
O clima quente e seco em grande parte da Europa e o conflito entre a Rússia e a Ucrânia estão mantendo o preço do milho alto no mercado internacional. Segundo estudos de empresas de consultoria especializadas nessa área, os problemas climáticos atingiram os milharais europeus no fim do período de floração, quando as plantas estavam entrando na fase de enchimento dos grãos.
De acordo com levantamentos do USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês, os problemas climáticos vão levar a uma quebra de safra e a uma redução da oferta de milho nos países do bloco europeu da ordem de 8 milhões de toneladas em relação às estimativas feitas no último mês de julho.
Por outro lado, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia continua prejudicando o escoamento da produção local via Mar Negro. As estimativas indicam que a produção ucraniana de milho deverá aumentar na temporada 2022/2023, porém, as dificuldades logísticas para o escoamento da produção devem continuar. Ou seja, a oferta do grão no mercado europeu vai continuar em baixa e os preços vão continuar elevados.
E o que tudo isso significa para nós aqui no Brasil?
O Brasil já é o terceiro maior produtor mundial de milho, ficando atrás dos Estados Unidos e da China. Os três países, aliás, respondem por mais de 60% da produção mundial de milho. De acordo com as estimativas do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a safra de milho neste ano deverá superar a marca das 111 milhões de toneladas.
Com o “produto na mão” e com gente precisando comprar, é claro que as vendas para o mercado externo estão aquecidas, principalmente para países da Europa, muitos dos quais, até outro dia, boicotavam produtos agropecuários brasileiros por causa da “destruição e das queimadas” na Floresta Amazônica.
De acordo com estudos de analistas do mercado de grãos aqui do Brasil, países como Espanha, Portugal, Holanda, Itália, Irlanda e Reino Unido já elevaram drasticamente as suas compras de milho brasileiro. Esses aumentos no volume de compras oscilaram entre 29% e 161%, para Espanha e Portugal respectivamente, chegando a incríveis 325.842%, que foi o aumento das vendas para o Reino Unido.
É interessante notar que a França, um dos países com a maior quebra na safra de milho, não aparece na lista dos grandes compradores de milho brasileiro. O Governo francês, que vem sendo um dos maiores críticos do Brasil por causa da “destruição” da Amazônia, não daria é claro o “braço a torcer” nesse momento. É curioso, porém, que a Holanda aumentou muito as suas compras de milho e soja brasileiros nesses últimos tempos – será que não pode estar acontecendo uma espécie de triangulação por aqui?
De acordo com informações da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias, cerca de metade da produção brasileira de milho está concentrada no Cerrado Brasileiro, especialmente nos Estados da Região Centro Oeste. Os maiores produtores da Região são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O segundo maior produtor brasileiro é o Estado do Paraná.
Uma das características da produção do milho aqui no Brasil, que assusta os produtores norte-americanos e europeus, é que o grão é considerado por aqui como uma cultura de rotação. Como nosso país não tem um inverno rigoroso como o que ocorre no Hemisfério Norte, a nossa agricultura nunca para. O ciclo de produção do milho vai de 80 a 100 dias e se encaixa perfeitamente entre os ciclos de produção da soja.
Quando os produtores fazem a colheita da soja, toda a palha resultante da cultura é deixada sobre o solo e é feito o plantio direto do milho – essa palha ajuda a melhorar a fertilidade do solo. Na colheita do milho, o mesmo processo é repetido e a uma nova semeadura de soja é feita – ou seja, uma cultura sucede a outra. Esse é o segredo da alta produtividade da agricultura brasileira.
A quebra da safra de milho na Europa também tem reflexos na redução na produção de proteína animal. Tanto o milho quanto a soja são ingredientes fundamentais para a produção de ração para bovinos, suínos e aves. Essa redução da produção na Europa abre amplas possibilidades de negócios para os produtores brasileiros de carnes.
De acordo com estimativas da ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, o Brasil deverá produzir cerca de 14,7 milhões de toneladas de carnes de aves e 4,8 milhões de carnes de suínos. A esses números se somam 10,3 milhões de toneladas de carne bovina. Grande parte dessa produção já é exportada, especialmente para a China, e os produtores pretendem abrir novos mercados em todo o mundo – destaque aqui para países da Europa.
Pois é – na hora de resolver o problema da segurança alimentar de suas populações, esses países esqueceram temporariamente as questões ambientais e partiram para o pragmatismo puro…
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[…] estão apresentando níveis extremamente baixos, com riscos para o abastecimento de populações, irrigação de lavouras, dessedentação de animais, além de provocar imensos problemas para as áreas de geração de […]
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