partículas de poluentes para cada metro cúbico de ar. A OMS declarou em 2013 que 10% das mortes registradas na cidade estavam diretamente relacionadas com a poluição do ar. Um estudo anterior feito pela entidade já havia afirmado que entre 2004 e 2008 houve um aumento de 45% nos casos de doenças respiratórias. De acordo com o Banco Mundial, a situação caótica de Ulan Bator provoca um gasto adicional ao sistema de saúde da ordem de US$ 1 bilhão por ano.
Ulan Bator é uma espécie de microcosmo, que resume bem o que está acontecendo como o nosso planeta. Imensos volumes de carvão estão sendo queimados diariamente, em especial em usinas termelétricas, e lançando milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera.
O conforto e a qualidade de vida que a energia elétrica traz às nossas vidas tem um altíssimo custo ambiental. Uma das melhores formas de combatermos o aquecimento global e seus danosos efeitos é encontrar, rapidamente, fontes alternativas e renováveis para a geração de energia elétrica.
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