SISTEMAS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ESTÃO SENDO USADOS PARA MONITORAR ESPÉCIES AMEAÇADAS POR INCÊNDIOS FLORESTAIS 

Uma das áreas da tecnologia que mais rapidamente está crescendo nos últimos anos são os sistemas que utilizam a inteligência artificial. Falando de uma forma extremamente simplificada, esses sistemas tornam máquinas e computadores “inteligentes” a ponto de tomarem decisões operacionais sem a necessidade de intervenção humana. 

Um exemplo das possibilidades surpreendentes que estão surgindo com essa nova tecnologia – já é possível utilizar a inteligência artificial para escrever matérias jornalísticas. Um jornalista carrega o sistema com as premissas básicas esperadas para a matéria e o sistema se encarrega de fazer as pesquisas e preparar o texto para revisão e aprovação pelo jornalista. 

Uma área que está começando a utilizar sistemas de inteligência é a ambiental. Uma prova disso é o uso que começou a ser feito dessa tecnologia na Austrália para o monitoramento do retorno de espécies a áreas que foram devastadas por grandes incêndios florestais

Em anos recentes, conforme apresentamos em diversas postagens aqui do blog, a Austrália enfrentou um longo período de estiagem que, entre outros problemas, deixou grandes áreas do país sujeitas a grandes incêndios florestas. 

A Austrália é um continente-ilha que ocupa uma área pouca menor que o Brasil. Esse é considerado o segundo continente mais seco do mundo – por mais incrível que parece, a Antártida é a campeã nesse quesito. Um exemplo da aridez australiana – o país conta com apenas 1% das reservas mundiais de água doce. 

A maior parte do território australiano é formado por solos áridos e semiáridos. A exceção são faixas territoriais que estendem ao longo da costa Leste e Sudeste do país, além de algumas áreas no Extremo Oeste e no Norte onde é o clima é subtropical, temperado e/ou tropical. Essas faixas eram originalmente cobertas por grandes florestas. 

Com o avanço da agricultura em muitas dessas antigas áreas florestais, remanescentes da vegetação nativa passaram a ficar sujeitos a incêndios florestais. Essas verdadeiras catástrofes ambientes normalmente começam com queimada “inocentes” feitas pelos agricultores. 

Para complicar ainda mais a situação de um país árido pela sua própria natureza, a Austrália vem sendo fortemente afetada pelas mudanças climáticas que, entre outros problemas, tem reduzido os volumes de chuvas em várias regiões. Como resultado de toda essa combinação de problemas o país tem enfrentado gigantescos incêndios florestais a exemplo do que ocorreu em 2019. 

Entre muitos problemas graves, esses incêndios representam uma enorme ameaça a toda uma série de animais exclusivos do bioma australiana como os coalas, um marsupial arborícola que teve enormes perdas em suas populações nas florestas de eucaliptos destruídas pelo fogo. 

Uma interessante parceria entre pesquisadores do WWF – World Wide Fund for Nature, e da Conservation Internacional, duas das maiores organizações ambientalistas do mundo, se uniu a proprietários de terras em diversas regiões da Austrália para monitorar a recuperação de habitats e de espécies afetadas por incêndios florestais. 

Os pesquisadores instalaram cerca de 1.100 câmeras fotográficas com ativação por sensores de movimentos em oito regiões da Austrália afetadas pelos incêndios nos últimos anos. Esses equipamentos produziram mais de 7 milhões de fotografias de animais. 

A cereja do bolo desse projeto foi a utilização do software Wildlife Insights, do Google, que permite a identificação dos animais fotografados com o uso de sistemas de inteligência artificial. Durante o processo de “aprendizado” para que o sistema identificasse corretamente os animais foi necessário o processamento de nada menos do que 4 milhões de fotografias. 

De acordo com o relato de Emma Spencer, pesquisadora e coordenadora do programa “Eyes on Recovery” da WWF Austrália, os sistemas de inteligência artificial identificaram vombates como porcos e cangurus como veados no início dos trabalhos. Após o processo de “aprendizado”, o sistema passou a reconhecer as espécies com mais de 90% de precisão. 

Entre os exemplos citados na notícia temos o caso de uma fêmea vombate voltando para seu habitat com o filhote (vide foto) nas cordilheiras de New South Wales e também de dunnarts voltando à Ilha Kangaroo, onde violentos incêndios devastaram cerca de 90% dos seus habitats em 2020. 

Uma parte importante do processo, que deverá ser aprimorado ao longo dos anos, será o de ensinar o sistema a reconhecer individualmente cada um dos animais, de forma a possibilitar a correta quantificação da população em uma determinada área. Pesquisadores humanos fazem isso procurando padrões particulares na pelagem, no couro ou na plumagem dos animais, ou ainda buscando cicatrizes ou outras marcas individuais – essa será uma grande “lição de casa” para os sistemas de inteligência artificial. 

Armadilhas fotográficas que utilizam sensores de presença vem sendo usadas já há vários anos por pesquisadores e são importantes ferramentas para o acompanhamento de espécies animais em seus habitats naturais ou em áreas impactadas por ações humanas. O uso de sistemas de inteligência artificial como nesse exemplo da Austrália aumenta, e muito, a capacidade de processar uma quantidade enorme de espécies em grandes territórios. 

Em tempos de grandes problemas ambientais em todo o mundo qualquer ajuda que as novas tecnologias possam agregar aos esforços de proteção de espécies animais e vegetais serão sempre bem-vindas. 

Nossos votos para que mais organizações ambientalistas e governos de todo o mundo incorporem esses novos sistemas em seus arsenais de “ferramentas de trabalho”. 

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