
A Amazônia é o maior e mais complexo bioma do Brasil, quiçá do mundo. Esse fabuloso mundo de águas e matas ocupa uma área com aproximadamente 5,5 milhões de km², totalmente inserida dentro da Bacia Amazônica, um sistema fluvial com mais de mil rios importantes e que ocupa uma área de mais de 7 milhões de km².
Dentro do Brasil, a Floresta Amazônica ocupa uma área entre 3,6 e 4,5 milhões de km² (dependendo da fonte consultada), onde vivem cerca de 25 milhões de brasileiros. Mesmo se considerando o número menor, essa área corresponde a quase metade do território do país.
Na Amazônia tudo é superlativo – inclusive o tamanho dos problemas. A grande floresta convive com derrubadas ilegais de árvores para exploração de madeiras nobres, com garimpo ilegal de ouro, invasões de terras públicas e indígenas. Sobretudo, a exuberância da Floresta Amazônia esconde uma imensa multidão de brasileiros vivendo numa pobreza absoluta.
Apesar de todos os problemas e pesares, esse incrível bioma tem enormes possibilidades de desenvolvimento econômico e social com preservação ambiental. Falo aqui do Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, que inclusive foi tema de uma série de postagens aqui do blog.
Segue uma lista de possibilidades – sigam os links indicados para ler o texto completo:
O cacau (Theobroma cacao) é uma planta nativa das regiões tropicais das Américas, encontrada desde a região da Floresta Amazônica até as florestas tropicais do Sul do México. O cacaueiro se desenvolve sob as copas sombreadas das florestas, onde a árvore pode chegar a uma altura de 20 metros. Em plantações comerciais, onde as árvores recebem podas periódicas, essa altura normalmente fica entre 3 e 5 metros, o que facilita muito a colheita dos frutos.
As amêndoas do cacau são a matéria prima do chocolate, um dos alimentos mais amados do mundo, especialmente pelas crianças. Os cacaueiros precisam da cobertura florestal para se desenvolver e nada melhor do que fazer isso na Floresta Amazônica. Essa é uma ótima alternativa econômica para os pequenos agricultores da região.
A piscicultura nos rios da Amazônia
Rios de todos os tamanhos, especialmente os pequenos igarapés, são abundantes em todo o território da Amazônia – nada mais natural do que se valer de toda essa abundância de águas para gerar bens de grande valor econômico. Um desses caminhos é a piscicultura ou a criação de peixes em cativeiro.
Entre as muitas espécies já em aproveitamento destaco o pirarucu, (Arapaima gigas), o maior peixe de escamas do Brasil e um dos maiores do mundo. Pirarucus adultos podem chegar a um comprimento de até 3,5 metros e a um peso de 250 kg, porém, devido à superexploração da pesca da espécie, animais desse porte são cada vez mais raros nos rios da Bacia Amazônica.
Durante o período colonial, entre os séculos XVI e XVIII, as fazendas dos padres Jesuítas processavam o pirarucu e vendiam em Portugal como “bacalhau da Amazônia”. Isso nos dá uma ideia do potencial econômico da espécie, entre muitas outras da Bacia Amazônica.
Um produto amazônico dos mais conhecidos no Brasil e no mundo é a castanha-do-pará, que no exterior é designada simplesmente como Brazil nut ou castanha do Brasil. O país produz cerca de 40 mil toneladas de castanhas por ano, sendo que mais de 90% dessa produção é exportada com casca e desidratada, o que é conhecido como castanha dry. Os nossos principais mercados são Europa, Estados Unidos, México, Japão, Argentina e países árabes como Tunísia e Arábia Saudita.
O primeiro produto da Amazônia que conquistou importantes mercados no mundo foi o látex, a seiva natural produzida por várias espécies de árvores e plantas, com destaque para a seringueira (Hevea brasiliensis). O látex foi, durante muito tempo, a principal matéria prima para a produção da borracha, produto que desde a década de 1920 passou a ser feito a partir de derivados de petróleo.
Uma aplicação relativamente recente para o látex e que tem um ótimo potencial econômico é o couro vegetal. O látex é aplicado em camadas sucessivas sobre um tecido e vai coagulando, produzindo um efeito emborrachado, com uma aparência muito similar ao couro animal. Essa forma artesanal de produção resulta em peças com texturas e cores diferentes, que vão do castanho claro ao marrom café e que dão ao produto um charme e uma exclusividade toda especial.
Uma das atividades que mais crescem na Amazônia atualmente é a pecuária bovina. Grandes extensões da Floresta Amazônica são derrubadas todos os anos para a formação de pastagens para o gado. Uma atividade similar que permite altos ganhos sem a necessidade de formar pastagens é a criação de búfalos a exemplo do que ocorre na ilha de Marajó.
Os búfalos (Bubalus bubalis) são originários da Ásia e ainda hoje podem ser encontrados em estado selvagem em áreas pantanosas da Índia, Nepal, Butão e países do Sudeste Asiático como Tailândia, Indonésia, Malásia e Myanmar. Também existem búfalos selvagens na Austrália, onde a espécie foi introduzida no século XIX. O animal pode superar o peso de 1,2 tonelada e atingir um comprimento de 3 metros.
Ao contrário dos seus “primos” bovinos, que necessitam de pastagens e espaços abertos, os bubalinos vivem perfeitamente nos ambientes naturais das várzeas e dos campos amazônicos. Existem cerca de 600 mil búfalos vivendo na Ilha do Marajó, o que supera em número a população de marajoaras, estimada em 533 mil habitantes.
Para finalizar, gostaria de citar o açaí, (Euterpe oleracea) é o fruto de uma palmeira muito comum em toda a Região Amazônica, a palmeira-açaí ou açaizeiro. A planta costuma se desenvolver nas áreas de várzea, um ambiente dos mais comuns na grande floresta equatorial (vide foto).
Além do fruto, que vem fazendo sucesso em todo o Brasil e em muitos países do mundo, a palmeira-açaí também produz um palmito de excelente qualidade e que é bem mais sustentável que o palmito extraído da palmeira-jussara (Euterpe edulis Mart.), nativa da Mata Atlântica.
Esses são apenas alguns exemplos do que a Amazônia pode nos oferecer em termos econômicos sem a necessidade de destruir essa grande e fabulosa floresta!