ALUMÍNIO: O CAMPEÃO DA RECICLAGEM

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Você sabia que o alumínio, metal usado para fabricar as populares latinhas de cerveja e refrigerante, já foi o metal mais raro do mundo e que valia mais do que o ouro? Vamos entender isso:

No início da Era Cristã, os médicos romanos utilizavam um raríssimo remédio conhecido como alumen, um composto de alumínio que chamamos hoje de sulfato de alumínio. Apesar de ser um dos minerais mais abundantes no Planeta Terra, o alumínio sempre é encontrado associado a outros metais e a sua separação era extremamente difícil e cara – essa é a razão da extrema raridade do metal em tempos remotos e, consequentemente, a causa do seu alto valor comercial.

Os alquimistas tentaram, durante séculos, desenvolver metodologias para a obtenção de metais raros – a mais famosa delas era a tentativa de transformar chumbo em ouro: não tiveram sucesso nesta e também não conseguiram achar um meio eficiente de separar o alumínio. Foi somente no século XIX que os cientistas conseguiram desenvolver processos eficientes e economicamente viáveis para a produção do alumínio, combinando processos de fundição com a eletrólise, que é a técnica de decomposição de um composto em seus componentes mediante a passagem de uma corrente elétrica.

O principal minério que contém alumínio é a bauxita, descoberta pela primeira vez em uma mina na cidade francesa de Lês Baux. Num processo de refino obtém-se a alumina, um pó branco semelhante ao açúcar. A alumina passa por uma série de processos químicos – moagem, filtragem, calcinação e, finalmente, a eletrólise, processo final onde é necessário o uso de muita eletricidade. O saudoso empresário brasileiro Antônio Ermirio de Moraes (1928-2014) costumava dizer que “alumínio é eletricidade empacotada”. O alumínio também é um dos campeões na geração de rejeitos minerais – para a produção de 1 quilograma do metal são gerados 4 quilogramas de rejeitos minerais.

Peças metálicas construídas com alumínio são leves, flexíveis e muito resistentes – ele se tornou um metal fundamental para a construção dos aviões, carros e outros veículos, na construção civil e também na produção de fios elétricos. Mas foi na década de 1950 que o alumínio ganhou de vez a sua popularidade: começaram a ser produzidas as latinhas de alumínio e o metal ganhou o mundo definitivamente.

No Brasil, a produção das latas de alumínio foi iniciada em 1989, com grande e rápida aceitação pelo mercado – atualmente são produzidas mais de 20 bilhões de latinhas a cada ano. O fenômeno do sucesso das latinhas também se refletiu rapidamente no mercado da reciclagem do alumínio – há mais de 10 anos que o Brasil mantém o índice de 98% de reciclagem das latas colocadas no mercado, o que dá ao nosso país o primeiro lugar na reciclagem deste metal no mundo. De acordo com dados da ABRALATAS – Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade, em 2015 foram recicladas 292,5 mil toneladas de alumínio de latinhas em todo o Brasil. A reciclagem desse volume de alumínio é, do ponto de vista da ecologia, um feito magnífico – evita-se a devastação de grandes áreas na mineração da bauxita, a produção de grandes volumes de rejeitos minerais, a emissão de milhões de toneladas de gases que provocam o efeito estufa e há uma economia brutal no consumo de energia: o reprocessamento do alumínio utiliza apenas 5% da energia que seria gasta na produção do alumínio a partir da bauxita.

Apesar de todas as vantagens proporcionadas pela reciclagem do alumínio, reciclagem essa que deve ser mantida, há um lado triste nesta história: ao contrário dos japoneses, finlandeses e outros povos de países com alto nível de desenvolvimento social e econômico, que reciclam as latinhas por razões de consciência ambiental, brasileiros miseráveis vasculham diariamente as ruas, lixeiras e todos os tipos de aterros atrás das preciosas latinhas para garantir um rendimento mínimo para a sua sobrevivência: 67 latinhas correspondem a 1 quilograma de alumínio e pode gerar um rendimento médio de R$ 3,00 – o valor de uma refeição básica para um morador de rua.

Que não tarde chegar o dia em que a reciclagem das latinhas venha a ser puramente pela conscientização ambiental dos brasileiros…

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A VACA É O ANIMAL QUE DÁ O LEITE, OU AS EMBALAGENS LONGA-VIDA

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Quem entra em um supermercado hoje vai encontrar uma imensa quantidade de produtos diferentes embalados nas hoje famosas caixinhas longa-vida: leite, sucos, vinhos, goiabadas, molhos e por aí vai. Mas houve um tempo em que o fabricante das “caixinhas” precisou fazer muita propaganda para convencer os consumidores de que as caixinhas eram tão boas quanto as embalagens já tradicionais de vidro, de lata e até mesmo as de plástico: a frase do título é de um premiado comercial da década de 1990, que mostrava uma garotinha escrevendo uma redação sobre a vaca – ao invés de falar do animal, a criança descreve uma caixinha longa-vida que embala um litro de leite. Ficou curioso, clique aqui para assistir ou para relembrar este comercial.

