ESPECIAL BIOMAS BRASILEIROS: A FLORESTA AMAZÔNICA

A Floresta Amazônica se distribui por uma área com aproximadamente 5,4 milhões de km², ocupando terras na Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. A maior parte dessa floresta, cerca de 60%, se encontra dentro do território do Brasil. 

Essa imensa massa florestal, nem de longe, é uma floresta homogênea com a Taiga ou Floresta Boreal das altas latitudes do Norte do planeta. A Amazônia é um grande mosaico de sistemas florestais, ou, como eu costumo chamar, uma verdadeira “colcha de retalhos” (patchwork), onde subsistemas florestais diferentes convivem lado a lado. 

Conforme o autor ou a fonte pesquisada, a Floresta Amazônica pode ser dividida em uma infinidade de subsistemas florestais. Para facilitar a didática dessa postagem, vamos usar uma das divisões mais simples, onde a Floresta Amazônica é dividida em floresta de terra firme, floresta de várzea, floresta de igapó, manguezais, campos de várzea, campos de terra firme, campinas, vegetação serrana e vegetação de restinga. 

As chamadas florestas de terra firme são áreas florestais que se ocupam solos que não estão sujeitos as grandes inundações anuais dos rios da Amazônia. Essas áreas têm como principal característica a presença de árvores de grande porte que podem alcançar até 60 metros de altura. Nessas florestas de vegetação densa a luz solar não consegue atravessar o dossel da copa das árvores, o que resulta em uma vegetação rasteira rala. 

As florestas de várzea, ao contrário, são sistemas florestais que se desenvolvem ao longo das várzeas inundáveis da Bacia Amazônica. Os rios dessa gigantesca bacia hidrográfica se caracterizam pela alternância de ciclos de cheia e de vazante, onde o nível das águas pode variar em até 15 metros conforme a estação. 

Durante o período das cheias, essas águas barrentas cobrem os solos pobres com uma grosa camada de sedimentos carregados de nutrientes. Essa dinâmica de águas se reflete numa vegetação especializada e adaptada, que possui uma diversidade bem menor que nas florestas de terra firme. 

Outro sistema florestal típico da Amazônia são as matas ou florestas de igapó, um tipo de vegetação que se desenvolve em terrenos baixos e frequentemente inundados (vide foto). Esse tipo de vegetação ocupa cerca de 8% da Floresta Amazônica. Uma planta típica dessas áreas é a vitória-régia, um dos símbolos da Amazônia. 

As espécies vegetais dos igapós são altamente adaptadas as condições ambientais dos terrenos alagadiços. A maioria das árvores tem altura entre 4 e 5 metros, com algumas raras espécies que podem atingir alturas de até 20 metros. Bromélias e orquídeas de diversas espécies são comuns nessas áreas. 

Os campos de várzea ou simplesmente várzeas são faixas alagáveis ao longo dos grandes rios onde se alternam uma temporada com solos secos e outra com solos encobertos pelas águas durante as cheias. Essas áreas possuem uma vegetação perfeitamente adaptada a esses diferentes ciclos. Essa faixa de terras costuma ser dividida em várzea alta e várzea baixa. 

A várzea alta apresenta um tempo de inundação menor e seca completamente durante o período da vazante. Caracteriza-se pela presença de espécies arbóreas como a sumaúma, assacu, andiroba e copaíba, além de palmeiras. A várzea baixa é a faixa de terras que fica mais próxima do leito dos rios e que se mostra inundada pela maior parte do ano. A vegetação predominante é de espécies de palmeiras como o açaizeiro e o buriti. 

As áreas de várzeas da Amazônia são as mais procuradas pelas populações tradicionais que sobrevivem do extrativismo vegetal, especialmente do açaí, da seringueira e da andiroba. Essas áreas também permitem a produção de culturas de milho, mandioca, arroz, cupuaçu, cana-de-açúcar e diversas espécies de frutas. 

Nos trechos da Floresta Amazônica que ficam próximos do Oceano Atlântico, especialmente no litoral do Amapá e do Pará, além da região do delta do rio Amazonas, se encontram regiões cobertas por manguezais e restingas. 

Os manguezais ou mangues, como são chamados popularmente, são ecossistemas costeiros de transição entre os ambientes marinhos e terrestres. São encontrados nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo, sendo encontrados em enseadas, barras, lagunas, foz de rios, baías e em outras formações costeiras onde as águas doces de rios e lagos se encontram com as águas marinhas, formando um ambiente de águas salobras.   

As áreas de mangues possuem uma vegetação adaptada ao regime das marés. São plantas com raízes bem desenvolvidas, conhecidas como halófilas, e perfeitamente adaptadas às águas salobras. Os solos dos manguezais recebem e acumulam grandes quantidades de sedimentos e de matéria orgânica em decomposição, sendo considerados um dos mais férteis do planeta. As áreas de restinga se formam nos depósitos de areia ao longo das praias, formando um mosaico de vegetação predominantemente rasteira. A restinga delimita o ambiente costeiro e a floresta continental. 

Do lado oposto da Floresta Amazônica, nos terrenos altos das encostas da Cordilheira dos Andes e do Maciço da Guianas, a vegetação assume características de floresta serrana ou alta montana. Esses terrenos podem atingir altitudes de até 2 mil metros, com altos níveis de unidade, ventos e temperaturas baixas. Essas regiões costumam apresentar solos rochosos onde se desenvolvem árvores de pequeno porte, algumas espécies de palmeira, gramíneas que lembram pequenos bambus, musgos e orquídeas. 

Entre esses dois extremos também encontramos diferentes formações de campos com características muitos semelhantes ao Cerrado. Muitos desses campos surgem como manchas de vegetação rasteira cercada de florestas com árvores altas por todos os lados. Apesar de parecerem o resultado de ações de desmatamento, esses campos são formações naturais. 

Esse gigantesco complexo de sistemas florestais abriga uma rica fauna com uma infinidade de espécies de mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios, além de uma infinidade de insetos. A floresta também abriga uma enorme população humana – apenas no território brasileiro são cerca de 25 milhões de habitantes, onde se destacam as populações ribeirinhas e as populações tradicionais indígenas. 

A Floresta Amazônica é um mundo a parte.

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