A ARIDEZ DO CONTINENTE AUSTRALIANO

Austrália

A Austrália, chamada por muitos de ilha-continente, é pouca coisa menor do que o Brasil – o país ocupa uma área de 7,7 milhões de km², exatamente 10% a menos do que o nosso território. Apesar da localização do país ocupar praticamente as mesmas latitudes das regiões Central e Sul do Brasil, o clima australiano é bem diferente do nosso – aliás, podemos afirmar que é praticamente o inverso. No Brasil, o clima Semiárido é encontrado em uma área relativamente pequena do interior da região Nordeste e no Norte do Estado de Minas Gerais – a maior parte do país tem clima Equatorial e Tropical; na região Sul, o clima é Subtropical. Na Austrália, a maior parte do território tem climas Semiárido e Desértico; uma estreita faixa ao longo das costas do Sul e uma grande área no Sudeste do país têm um clima Mediterrâneo, que nada mais é do que um clima temperado. Pequenas faixas ao Sudoeste e Leste do continente tem um clima Subtropical e uma faixa no extremo Norte apresenta características Tropicais (clima quente com uma forte temporada de chuvas de Monção).  

Outra forma de avaliar as diferenças drásticas nos climas dos dois países pode ser observado na disponibilidade de água: o Brasil possui 12% das reservas de água doce do mundo (lembrando que a maior parte dessa água se encontra na Bacia Amazônica), com chuvas regulares na maior parte do território. A Austrália, ao contrário, é o continente mais seco do mundo, com cerca de 1% das reservas mundiais de água doce. Grande parte do território australiano sofre com a falta de chuvas, que além de irregulares, caem em volumes muito pequenos. Como se não bastassem todos esses problemas, o país enfrentou uma fortíssima estiagem generalizada entre os anos 2000 e 2009. 

Desde o século II da era cristã, circulavam lendas por toda a Europa falando de uma terra misteriosa na parte Sul do planeta – terra australis incognita, ou, terra desconhecida do Sul. Legiões romanas estacionadas em regiões longínquas da Ásia, muito provavelmente, ouviram relatos sobre essa terra distante de povos locais, que por sua vez, haviam ouvido esses relatos de outros povos. As terras austrais do continente só veriam o desembarque de navegadores europeus, portugueses e holandeses, no início do século XVII – esses primeiros exploradores rapidamente descobriram as dificuldades de se encontrar água nessa terra recém descoberta. Oficialmente, a Austrália foi descoberta e reclamada em nome da Coroa Inglesa pelo capitão James Cook em 1770

Essa escassez de recursos hídricos foi determinante na fundação das principais cidades da Austrália, que se concentram no Sudeste e Leste do país, além de regiões ao longo do extenso litoral. A população australiana, que atualmente está na casa dos 25 milhões de habitantes, desde as primeiras décadas da colonização adotou um estilo de vida voltado ao uso racional das reservas de água do país – nós brasileiros temos muito a aprender com eles! 

A principal bacia hidrográfica da Austrália é formada pelos rios Murray e Darling. O rio Murray tem pouco mais de 2.500 km de extensão, com nascentes na Cordilheira Australiana no Sudeste do país, região que também é chamada de Alpes Australianos, e foz no Oceano Índico, nas proximidades da cidade de Adelaide. Apesar de bastante extenso, o Murray não é um rio caudaloso; os caudais aumentam consideravelmente no curso médio do rio, quando o Murray passa a receber contribuições significativas de águas dos rios Murrumbidgee e, especialmente, do rio Darling. A região da bacia hidrográfica dos rios Murray-Darling é considerada o celeiro agrícola da Austrália. 

Os climas árido e semiárido da maior parte do seu território e as secas frequentes fizeram com os governantes e as populações da Austrália passassem a considerar, há muito tempo, a água como um bem com valor econômico – esse conceito, só bem recentemente, passou a ser adotado por outros países ao redor do mundo. Todos os consumidores – urbanos, industriais e rurais, pagam um determinado valor pelo uso do recurso. Esse custo da água tem reflexos diretos no comportamento dos consumidores, que se esforçam ao máximo para usar o recurso da maneira mais racional possível e, assim, gastar a mínima quantidade de dinheiro. 

Outra frente que avança rapidamente no país é o uso de água dessalinizada para reforçar o abastecimento das principais cidades. Grandes usinas de produção de água doce já estão em operação em cidades como Darwin, Perth, Sidney e Brisbane, e novas estruturas estão em construção. Essas usinas captam a água salgada do mar e, através de sistemas especiais de filtragem, conhecidos como “membranas de osmose reversa”, retiram o sal e fornecem água “doce”. Ambientalistas locais criticam muito essa opção, afirmando que os ganhos seriam muito mais efetivos se o foco fosse concentrado em campanhas para economia e uso racional da água pelas populações das cidades. Outro ponto preocupante, segundo os ambientalistas, é o alto consumo de energia elétrica – na Austrália, a geração de energia elétrica é feita, principalmente, a partir da queima do carvão mineral em usinas termelétricas, um processo altamente poluente. 

Continuaremos a falar dos recursos hídricos da Austrália e de seus problemas na nossa próxima postagem. 

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