
O título da postagem pode até parecer brincadeira, mas não é.
De acordo com um estudo publicado no Journal of Envionmental Psycology, 41% das crianças dos Estados Unidos acreditam que o bacon, mais conhecido entre nós brasileiros como toucinho, vem de uma planta. E as “surpresas” não param por aí – as crianças também acham que as batatas fritas são de origem animal.
No rol dos alimentos de “origem” vegetal, as crianças incluíram também as salsichas, os queijos e os nuggets de frango. Grande parte das crianças pesquisadas também afirmou que vacas, porcos e frangos não são comestíveis.
O estudo, conduzido por uma equipe de psicólogos, reuniu 176 crianças do Sudeste dos Estados Unidos, com idades entre 4 e 7 anos. Nas conversas com as crianças, os pesquisadores buscaram apontar a origem de alimentos populares como pipoca, queijo, ovos, camarão, amêndoas, batata frita e bacon.
Alguns dos resultados: 47% das crianças acreditavam que as populares batatas fritas vem dos animais; 44% apontaram os queijos como de origem vegetal e 38% acreditavam que os nuggets de frango são feitos com folhas e legumes.
Além do bacon, 40% das crianças também pensavam que as salsichas vinham de plantas. Com relação ao consumo de carnes de origem animal, 77% afirmaram que as vacas não podem ser consumidas – 73% e 65%, respectivamente, disseram o mesmo em relação aos porcos e frangos.
Uma informação surpreendente – 1% das crianças ouvidas afirmou que a areia pode ser considerada um alimento. Apesar da amostragem ser muito pequena, o estudo abre importantes questionamentos sobre a educação ambiental que está sendo oferecida a essas crianças.
A intensa urbanização que a grande maioria dos países e povos experimentou nas últimas décadas, afastou a maioria das pessoas do contato direto com o meio natural. O contato que muitos desses “urbanóides” têm com animais se resume às interações com pets – cachorros, gatos e peixinhos dourados, entre outros.
No quesito flora, a grande maioria dos contatos fica reduzida aos jardins domésticos e parques urbanos como o Ibirapuera, um dos mais famosos aqui da cidade de São Paulo. Alguns poucos têm um contato um pouco mais profundo com a natureza quando viajam para algum sítio e/ou cidade interiorana.
Dentro desse cenário, não é de se estranhar a falta de intimidade das crianças com a origem dos alimentos consumidos no dia a dia. Eu consigo imaginar facilmente a resposta de uma criança dessas ao questionamento sobre a origem de algum alimento de origem animal – “do balcão de congelados do supermercado”.
Fugindo um pouco de análises superficiais ou até mesmo “engraçadinhas” das respostas dadas pelas crianças envolvidas nesse estudo, é preciso analisar com mais profundidade o que pode estar envolvido na questão. Pessoalmente, fico preocupado com os “discursos” ambientalistas que proliferam por todos os lados.
Animais como vacas e ovelhas, que desde a origem da humanidade, sempre foram fontes importantes de alimentos como carne e leite, e matérias primas como couro e lã, de repente passaram a ser descritos como fontes ambulantes de GEE – gases de Efeito Estufa, como o metano, liberado em grandes quantidades por arrotos e flatulências desses animais.
Para a produção de grãos, frutas, legumes e outros alimentos de origem vegetal, grandes áreas de matas são suprimidas para a formação de solos agrícolas. Grandes quantidades de fertilizantes e pesticidas também precisam ser utilizadas para garantir a alta produtividade.
Os discursos costumam ser reforçadas pela valorização da produção orgânica de alimentos, onde não se usam fertilizantes químicos e pesticidas, com grande integração às áreas florestais do entorno. Alimentos de origem animal como as carnes são desestimulados.
Será que essa visão “cor de rosa” (ou extremamente esverdeada) da produção dos alimentos no mundo não está sendo reprocessada e amalgamada pelos pais nas suas conversas com os filhos? Ou será que esses pais simplesmente não conversam sobre o assunto com seus filhos?
Essa questão, embrionária neste momento, precisa ser ampliada e discutida com bastante seriedade. A população mundial já superou a marca de 8 bilhões de habitantes e alimentar adequadamente (e diariamente) toda essa gente não é brincadeira.
Dentro de, no máximo, vinte anos, essas crianças já estarão no mercado de trabalho, votando em seus representantes políticos e começando a formar suas próprias famílias. Ou seja, vão decidir sobre a educação de seus próprios filhos e os destinos dos seus países.
A base dos seus conhecimentos – em especial a educação ambiental, deve começar a ser pavimentada hoje.