As embalagens longa-vida foram criadas na década de 1950 com o objetivo de oferecer um meio de envase asséptico para alimentos, de forma que eles não estragassem durante o transporte, armazenamento e exposição nas prateleiras dos supermercados sem a necessidade de refrigeração. Elas são produzidas a partir da laminação de camadas de plástico, papel e alumínio, que protegem o produto da incidência de luz e do ataque de micro-organismos. No caso do leite da nossa famosa “vaca”, há inicialmente um processo de ultrapasteurização, onde o produto é aquecido a temperaturas entre 135 e 150° C por um período 2 a 4 segundos – isso mata todos os micro-organismos presentes no leite e que poderiam estragar o produto. Embalado nessa milagrosa caixinha, o leite pode ser conservado por até 180 dias sem estragar e sem necessitar de refrigeração.

Gradativamente, as “caixinhas” foram conquistando a confiança dos consumidores e ganharam cada vez espaço nas prateleiras dos supermercados e ocupando também cada vez mais espaço nas lixeiras das residências e, depois, nos aterros sanitários. A alta qualidade dos materiais usados na construção das embalagens e que impediam que os micro-organismos degradassem os alimentos, também impediam a degradação dos materiais descartados na natureza. O tempo de degradação deste tipo de embalagem na natureza é incerto, mas tomando-se como base a degradação do alumínio presente na camada mais interna chega-se a uma estimativa superior a 100 anos.

Depois de várias décadas de produção e descarte em aterros surgiram tecnologias que permitiram o reaproveitamento dos materiais das embalagens longa vida, porém ainda em quantidade tímida – dados do ano de 2012 indicam que houve uma reciclagem de 29% das embalagens longa-vida pós-consumo no Brasil, totalizando 61 mil toneladas – uma simples regra de três indica que 210 mil toneladas de embalagens longa-vida não sofreram nenhum tipo de reciclagem no mesmo ano de 2012 e acabaram indo, na melhor das hipóteses, para os aterros sanitários e lixões das nossas cidades. Milhões dessas embalagens foram jogadas nas ruas ou descartadas em terrenos baldios – com as chuvas, acabaram arrastadas para bueiros, córregos e tubulações de águas pluviais, causando entupimentos nas redes e alagamentos localizados; outras acumularam água e se transformaram em criadouros de mosquitos transmissores de doenças.

Quando devidamente reprocessadas e recicladas com equipamentos adequados, as caixinhas têm seus materiais recuperados na forma de papel, alumínio e plástico, usados como matéria prima para inúmeros novos produtos. Em processos de reciclagem mais simples, as embalagens são trituradas e podem ser transformadas, entre outros produtos, em telhas e placas rígidas usadas na construção civil – há cerca de dez anos atrás, numa obra de implantação de rede de esgotos numa cidade do litoral de São Paulo, optamos por usar essas placas rígidas para fazer os tapumes de isolamento das obras nas ruas – as tradicionais placas de madeira que usávamos até então delaminavam e aprodeciam rapidamente sob sol e chuva; para nossa infelicidade, os moradores de uma comunidade próxima descobriram as qualidades ecológicas de nossos tapumes – muitos deles começaram a sumir durante as noites e foram “reciclados” na forma de paredes e portas das casas desses moradores.

Bom, reciclagem é sempre uma boa causa…

VIDRO: UM MATERIAL LITERALMENTE “INFINITO”

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No meu último post relembrei os tempos da minha infância, quando o leite era comprado em garrafas de vidro – a maioria dos leitores só deve ter visto essa forma de compra em filmes antigos, quando as imagens mostravam o leiteiro entregando garrafas com leite na porta das casas e pegando de volta as garrafas vazias, que seriam devidamente lavadas e esterilizadas, seguindo para a linha de produção para receber um novo envasamento de leite. Nesses mesmos tempos, era também possível comprar óleo comestível a granel – você levava uma garrafa vazia e limpa até o mercado do bairro e escolhia o tipo de óleo da sua preferência: milho, girassol, amendoim, azeite etc. (acho que o óleo de soja ainda não estava disponível no mercado há época); o balconista enchia a garrafa com uma bomba manual e o cliente só pegava pelo conteúdo líquido. Refrigerantes e cervejas também eram vendidos a partir da troca dos “cascos” (ainda hoje isso persiste em menor escala). As garrafas tinham, em resumo, uma vida útil bastante longa.

