Estamos entrando no período das festas de Fim de Ano. Como já é tradicional aqui no blog, damos uma parada nas publicações para recarregar as baterias e refrescar um pouco as ideias.
Esse ano vai ficar marcado como um ano dos mais complicados para o meio ambiente aqui no Brasil. As tradicionais queimadas no verão amazônico, que é a época da seca na região, este ano fugiram ao controle e as imagens de matas em chamas cruzaram o mundo através das redes sociais. Nossa imagem como país, que nunca foi muito boa na área da preservação ambiental, ficou ainda mais comprometida.
Políticos oportunistas e celebridades internacionais passaram a divulgar essas imagens em suas redes sociais, afirmando que a Amazônia estava em chamas e que só restariam cinzas. Curiosamente, algumas dessas imagens eram antigas e muitas nem eram da Floresta Amazônica. Emmanuel Macron, Presidente da França, usou uma fotografia bem antiga, cujo fotógrafo inclusive morreu há vários anos. O jogador Cristiano Ronaldo usou uma foto de um incêndio nos Pampas Sulinos, um bioma no extremo oposto do país. Reais ou enganosos, esse bombardeio de imagens e vídeos já causou e ainda vai gerar enormes estragos para o nosso país.
O Mercosul, bloco econômico formado por países sul-americanos onde o Brasil é a maior e mais importante economia, está negociando um acordo de livre comércio com os países da União Europeia. Para que essas negociações avancem, é preciso que cada um dos países formadores do bloco europeu aprovem as cláusulas do acordo – Áustria e Irlanda já disseram que não vão aprovar o tratado. Eu desconheço as razões da Áustria – talvez seja puramente por ideologia preservacionista.
Já a Irlanda é um dos maiores produtores de carne bovina da Europa e há vários anos vem acusando o Brasil de todos os tipos de irregularidades para tentar bloquear as importações de nossa carne. O argumento atual é que o nosso rebanho é criado em pastagens criadas em áreas desmatadas da Amazônia. Nós brasileiros sabemos que isso realmente acontece, mas a esmagadora maioria dos rebanhos são criados em outros biomas como o Cerrado, o Pantanal e os Pampas Sulinos. Vamos penar muito para conseguir avançar com essas negociações.
Um outro problema ambiental gravíssimo que nosso país enfrentou nos últimos meses desse ano foram as misteriosas manchas de óleo que passaram a aparecer em nossas praias, a começar por trechos do extremo Leste do litoral do Nordeste (vide foto). Com o passar das semanas, o óleo passou a se espalhar por outros Estados, atingindo toda a faixa de costa entre o Leste do litoral do Pará até o Norte do Estado Rio de Janeiro. Depois de várias semanas de investigação, as diversas autoridades passaram a suspeitar de um navio tanque de bandeira grega. Agora, já não há tanta certeza que esse navio foi realmente o responsável pela tragédia ambiental.
Uma aspecto interessante dessas duas tragédias ambientais foram as contradições no posicionamento de muitos dos defensores da natureza: no caso das queimadas da Amazônia, o Brasil foi classificado como uma espécie de pária da humanidade e foram muitas as vozes que se levantaram contra nós, inclusive com o Presidente da França insinuando que poderia usar forças militares para ocupar a “nossa Amazônia”. No caso das manchas de óleo que apareceram em nosso litoral, uma brutal agressão à nossa soberania, poucas foram as vozes que se levantaram em nosso apoio.
Para fechar esse ano complicado, tivemos a realização da COP 25 – Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas. Marcada inicialmente para o Brasil, a reunião acabou sendo transferida primeiro para o Chile e depois para Madrid, na Espanha. Após duas semanas de reuniões entre perto de 200 países participantes, a COP 25 acabou sem que se atingisse consenso em temas importantes como o aumento das ações para conter ainda mais as emissões de gases de efeito estufa e a regulamentação do Mercado de Créditos de Carbono.
Entre as diversas razões para o “fracasso” da COP 25, a defesa individual dos interesses dos países foi a principal. Países desenvolvidos, com populações vivendo confortavelmente, não querem abrir mão do seu padrão de vida – é mais fácil e cômodo exigir que os países pobres e em desenvolvimento limitem o seu crescimento econômico, limitando assim a emissão de gases de efeito estufa.
O ano também teve grandes tragédias ambientais em outros países: o ciclone Idai que assolou diversos países do Sudeste da África, grandes incêndios na Austrália, chuvas e enchentes devastadoras no Leste da África, entre outras. Houve até um quase furacão brasileiro, o Iba. De tempos em tempos, nosso planeta mostra toda a sua fúria. O importante é que a maioria de nós, seres humanos, conseguiu sobreviver a mais um ano.
Desejo a todos boas festas e torçamos muito para que o ano de 2020 seja bem melhor para todos nós.
Um grande abraço,
[…] 2019: UM ANO TUMULTUADO PARA O MEIO AMBIENTE AQUI NO BRASIL E NO MUNDO […]
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