
O mercado do milho anda mesmo bastante complicado.
Em uma postagem anterior falamos da redução da produção do grão na Europa e do aumento das exportações brasileiras. O continente europeu está sofrendo com fortes ondas de calor e com a seca, problemas que estão se refletindo diretamente na produtividade de muitas culturas agrícolas.
Existem também os desdobramentos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Esses dois países são grandes produtores de grãos. Um exemplo que já citamos mais de uma vez aqui no blog é o trigo, onde Rússia e Ucrânia respondem por quase um terço da produção mundial. O conflito reduziu os fluxos de grãos para o mercado europeu, que passou a buscar alternativas de fornecimento no mercado internacional.
Ontem foi divulgada mais uma notícia negativa para o mercado do milho. A USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês, reviu para baixo as expectativas da safra de milho do país, indicando que haverá uma redução de 4,2% em relação as previsões feitas há apenas duas semanas.
Essa constatação veio depois da Pro Farmer, uma associação que reúne produtores rurais, analistas e especialistas do agronegócio, fazer uma visita de inspeção através de sete Estados do Meio Oeste norte-americano. A forte seca e a falta de chuvas nessa região prejudicou fortemente a produção do milho.
Os Estados Unidos são, de longe, os maiores produtores mundiais de milho, com China e Brasil ocupando, respectivamente, a segunda e a terceira posição no ranking global. A previsão da safra para este ano está estimada em 367,4 milhões de toneladas – isso corresponde a três vezes a produção brasileira, prevista para 118 milhões de toneladas para este ano.
O milho é um grão essencial para a elaboração de rações para animais, para a produção de óleos comestíveis e combustíveis, além de ser um importante ingrediente para uma infinidade de alimentos que consumimos em nosso dia a dia. A redução da oferta da commodity terá reflexos diretos nos preços de toda uma cadeia de produtos, uma notícia complicada em um momento em que a maioria dos países pelo mundo a fora está enfrentando altos índices de inflação.
As notícias, infelizmente, ainda ficam piores.
As estimativas da USDA indicam que haverá uma redução da área plantada de milho para a safra 2022/2023, que deverá ocupar cerca de 37,23 milhões de hectares. Essa redução será da ordem de 1,5%, o que se refletirá em uma safra entre 15 e 20 milhões de toneladas a menos em relação à safra atual.
Os produtores estão desanimados com a baixa lucratividade da cultura e estão optando por grãos mais rentáveis como a soja e o trigo. Segundo as estimativas da USDA, a área plantada do trigo, citando um exemplo, deverá aumentar cerca de 2,78% e deverá alcançar pouco mais de 19,4 milhões de hectares.
Outra cultura que está chamando a atenção dos agricultores é o algodão. Segundo as projeções dos especialistas, a área plantada deverá sofrer um aumento de 13%, alcançando 5,13 milhões de hectares. Ao contrário da maioria dos grãos, a produção do algodão é beneficiada com tempo quente e seco em sua fase final de desenvolvimento.
Somando os problemas criados pela seca na América do Norte, na Europa e também na China, além dos percalços criados pelo conflito no Leste Europeu, a commodity está ficando cada vez mais valorizada. No curto prazo, essa situação beneficiará muito os produtores brasileiros.
Por outro lado, preços elevados no mercado internacional reduzem a oferta do grão no mercado interno, problema que se refletirá no aumento de custos de alimentos e produtos que utilizam derivados de milho em sua produção. Muito pior: essa elevação de custos afetará diretamente a produção de carnes – especialmente de suínos e de aves, além dos ovos.
Então, fiquem preparados: a pipoca, o angu e a pamonha (vide foto) – alimentos tradicionais do dia a dia dos brasileiros, vão ficar mais caros logo, logo…
[…] postagem publicada aqui no blog dias atrás resume o problema. A USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês, […]
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