O vidro é uma das matérias primas mais versáteis nos quesitos reutilização e reciclagem. Antes de tudo, deixem-me explicar rapidamente estes dois conceitos, bastante confusos para a maioria: reutilização faz referência ao reuso de uma matéria prima ou de um material sem que seja necessária a utilização de energia ou retrabalho: uma garrafa vazia de vinho, por exemplo, pode ser reutilizada para o envasamento de um licor caseiro ou até mesmo de pimentas em conserva – os artesãos que produzem esses produtos terão de se preocupar apenas em lavar e esterilizar a garrafa antes de envasar o novo conteúdo.

No caso da reciclagem a garrafa será utilizada como matéria prima para a produção de um vidro “novo” – as garrafas “velhas” serão encaminhadas para uma unidade industrial, onde o vidro será divido em função da cor (na maioria dos casos em vidro transparente, marrom e verde), passando depois por um processo de trituração, indo a seguir para os fornos de alta temperatura para derretimento em conjunto com alguns produtos químicos e areia especial, produzindo-se assim vidro “novo”; esse vidro “novo”, na maioria dos casos, poderá ser reprocessado infinitas vezes. Nesse verbete também podem ser incluídos os vidros que passam por algum tipo de retrabalho (corte, remodelagem por calor etc.) e as partes são usadas na produção de produtos e objetos – um exemplo são os copos feitos a partir do corte e processamento do vidro de garrafas usadas.

O vidro é um dos materiais mais antigos utilizados pelo ser humano – erupções vulcânicas, sob certas condições, expelem junto com a lava e cinzas pedras de vidro – no sopé do famoso vulcão Vesúvio, nas cercanias da cidade de Nápoles na Itália, a coleta de peças de vidro vulcânico é uma das atividades favoritas dos turistas. Esse vidro natural era lascado e usado como faca, além de incrementar as pontas das lanças e flechas de antigos homens das cavernas. O primeiro povo a dominar a produção “industrial” do vidro foram os fenícios, antigos habitantes da região onde encontramos o atual Líbano. Entre os anos 1.500 e 300 a.C.,auge desta civilização, os fenícios dominavam o comércio no mundo antigo – o vidro era um produto importante na sua lista de produtos comercializados, sendo vendido em peças decorativas e de utilidade, assim como em embalagens de produtos finos como perfumes e essências.

A importância do vidro só fez crescer ao longo da história da humanidade, ocupando nichos de mercado dos mais diversos. Nos dias de hoje, a construção civil, só para citar um exemplo, encontra cada vez maiores aplicações para os vidros especiais (vidros de segurança de alta resistência), o que permite construções cada vez mais bonitas e inovadores. Infelizmente, o uso de embalagens de vidro para acondicionamento de produtos de consumo vem perdendo espaço ante ao crescimento das embalagens plásticas, que foram as responsáveis pelo vertiginoso crescimento do volume de resíduos domésticos – dê uma olhada na quantidade de plásticos diversos que você descarta todos os dias aí na sua casa.

Há um outro lado – descartado indevidamente, esse mesmo vidro poderá sobreviver infinitamente no meio ambiente (pelo menos até o momento que um vulcão entrar em erupção e derreter e desintegrar esse vidro).

Viva o vidro!

O “LIXO” DOMÉSTICO NOSSO DE CADA DIA

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Aqui em São Paulo, até o começo da década de 1970, o leite era vendido nas padarias em garrafas de vidro de um litro (as garrafas mostradas na foto são originais da época). Lembro perfeitamente que na padaria vizinha de casa era possível comprar até ½ litro de leite – o balconista abria a garrafa enchia gradativamente uma outra até que o nível nas duas estivesse igual – não sei se muitos dos leitores mais jovens chegaram a conhecer esse tipo de embalagem.

Também não me esqueço de um tropeço que sofri descendo as escadas do meu prédio quando estava indo buscar leite na padaria com duas garrafas nas mãos – com a queda, as garrafas estilhaçaram nos degraus e, para evitar o pior, me apoiei com todas as minhas forças sobre as minhas mãos: sofri inúmeros cortes profundos nos dedos e nas palmas das mãos – tenho três impressões digitais parciais por causa desse acidente. Coincidência ou não, pouco tempo depois as garrafas de vidro deram lugar ao saquinho plástico de leite de um litro.

Essa pequena viagem ao passado é, no meu caso, um marco do início da era dos plásticos nas embalagens e do aumento do volume do “lixo” doméstico (uso as aspas aqui porquê na nomenclatura atual são resíduos sólidos). Mesmo sendo descartável, esses saquinhos plásticos eram reaproveitados pela população: minha Vó Dora abria esses saquinhos e costurava as peças, transformando-as em toalhas de mesa e cortinas para uso na sua casa do sítio.

