PORTUGAL JÁ TEM UM “SERTÃO” PARA CHAMAR DE SEU 

Uma postagem rápida. 

Reservatórios de água e açudes secos, dificuldades para o abastecimento de cidades, agricultores e pecuaristas penando para conseguir água para irrigar suas plantações e dessedentar seus animais. Essas imagens, que lembram muito as temporadas de estiagem mais forte no nosso Sertão Nordestino, são das secas que vem assolando muitas regiões de Portugal com uma frequência cada vez maior. 

A imagem que ilustra essa postagem é bastante didática. Ela mostra o solo esturricado do antigo fundo de um reservatório seco – a ponte de pedra em arcos no fundo não deixa dúvida que a cena é em Portugal. 

De acordo com informações relativas ao último mês de outubro do IPMA – Instituto Português de Mar e Atmosfera, o serviço nacional meteorológico, sísmico e oceanográfico do país, cerca de 40% do território continental de Portugal apresentou chuvas fracas, 31,8% chuvas normais, 13.6% com seca fraca, 11,6% com seca moderada e 3% com seca severa

Entre as regiões classificadas com seca severa encontram-se áreas do Baixo Alentejo e do Algarve. Além da baixíssima precipitação, a temperatura média em Portugal foi 2,46% acima do normal, se situando em 23,6° C – em Mora, na região de Évora, a temperatura chegou a 34,2° C no dia 7 de outubro. 

Para nós brasileiros, tão acostumados que estamos com notícias de seca – especialmente no Semiárido Nordestino, esses números soam como triviais. Para Portugal, entretanto, eles são uma novidade preocupante. Mais preocupante ainda é o fato de as áreas com problemas de seca estarem aumentando ano após ano no país. 

Portugal não está sozinha nessa questão – diversas regiões da Europa vêm enfrentando temperaturas de verão acima da média, com ocorrências e secas, além de fortes ondas de calor. Em uma postagem publicada em agosto falamos do fenômeno atmosférico Lúcifer, que provocou dias com altíssimas temperaturas em vários países e também grandes incêndios florestais

Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e publicado pela prestigiada Revista Nature, mostrou que as secas que vem assolando a Europa, especialmente a partir de 2014, são as mais intensas dos últimos 2 mil anos. Os pesquisadores analisaram as concentrações de isótopos de carbono e de oxigênio armazenados nos anéis de crescimento de 147 carvalhos que remontam dos tempos do Império Romano. 

As conclusões desse estudo indicam que o aquecimento global está por trás dessas mudanças climáticas na Europa. Também entram na “equação” fortes correntes de jato, intenso escoamento do ar, além de ventos excepcionalmente fortes a cerca de 11 km de altitude. O Deserto do Saara, que ocupa uma área de mais de 9,2 milhões de km2 no Norte da África, é um grande influenciador dessas ondas de calor e de seca que vem assolando a Europa. 

Portugueses e cidadãos de muitos países da Europa vão precisar se adaptar a esses novos e complicados tempos, inclusive tendo de aprender muitas das técnicas de sobrevivência com pequenos volumes de água. Num curtíssimo prazo, os Governos precisarão ampliar a capacidade de armazenamento de reservatórios de água, investir em projetos contra o desperdício de água, incentivar o reuso da água, entre outras medidas de economia. 

No médio e longo prazo, será necessária a realização de grandes obras de infraestrutura para o transporte de água entre regiões – o Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco, poderá ser um exemplo (inclusive nos seus pontos negativos). Outro caminho, que já é bastante utilizado na Espanha e em Malta, é a construção de usinas para a dessalinização da água do mar

Conforme já tratamos em outras postagens aqui no blog, o aquecimento global e todas as mudanças climáticas que ele traz são irreversíveis. Resta a essas populações aceitar os problemas e passar a fazer mudanças nos seus hábitos de vida. São novos e cada vez mais complicados os tempos atuais. 

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