UM MUNDO MOVIDO A ENERGIA ELÉTRICA? 

A foto que ilustra esta postagem circulou nas redes sociais há alguns meses atrás e causou muita polemica. Nela aparece um carro elétrico sendo reabastecido por um gerador a diesel, o que seria um enorme contrassenso ambiental. 

Segundo o que foi possível apurar, a foto é verdadeira, porém, ela foi retirada de um contexto muito específico. Ela mostraria o teste de um carregador para carros elétricos que foi levado a cabo em uma localidade no interior da Austrália em 2018. Essa localidade não dispunha de rede de abastecimento de eletricidade – por isso o gerador a diesel, algo que não é tão incomum num país tão grande e com uma população bastante rarefeita. 

A irônica imagem, entretanto, pode ser usada de forma metafórica para falarmos de um problema real que vem acontecendo em muitos países do mundo – grande parte da valiosa e limpa energia elétrica usada no dia a dia de milhões de pessoas está sendo gerada a partir da queima de combustíveis fósseis, principalmente o poluente carvão mineral. Ou seja: inúmeros carros elétricos altamente eficientes e ecologicamente corretos estão mesmo sendo recarregados com uma “energia suja” do ponto de vista ambiental. 

Observações sobre os fenômenos elétricos remontam a antiguidade clássica. Um dos relatos mais antigos vem de Tales de Mileto, um filósofo, matemático, engenheiro e astrônomo grego que viveu por volta do século VI a.C. Ao esfregar um pedaço de âmbar, um tipo de resina fossilizada, com uma pele de carneiro, Tales observou que pedaços de palha eram atraídos. Elektron, a palavra grega que designa um tipo de âmbar, foi a base para a criação da palavra eletricidade. 

Ao longo dos séculos foram muitos os estudiosos e cientistas que se dedicaram ao estudo dos fenômenos elétricos e ao desenvolvimento das tecnologias que permitiram à humanidade usufruir dessa fantástica forma de energia. Citando rapidamente alguns desses grandes homens:  Luigi Galvani, Alessandro Volta, Benjamin Franklin, Michael Faraday, James Clerk Maxwell, Heinrich Hertz, entre muitos. 

Um nome que merece destaque nessa lista é o do inventor e empresário Thomas Edison, que ganhou notoriedade ao popularizar o uso da energia elétrica. Em 1879, Edison conseguiu fabricar a primeira lâmpada elétrica funcional se valendo de experiências fracassadas de outros inventores. Pouco tempo depois, a empresa de Thomas Edison ganhou a concessão para instalar suas lâmpadas elétricas nas ruas da cidade de Nova York, substituindo assim a antiga iluminação a gás. 

Com o sucesso dessa empreitada, Edison passou a instalar sistemas de iluminação em residências, lojas e indústrias. Ao longo das décadas seguintes começaram a surgir os motores elétricos e uma série de eletrodomésticos como ventiladores, ferros de engomar, rádios, sistemas de aquecimento de água e de calefação de residências, entre outras das chamadas “modernidades” que funcionavam a partir do uso da energia elétrica. 

A produção e a distribuição da energia elétrica passariam por uma grande revolução a partir do final da década de 1880, quando a empresa Westinghouse passou a desenvolver sistemas que utilizavam a corrente elétrica alternada. Diferente do sistema de corrente elétrica contínua usada por Thomas Edison, a corrente alternada podia ser transmitida por fios e cabos a longas distancias com poucas perdas. Um dos gênios científicos por trás dessa grande empreitada foi o engenheiro sérvio Nicola Tesla

Em 1901, a Westinghouse inaugurou uma usina hidrelétrica ao lado das Cataratas do Niágara, no Norte do Estado de Nova York na divisa com o Canadá. A energia produzida por essa usina passou a ser distribuída por grande parte da região Nordeste dos Estados Unidos e ajudou a popularizar a eletricidade. O sistema de corrente elétrica alternada passou a ser o mais utilizado em todo o mundo. A corrente contínua é usada principalmente em circuitos elétricos, especialmente em produtos que usam pilhas e baterias.

A energia elétrica é bastante segura (desde que um leigo não tente segurar fios desencapados com as mãos), não gera resíduos ou fumaça como a lenha e o carvão e pode ser transmitida a longas distancias através de fios metálicos. Com o desenvolvimento cada vez maior de novos eletrodomésticos e eletroeletrônicos como as geladeiras, as máquinas de lavar, os televisores, computadores e videogames, os consumidores descobriram que não poderiam mais viver sem as maravilhas da eletricidade. 

Se em um dos extremos das redes elétricas encontramos felizes consumidores, do outro lado, a geração da eletricidade passou a acarretar uma série de desafios para as empresas do ramo e os governos. Quanto mais gente passava a ligar suas casas, comércios e indústrias nas redes elétricas, maiores passaram a ser os desafios para a geração e distribuição da eletricidade. 

Lembrando de uma definição que aprendi nas aulas de eletrônica na universidade, a corrente elétrica é um fluxo ordenado de elétrons que percorre um condutor ou fio elétrico. Aparelhos e dispositivos elétricos ligados a esse fio utilizam a eletricidade para gerar calor, movimento, refrigerar alimentos, receber música e imagens, etc. Agora, para fazer essa corrente de elétrons fluir através de um sistema de fios elétricos é necessária alguma outra fonte de energia – por exemplo energia mecânica. 

Um exemplo são os geradores elétricos ou dínamos, dispositivos que uma vez ligados a um motor a combustão interna (a gasolina, diesel ou óleo combustível), passam a produzir uma corrente elétrica. Esse dispositivo também pode ser ligado a turbina movida pela força da água, como são os casos das usinas hidrelétricas. 

Uma outra forma bastante comum de se gerar energia elétrica é o uso da queima do carvão mineral. O calor produzido faz a água de um reservatório ferver e o vapor gerado move uma turbina ligada ao gerador. As centrais nucleares utilizam esse mesmo princípio, porém, a fonte do calor é a fissão de material nuclear. 

Nas últimas décadas, sistemas de geração eólicos, ou seja, que usam a força dos ventos passaram a se popularizar em várias regiões do mundo. O grande desenvolvimento tecnológico também vem permitindo o uso cada vez maior das placas solares ou fotovoltaicas. 

Que a energia elétrica se tornou altamente popular e indispensável para a vida moderna é ponto passivo. Os grandes problemas para a humanidade são as infraestruturas necessárias para a geração da energia elétrica pelos quatro cantos do mundo e os impactos ambientais que são criados. O grande apetite das populações por quantidades cada vez maiores desse tipo de energia está tornando esses impactos ambientais cada vez maiores. 

Nos tempos de nossos avós, quando muito, as casas tinham alguns pontos ou ¨bicos¨ de luz, um rádio e um ferro de engomar. Nos dias atuais, até as casas das pessoas mais humildes possuem uma lista enorme de eletrodomésticos e aparelhos elétricos. E não param de surgir novos dispositivos alimentados por energia elétrica. 

Um dos grandes sonhos de consumo de muita gente atualmente são os carros elétricos. Em um mundo altamente poluído e passando por inúmeros problemas ambientais, ter um carro elétrico parece ser uma ótima ideia – eles não poluem o ar, são silenciosos e podem ser recarregados a partir de uma simples tomada elétrica. 

Mas será que as coisas são tão simples assim? 

Continuaremos a falar disso na próxima postagem. 

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