Ainda na linha saudosista, se é que se pode falar assim, os resíduos domésticos da época eram colocados na rua para a coleta em grandes latas metálicas – uma lata de vinte litros era suficiente para comportar os resíduos de uma família grande como a minha (8 pessoas). Os resíduos eram latas, papel de embrulho e jornal (muito usado em embalagens), vidros, papel higiênico e muitas casca das fruta, dito no nosso dialeto paulistano. Hoje, é muito provável que cada um de vocês produza individualmente esse volume de resíduos diariamente.

Essa percepção pessoal do aumento da quantidade de resíduos produzidos nas residências pode ser comprovada por estudos especializados – de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o volume de resíduos gerados no Brasil entre os anos de 2.003 e 2.014 aumentou 29%, uma taxa de crescimento cinco vezes maior que o aumento da população no período, que foi de apenas 6%. O brasileiro médio atual gera aproximadamente 1,062 quilo de lixo ao dia.

São produzidos diariamente no Brasil 250 mil toneladas de resíduos sólidos, metade deste volume é formado por resíduos domiciliares. Pouco mais da metade (53%) deste volume é encaminhado para os chamados aterros sanitários, 23% vai para os aterros controlados, 20% para os lixões e apenas 2% vai para a compostagem e reciclagem – por esses números é possível ter uma visão global do problema dos resíduos sólidos. Nossa sociedade moderna se especializou em produzir lixo. Peço a você que tem um pouco mais de paciência para aprender coisas novas que entre nesse link e veja o excelente vídeo A HISTÓRIA DAS COISAS – ele abrirá seus olhos para a complexidade ambiental do consumismo e a geração desenfreada de resíduos no mundo moderno.

Se o fenômeno do aumento da produção de resíduos sólidos é uma tendência mundial, aqui no Brasil o problema tem cores mais sombrias dada a incapacidade dos Governos nos três níveis (Municipal, Estadual e Federal) em lidar com o problema. Aterros clandestinos crescem sem controle, cursos d’água ficam cada dia mais entulhados e doenças de veiculação hídrica como a Dengue, a Zika e a Chikungunya crescem exponencialmente em algumas regiões – muitos resíduos acumulam a água das chuvas e se transformam em criadouros de mosquitos transmissores dessas doenças.

As formas do cidadão comum ajudar na redução destes volumes absurdos de resíduos sólidos são a redução no consumo, a reutilização de materiais e de produtos e a reciclagem dos resíduos – são os 3 Rs. Um bom exemplo dentro da nossa área dos recursos hídricos é a reciclagem do papel – cada tonelada reciclada economiza 10 mil litros de água e evita o corte de 17 árvores.

Continuamos no próximo post.

Em tempo – esse é o meu post número 100: quem diria!

OS RESÍDUOS E AS ÁGUAS

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Muitos de vocês podem ter estranhado a mudança do tema dos meus posts de água para resíduos sólidos – a princípio, pode até parecer uma mudança total, mas as águas e os resíduos sólidos têm sim uma relação direta.

Vamos começar falando dos cursos d’água:

Cerca de vinte anos atrás, o Governo do Estado de São Paulo iniciou um grande programa de rebaixamento da calha do Rio Tietê. Esse importantíssimo Rio sofreu ao longo do século XX todo um conjunto de modificações em sua calha, que passou de um continuo de curvas sinuosas para uma calha reta, de forma a liberar as extensas várzeas para a especulação imobiliária; entre outras consequências, a retificação do Rio Tietê resultou em ciclos de enchentes nos bairros mais baixos da cidade – o projeto de rebaixamento da calha do Tietê veio a ser mais uma tentativa (que, diga-se de passagem até teve sucesso) de reduzir essas enchentes. Pois bem – uma notícia veiculada durante essas obras nunca saiu da minha mente: 20 mil pneus velhos foram retirados junto com o lodo e os entulhos do fundo da calha. Eu lembro de ter passado diversas vezes nas Marginais do Rio Tietê (para quem não é de São Paulo tratam-se de grandes avenidas que correm em paralelo ao Rio) ao lado dos canteiros de obra e de ter vistos as verdadeiras montanhas formadas por esses pneus velhos. E não foram só pneus: foram içadas da calha do rio inúmeras carcaças de carros, geladeiras, fogões e todo o tipo de “tralhas” que vocês podem imaginar.

Esse mesmo tipo de comportamento pode ser verificado em rios, córregos e riachos que cortam a cidade (isso pode ser visto em rios e córregos em todo o Brasil): os moradores tratam as águas como lixeiras e lançam todo o tipo de resíduos nas calhas, como se os esgotos lançados já não fosse uma agressão mais do que suficiente. Esse tipo de comportamento costuma resultar em pontos de represamento das águas, que em dias de forte chuva resultam em enchentes localizadas. Resíduos jogados nas ruas e em terrenos baldios são arrastados pelas enxurradas, bloqueando os pontos de escoamento das águas pluviais e também resultando em pontos de alagamentos.

