CHUVAS E DESMORONAMENTOS DE ENCOSTAS EM PETRÓPOLIS: UMA TRAGÉDIA QUE SE REPETE

Essa é mais uma postagem triste que precisamos publicar aqui no blog: fortes chuvas na cidade de Petrópolis, Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro provocaram alagamentos, inundações e, o mais grave, deslizamentos de encostas. As últimas notícias divulgadas pela Prefeitura local já falam de 94 mortes confirmadas. 

Já existem diversos vídeos circulando nas redes sociais que mostram as encostas desmoronando e carros sendo arrastados pela correnteza. Nas palavras do Governador do Estado – Cláudio Castro, a cidade vive “cenas de guerra“. 

De acordo com informações dos serviços de meteorologia, a chuva que caiu sobre Petrópolis nessa terça-feira, dia 15 de fevereiro, foi a maior e mais intensa dos últimos 70 anos. 

Equipes da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e muitos voluntários correm contra o tempo em operações de buscas a pessoas soterradas. Além dos esforços para a remoção de grandes volumes de entulho e de lama para a busca de sobreviventes, essas equipes temem pela chegada de novas chuvas. 

Infelizmente, essa não é a primeira grande tragédia provocada pelas chuvas na cidade. Em 2011, toda a Região Serrana foi devastada por fortes chuvas. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, foram registradas 916 mortes e perto de 345 desaparecidos nessa tragédia. Somente em Petrópolis, o número de mortos chegou a 71. 

A Região Serrana do Rio de Janeiro começou a ganhar destaque em meados do século XIX, quando a Família Imperial Brasileira se encantou pelo lugar. A partir de então começaram a surgir cidades e vilas, que foram transformadas em refúgios de verão para a alta sociedade da Corte.  

Como exemplo podemos citar a própria cidade de Petrópolis, que foi o marco inicial desse tipo de ocupação e foi fundada por iniciativa do Imperador Dom Pedro II após a assinatura de um decreto em 1843. Esse também é o caso da cidade de Teresópolis, que surgiu na década de 1890. O nome dado a cidade foi uma homenagem à imperatriz brasileira Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, esposa de Dom Pedro II. 

Ao longo do século XX, essas cidades deixaram de ser apenas um refúgio para as elites e passaram a crescer desordenadamente. Esse, que é um problema crítico em muitas cidades brasileiras, tornou-se dramático em cidade totalmente cercada por morros íngremes. Além da ocupação das encostas,, a cidade também passou a sofrer com falta de saneamento básico, transportes, saúde, educação, entre muitos outros. 

A chegada de uma tempestade fortíssima foi apenas o estopim que deu início a mais essa grande tragédia brasileira. Como muitos de vocês, estou acompanhando os noticiários atentamente e torcendo pelo resgate de vítimas soterradas. 

Vai chegar um momento em que nossas cidades vão precisar discutir seriamente sobre o problema de ocupação de encostas de morros. São dezenas de milhões de pessoas vivendo em áreas de risco e, frequentemente, assistimos tragédias semelhantes se repetindo. 

Esses “bairros” (uso aspas por que chamar muitos desses lugares de bairros é um exagero) vão precisar ser evacuados de um jeito ou de outro, custe o que custar, e as famílias que ali residem vão precisar de casas e apartamentos construídos pelas diferentes esferas de Governo. 

Vai custar caro? 

Sim, uma verdadeira fortuna. Porém, não podemos continuar assistindo passivamente tragédias fatais como essa se repetindo a cada chuva mais forte que cai sobre as nossas cidades. 

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