TURCOMENISTÃO – UM DOS MAIORES EMISSORES DE METANO DO MUNDO

É muito provável que a maioria dos leitores do blog nunca tenha ouvido falar do Turcomenistão, que também é chamado de Turquemenistão. Trata-se de um país da Ásia Central localizado as margens do Mar Cáspio e que possui um território com pouco mais de 491 mil km². O país possui 5,2 milhões de habitantes. 

Com um território formado predominantemente por terrenos desérticos e semiáridos, o Turcomenistão possui vastas reservas de petróleo e gás natural, este último um importante produto de exportação do país. Outro produto importante para a economia local é o algodão, cuja maior parte da produção se dá a partir do uso intensivo de irrigação. 

A partir dessa rápida apresentação, qualquer um fica com a impressão que se trata apenas de mais um país que tem muito pouca importância para a economia mundial. Essa primeira impressão, entretanto, é enganosa. 

O pequeno Turcomenistão na realidade é um gigante quando se fala em emissões de metano – de acordo com um estudo da empresa Kayrros, especializada em monitorar a pegada ambiental de indústrias energéticas, o país liberou 2,6 milhões de toneladas de metano na atmosfera, o que equivale a 366 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), nos últimos 20 anos. 

O metano é um gás incolor, inodoro, inflamável e combustível que se forma junto com o gás natural em depósitos geológicos, e em menor quantidade nas reservas de petróleo. ´Quando devidamente processado e armazenado, o metano se transforma em uma importante matéria-prima para a indústria química e petroquímica, possuindo um maior poder calorífico que o gás natural. 

O metano também é um dos principais gases responsáveis pelo Efeito Estufa, que tem como característica a retenção de 80 vezes mais calor na atmosfera que o dióxido de carbono. Só para lembrar, é o Efeito Estufa que está provocando o aumento das temperaturas em todo o planeta.  

De acordo com os especialistas em clima, o metano sozinho é responsável por metade do aquecimento global do planeta no curto prazo. O controle dessas emissões é fundamental para que o mundo consiga atingir a meta de limitar o aquecimento global em 1,5º C até o final desse século. 

A origem do problema no Turcomenistão está na exploração das reservas de gás no país, atividade de exploração que também libera o metano. Na maioria dos países que exploram gás natural, o metano é queimado liberando dióxido de carbono na atmosfera, um gás que é facilmente detectado pelas agências de controle ambiental, o que gera uma forte cobrança dos ambientalistas.. 

Para reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), muitos países têm investido na renovação de suas infraestruturas de produção com o objetivo de evitar a fuga do metano, que passa a ser armazenado e pode ser vendido. No Turcomenistão, desgraçadamente, toda a infraestrutura de produção está obsoleta e esse gás é liberado na atmosfera em grandes volumes. 

Conforme já tratamos em inúmeras postagens aqui do blog, o aumento das temperaturas em todo o planeta figura com um dos maiores desafios ambientais de nossos tempos. Entre as principais consequências temos o derretimento das calotas polares e das geleiras em altas cadeias montanhosas, as chuvas estão se tornando escassas em algumas regiões e excessivas em outras, o nível dos oceanos está subindo, entre muitos outros problemas.  

Na raiz de todos estes problemas estão as ações humanas, especialmente a emissão maciça de grandes volumes de gases de efeito estufa. Altas concentrações de alguns desses gases na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO2), o Metano (CH4), o Óxido Nitroso (N2O) e o Hexafluoreto de Enxofre (SF6), intensificam o efeito estufa, um fenômeno natural, e produzem um aumento das temperaturas na superfície da terra. 

Governos e entidades de todo o mundo vêm se dedicando, muitas vezes de forma exagerada, no combate das emissões dos gases de efeito estufa. Um exemplo dos exageros são algumas restrições que países como a Holanda e o Canadá planejam impor aos agricultores. 

Plantas em crescimento liberam óxido nitroso (um dos derivados do nitrogênio), um dos mais importantes gases de efeito estufa. A decomposição de matéria orgânica, atividade essencial para manter a fertilidade dos solos, também libera grandes quantidades desses gases. Por isso todo o esforço desses Governos para limitar as atividades agrícolas em seus países. Os agricultores, é claro, estão protestando. 

As mudanças climáticas, já há muitos anos, são uma das maiores preocupações dos principais países do mundo. Durante a COP 21 – Conferência das Partes, realizada em Paris em 2015, 195 países assinaram um acordo que tinha como principal meta limitar o aumento da temperatura globais abaixo dos 2º C até o final deste século. A redução das emissões de gases de efeito estufa é um dos principais pilares para que se consiga atingir essa meta. 

Sem conseguir grandes avanços nessa questão, os países mais importantes do mundo vêm trabalhando para que se consiga atingir um limite máximo no aumento das temperaturas globais em 1,5º C até o final desse século. Limitar as emissões de metano em processos de produção de gás natural, que ironicamente é considerado um dos combustíveis de origem fóssil dos mais limpos, é essencial. 

Entre outros problemas, o Turcomenistão é herdeiro da mentalidade de desenvolvimento a qualquer custo dos tempos em que o país fazia parte da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, bloco que deixou de existir em 1991. Muito da infraestrutura que existe no país, especialmente na área de produção de gás natural, ainda é dessa era. 

O Turcomenistão figura numa lista de países, onde também está a China, a Rússia e os Estados Unidos, que ocupam as primeiras posições no ranking de maiores emissores mundiais de metano. Se as “grandes economias do mundo” estão mesmo preocupadas em combater o aquecimento global, reduzir as emissões de metano nesses países é uma ótima “lição de casa”.  

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