Quando o corpo d’água vitimado por esses despejos de resíduos tem como objetivo o abastecimento de água, haverá todo um comprometimento da qualidade e serão necessários volumes maiores de produtos químicos para o tratamento da água antes da distribuição para os consumidores.

Outro foco de atrito entre os resíduos e as águas são os lixões e aterros irregulares de resíduos. Esses locais costumam receber todo o tipo de resíduos, desde de restos de alimentos, materiais orgânicos de todos os tipos, materiais sólidos, óleos, graxas, tintas, produtos químicos e contaminantes de todo o tipo – a decomposição e combinação de todos esses produtos cria um líquido extremamente tóxico conhecido como chorume. Com auxílio da chuva, esse líquido se infiltra no solo e tem grande potencial de contaminação do lençol freático, que são as reservas subterrâneas de água mais próximas da superfície do solo. São as águas do lençol freático que são captadas nos poços semi artesianos usados para o abastecimento de muitas comunidades isoladas e rurais. Esse chorume também pode correr na direção de cursos d’água e poluir fontes usadas na captação de água usada para o abastecimento.

Esses lixões também ficam sujeitos a incêndios – a queima dos diferentes tipos de materiais produz moléculas extremamente tóxicas conhecidas como dioxinas, que são liberadas junto com a fumaça. Essas moléculas acabam voltando para o solo e são arrastadas pelas chuvas em direção aos corpos d’água: vejam que em todos esses exemplos os resíduos sempre acabam afetando ou qualidade das águas que serão usadas no abastecimento ou causando perturbações no fluxo natural das águas e causando todos os tipos de transtornos associados às enchentes. Isso sem falar em todos os tipos de vetores (ratos, baratas, pulgas, carrapatos etc) que proliferam no meio dos resíduos e podem espalhar patógenos.

Ao longo dos próximos posts vamos mostrar isso em maiores detalhes.

 

GESTÃO DOS RESÍDUOS

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O Saneamento Ambiental, como afirmamos no início desta série de posts, engloba todos os serviços de gerenciamento das águas, o que inclui: o abastecimento de água potável; a coleta, afastamento e o tratamento dos esgotos e também a drenagem e o manejo das águas pluviais (ou de chuva). Como eu tentei mostrar a todos, o abastecimento de água potável é o único destes serviços que é levado um pouco mais a sério por razões políticas: a inauguração de redes de abastecimento de água potável rende muitos votos em eleições (principalmente nas municipais); os outros serviços são deixados ao improviso e aos mal feitos.

Existe um quarto serviço, que não lida diretamente com as águas, mas que é tão mal gerido quanto: a coleta e disposição de resíduos sólidos e os serviços de limpeza urbana. Diferentemente da fluidez das águas, que provoca problemas instantaneamente quando uma adutora arrebenta ou quando uma chuva fortíssima alaga um bairro inteiro, os resíduos, que são predominantemente sólidos, permitem o acúmulo silencioso em terrenos baldios e lixões, e só depois de algum tempo começam a mostrar sua nocividade de diferentes maneiras.

Resíduos são, essencialmente, sobras resultantes de processos de produção e de consumo: embalagens de produtos, cascas e sobras de alimentos, papel usado, equipamentos eletrônicos antigos, ferragens, madeiras e móveis, entulho da construção civil, aparas diversas entre outros tipos de resíduos. Além dos resíduos propriamente sólidos, que formam a maioria dos materiais, existem aqueles que são líquidos: sobras de tintas, solventes, combustíveis, óleos lubrificantes usados entre outros.

Para começarmos essa nova série de posts, vamos separar os tipos de resíduos de acordo com as fontes geradoras:

Resíduos Domiciliares: é o nosso famoso lixo doméstico formado por restos e cascas de alimentos, embalagens plásticas e metálicas, vidros, papéis diversos, papel higiênico etc;

Resíduos Comerciais: caixas de papelão, isopor, pallets de madeira, plásticos, embalagens, sacarias em geral etc;

Resíduos Industriais: aparas de chapas plásticas, de madeira e metálicas, limalhas e outros resíduos do corte de materiais, tintas, solventes, resíduos químicos diversos etc;

Resíduos Agrícolas: embalagens de adubos e defensivos químicos, peças metálicas, pneus, restos de madeira, pedras etc;

Resíduos Hospitalares: seringas, gases, instrumentos cirúrgicos, embalagens e restos de remédios e drogas hospitalares, e demais materiais diversos contaminados por patógenos;

Resíduos da Construção Civil: entulho, madeiras, telhas, pedregulho, tintas, tijolos, tubulações, embalagens etc;

Resíduos de Portos, Aeroportos, Terminais Ferroviários e Rodoviários: embalagens, restos de alimentos, papéis, papel higiênico etc;

Resíduos de Mineração: rejeitos e sobras de materiais minerais não utilizáveis (só para lembrar: o acidente ambiental que, literalmente, matou o Rio Doce e que completou um ano no último sábado, foi provocado pelo rompimento de uma barragem de resíduos da mineração);

Resíduos Radioativos: combustível de usinas nucleares e resíduos de medicamentos e materiais de clínicas radiológicas e de hospitais.

Além dessa lista básica, exploraremos as diferentes destinações que cada tipo de resíduo deve receber – um exemplo são os resíduos hospitalares, onde existem os conhecidos materiais perfuro-cortantes e materiais contaminados por patógenos, que não podem ser descartados junto com os resíduos comuns e devem ser encaminhados para incineração em unidades de destinação especiais. Também existem os resíduos específicos como o lodo sanitário resultante do tratamento de esgotos nas ETEs e que ainda não possuem uma destinação definitiva. Junto a tudo isso, falaremos ainda da coleta seletiva e das políticas para a redução e a reutilização dos materiais. E o mais importante dentro da temática principal deste blog: a relação de todos esses tipos de resíduos com as águas. Assunto é o que não vai faltar.

O tema é bem extenso e vai render um bocado de posts. Até mais.

SALGADAS LÁGRIMAS PARA UM RIO DOCE

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O que é um rio?

Água doce que corre por um vale será a resposta fria de um atlas.

Se você olhar com um pouco mais de atenção no mesmo atlas vai encontrar toda uma escala de definições para água doce: riacho, ribeiro, córrego, ribeirão, riachão e, finalmente, um rio.

Para um pescador é seu local de trabalho, de onde retira o sustento da sua família;

Para o barqueiro é mais do que um local de trabalho – o rio é o seu segundo lar (para alguns é o primeiro);

O agricultor vê o rio como um parceiro, que empresta parte das suas águas para fazer brotar do chão os alimentos;

Para as cidades, a água do rio é a fonte da vida, que sacia a sede, lava e leva embora tudo o que não presta;

Para o romântico, o rio é a saudade que leva para longe todas as lembranças dos amores perdidos…

Talvez o rio seja a soma de tudo isso e muito mais – é a fonte de todas as vidas!

Mas, e quando o homem destrói o rio?

A água deixa de ser doce, o pescador não tem onde trabalhar, o barqueiro encalha, o agricultor fica sozinho, as cidades desabastecidas e o romântico a morrer de amor em toda a sua a sua melancolia…

Ficam somente as lágrimas salgadas e a triste lembrança da doçura de suas águas de outrora…

05/11/2016 – 1° aniversário da tragédia ambiental do Rio Doce.

RIO HAN: O TIETÊ COREANO

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A cidade de Seul, na Coreia do Sul, tem algumas similaridades com a cidade de São Paulo: populações de tamanho muito próximo, ambas as cidades sofreram um crescimento explosivo a partir de meados do século XX, são cidades de forte economia e perfil internacional, ambas são atravessadas por um grande rio poluído – no caso da cidade de São Paulo, essa informação continua sendo verdadeira com o Rio Tietê ainda em agonia devido a poluição; o Rio Han, que atravessa a cidade de Seul em um trecho de 41 km, já saiu dessa condição há alguns anos e hoje é um rio limpo, com suas águas utilizadas para o abastecimento, para o lazer e para o transporte.

Nas décadas de 1.960 e de 1.970, a Coreia enfrentou um expressivo crescimento econômico, muito similar ao Milagre Econômico Brasileiro que vivemos nos anos de 1.970. Seul cresceu como nunca e, como é de praxe nestas situações, o Rio Han pagou muito caro: poluição por esgotos domésticos e industriais, margens retificadas para a construção de grandes avenidas marginais: a população, focada num futuro promissor, virou as costas para o Rio. Mas os coreanos de Seul se mostraram diferentes dos brasileiros de São Paulo – em um dado momento perceberam o tamanho da tragédia do Rio Han e deram um basta nas agressões; desse nosso lado do mundo, continuamos a ver a lenta agonia do Rio Tietê e fingimos acreditar que nossos governantes estão tomando providências para reverter esse quadro terminal.

Em 1999, uma das ilhas do Rio Han foi transformada em área de proteção ambiental e teve o acesso de visitantes proibidos – essa foi uma das primeiras iniciativas que levaram ao projeto de despoluição do rio a partir de meados da década de 2.000 e quem tem previsão de estar totalmente concluído no ano de 2.033. Uma das primeiras providências efetivas foi o início do controle da qualidade das águas dos 40 córregos e riachos que atravessam a cidade de Seul e desaguam no Rio Han – a cidade possui seis Estações de Tratamento de Esgotos e era preciso garantir que nenhum lançamento irregular atingisse o Han. Outra providência importante foi a proibição da instalação de qualquer tipo de empresa poluidora ao longo das margens do rio.

Uma segunda frente de trabalho procurou aproximar os moradores da cidade do seu rio – entre parques novos e reformados já são 12 unidades nas margens do rio – um deles, o Seul Forest tem 1 milhão de metros quadrados, tamanho equivalente ao nosso Parque do Ibirapuera. As margens do Rio Han foram dotadas de espaços públicos para corridas, ciclovias, áreas de piquenique além de toda uma gama de esportes náuticos realizados dentro das águas do rio. Passeios de barco e restaurantes flutuantes transformaram as águas do Han num ambiente para passeios das famílias.

Apesar de já se encontrarem num estágio que provoca inveja em nós paulistanos, os coreanos pensam grande: querem elevar as áreas naturais que hoje ocupam 14% das margens do Rio Han para impressionantes 90%. Como? Construindo túneis  que possam substituir as atuais vias marginais, liberando assim os espaços hoje ocupados pelas pistas para a implantação de áreas cobertas por vegetação, facilitando ainda mais o acesso e a aproximação dos moradores de Seul de seu rio. Se nós de São Paulo ou de qualquer outra cidade brasileira conseguíssemos fazer algo semelhante, levando as populações para perto das várzeas dos seus rios, com certeza a pressão sobre os nossos dirigentes políticos aumentaria imensamente e, com certeza, as coisas começariam a acontecer.

Na véspera do primeiro aniversário da catástrofe ambiental do Rio Doce, é reconfortante saber que um grande rio pode renascer da lama – mesmo que seja um rio do outro lado do mundo.

O RENASCIMENTO DO CHEONGGYECHEON

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Nos meus últimos dois posts mostrei dois exemplos de córregos paulistanos canalizados que passaram por um processo de redescoberta pela população: o Córrego Pirarungáua, no Jardim Botânico de São Paulo, e o Córrego das Corujas, na Vila Madalena. Para não parecer bairrista, vamos falar hoje de um dos maiores feitos até o momento em termos de recuperação de um curso d’água canalizado e esquecido: o Rio Cheonggyecheon em Seul, na Coreia do Sul.

O Rio Cheonggyecheon é um canal artificial que foi construído durante a Dinastia Joseon (1392-1410) com a função de drenar as águas pluviais e controlar as enchentes da antiga cidade de Seul. A tradução literal do nome do coreano para o português significa “rio das águas límpidas. Conta-se que na fundação da cidade, os antigos governantes se valeram de princípios do feng chui e construíram as ruas e edifícios alinhados entre montanhas e cursos d’água. Na tradição oriental, o feng chui reúne os conhecimentos das forças necessárias para conservar as influências positivas que supostamente estariam presentes em um espaço e redirecionar as negativas de modo a beneficiar seus moradores.

Durante centenas de anos, o Rio manteve suas características originais como um oásis no centro da cidade de Seul. Na década de 1950, durante a guerra que dividiu a Coreia, milhares de refugiados do Norte migraram para Seul – as margens do Rio Cheonggyecheon foram transformadas em imensas favelas (algo muito parecido com o que acontece nas grandes cidades brasileiras). Em pouco tempo, as antigas águas límpidas se transformaram num canal de esgotos a céu aberto.

O rápido crescimento econômico da Coreia na década de 1960, com o natural crescimento da frota de veículos, levou a Prefeitura de Seul a criar o seu plano de novas avenidas e, entre outras mudanças, resolveu pela canalização do Rio Cheonggyecheon, processo que exigiu o remanejamento de milhares de famílias das suas margens. E mais: sobre o leito canalizado foi construído um extenso viaduto, muito parecido com o Elevado Presidente João Goulart (o popular Minhocão) de São Paulo.

O crescimento desordenado, o excesso de carros e a poluição do ar degradaram imensamente a região central de Seul. Em julho de 2003, urbanistas desenvolveram um projeto revitalizar a área e ajudar Seul a se tornar uma cidade moderna e ecologicamente correta como parte de um vasto projeto de revitalização urbana. O plano previa a remoção da via elevada e a reabertura e revitalização do Cheonggyecheon. Num trabalho de 2 anos e custo de US$ 280 milhões, o viaduto foi demolido e o rio foi recuperado e transformado em um impressionante parque urbano linear de 5.8km de extensão, 400 hectares e 80 metros de largura – 30 mil pessoas visitam o parque a cada fim de semana. Para que vocês tenham noção do tamanho da obra, somente a demolição do viaduto gerou 600 mil toneladas de entulho – 75% deve entulho foi reciclado e utilizado na construção do parque. Clique neste link e assista a um vídeo, com narração de Brad Pitt em inglês, contando a história desse rio.

Eliminar uma via elevada desse tamanho na área central da cidade traria grandes problemas para o trânsito de Seul – a Prefeitura fez grandes investimentos em faixas exclusivas para ônibus e fez campanhas para estimular o uso de transportes coletivos; contrariando as expectativas de muitos, a população passou a usar ônibus e metrô – muitos coreanos redescobriram o prazer de caminhar pelo centro da cidade. Os comerciantes reclamam de queda nas vendas pela falta dos carros mas a maioria esmagadora da população gostou da mudança e do renascimento do Rio.

Talvez você possa ter achado que o custo de US$ 280 milhões para demolir um gigantesco viaduto, recuperar um rio e criar um Parque Linear de quase 6 km no coração de uma das maiores cidades do mundo é muito alto – lembro que a simples retificação do Córrego das Águas Espraiadas e a construção de uma avenida de fundo de vale de 5 km em São Paulo custou o dobro disso.

Pensar grande, com honestidade e seriedade – é isso que falta aqui em nossas paragens.

PARQUE LINEAR DAS CORUJAS

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A Vila Madalena é um dos bairros mais descolados da cidade de São Paulo. O bairro se transformou num conhecido reduto boêmio no início da década de 1970, quando estudantes da USP – Universidade de São Paulo e da PUC – Pontifícia Universidade Católica começaram a se instalar na região em busca de alugueis baratos; os antigos casarões rapidamente passaram a hospedar repúblicas estudantis. Onde há estudantes há bares – na Vila Madalena eles são dezenas e atraem frequentadores de todos os cantos.

Andando pelas simpáticas ruas do bairro, você encontrará nomes como Rua Harmonia, Paulistânia, Simpatia, Girassol, todos nomes sugeridos pelos estudantes e acolhidos pela Prefeitura. Também vai se surpreender com a quantidade de ateliês de artistas e de artesãos, que dão um colorido todo especial às vitrines; também vai encontrar escolas de música, de dança e de teatro. Complementando o clima de boemia, o bairro é sede da Escola de Samba Pérola Negra.

É nesse bairro diferenciado da cidade onde vem acontecendo há alguns anos um movimento pela valorização de um pequeno córrego espremido entre as construções – o Córrego da Coruja.

Com nascente na região do espigão da Avenida Paulista, o Córrego da Coruja atravessava todo o Bairro da Vila Madalena, seguindo para o bairro de Pinheiros até desaguar no Rio Pinheiros, num percurso total de 2.300 metros. Região de grande valor imobiliário desde a época das mansões dos barões do café, não tardou que a especulação imobiliária se apoderasse das margens do Córrego no alto da Paulista, onde foi canalizado para ceder lugar a construção de edifícios. Na parte baixa do Córrego, foi a expansão do bairro de Pinheiros quem levou ao desaparecimento das águas sob o concreto e o asfalto.

Na região da Vila Madalena, o Córrego das Corujas teve um pequeno trecho de 420 metros poupado da canalização, ocupando um trecho de uma praça, além de uma pequena faixa de terra espremida entre construções – é justamente essa pequena faixa de terra que foi “tomada” pela população e transformada no Parque Linear das Corujas.

Em 2001, foi iniciado um movimento dos moradores em prol de melhorias no terreno, que era uma área pública abandonada e estava tomada por um imenso matagal. O terreno foi limpo, ganhou gramado, árvores, bancos, grades, aparelhos de ginástica, uma ponte – os moradores também instalaram portões nas extremidades, controlando a passagem de veículos entre as Ruas Natingui e Beatriz: esses portões passaram a ser fechados a noite e vigiados por seguranças. A ideia do Parque Linear foi ganhando força.

De lá para cá o movimento foi aumentando e contando com um apoio cada vez maior da comunidade. Arquitetos e paisagistas, moradores do bairro, desenvolveram projetos para urbanização das margens do córrego; empresas doaram recursos para a realização de intervenções; moradores passaram a ocupar as “praias” do Córrego das Corujas com esteiras e famílias passaram a instalar mesas nos finais de semana para almoçar ao ar livre.

As discussões e iniciativas da comunidade continuam buscando uma valorização cada vez maior do espaço como a instalação de um deck para caminhadas, plantação de árvores frutíferas e também brinquedos paras as crianças. A qualidade da água também é uma grande preocupação pois há vestígios do lançamentos de esgotos in natura nas águas do Córrego – os moradores cobram providências junto a companhia de saneamento pois todas as ruas do bairro possuem redes coletores de esgotos e não há justificativa para ligações irregulares de esgotos nas águas do córrego. Também há movimentos da comunidade pela reabertura de novos trechos do Córrego das Corujas, canalizados sob áreas de estacionamento de alguns edifícios nas vizinhanças – essa possibilidade gera tensões entre a comunidade e os condomínios. Com o tempo, as partes chegarão a um acordo em todos sairão ganhando.

O Parque Linear das Corujas é um exemplo do que uma comunidade unida pode fazer em prol dos recursos hídricos de sua cidade, com reflexos na qualidade de vida de todos e sem depender da boa vontade dos governantes. Este é um exemplo que pode ser seguido por muita gente.