8 BILHÕES DE SACOLAS PLÁSTICAS A MENOS NO MEIO AMBIENTE 

Quem tem mais de 50 anos com certeza vai se lembrar dos clássicos sacos de papel pardo que eram usados nas mercearias e mercados para se embalar as compras. Um tanto frágeis, essas embalagens rasgavam com facilidade e também eram danificadas pela umidade de produtos congelados. 

Então, num belo dia, “acabaram-se todos os seus problemas com as compras!“. Grandes redes de supermercados passaram a usar as icônicas sacolas plásticas – elas eram bem mais resistentes, suportavam bem a umidade e ainda podiam ser utilizadas para descartar o lixo das casas. Essa embalagem “mágica” ganhou o mundo. 

Calcula-se que algo próximo a um trilhão dessas embalagens seja produzido no mundo a cada ano. Baratas e muito práticas, essas sacolas são descartadas aos milhões em terrenos baldios, ruas, lixões, rios e nos oceanos, causando todo o tipo de problemas para o meio ambiente – especialmente para a vida animal. 

De alguns anos para cá, movimentos ambientalistas de todo o mundo passaram a combater o uso desenfreado dessas embalagens. Esse tipo de pressão, felizmente, passou a dar bons resultados – muitos países passaram a limitar o uso de sacolas plásticas e a estimular a volta dos bons e velhos sacos de papel. 

Aqui no Brasil, seguindo-se a tendência mundial, surgiram várias leis com vistas à redução do uso dessas sacolas. Em muitos Estados, como no caso aqui de São Paulo, os estabelecimentos comerciais deixaram de fornecer essas embalagens gratuitamente – é preciso pagar por cada sacola plástica. Existem também muitos estímulos para o uso de sacolas retornáveis. 

Esses esforços começam a mostrar bons resultados – de acordo com informações da Associação de Supermercados do Rio de Janeiro cerca de 8 bilhões de sacolas plásticas deixaram de circular aqui no Brasil nos últimos três anos. O estudo também mostrou que 70% dos consumidores da capital fluminense passaram a utilizar sacolas retornáveis. 

Além da redução do número de sacolas plásticas em uso no mercado, as diferentes legislações adotadas em todo o país têm levado a uma redução das embalagens feitas com plástico “virgem”. Os produtos disponibilizados pelos estabelecimentos devem utilizar, pelo menos, 51% de plásticos reciclados ou feitos com matérias primas vindas de fontes renováveis. Essa medida estimula a reciclagem do plástico. 

Apesar da excelente notícia, o número de sacolas plásticas que deixaram de circular nesse período ainda é irrelevante quando comparado ao volume total produzido a cada ano no mundo. Isso mostra quanto trabalho ainda resta para ser feito. 

Conforme já destacamos em outras postagens aqui do blog, o descarte de plásticos – especialmente embalagens, é um dos grandes problemas ambientais de nosso tempo. Eu nunca me esqueço de uma palestra que assisti nos tempos da faculdade onde o diretor de uma empresa fabricante de plástico afirmou que a chave do sucesso de seu produto era o baixo custo – enquanto não se inventasse algo mais barato, os plásticos reinariam no mercado

A questão do custo é um dos maiores entraves para uma reciclagem maior de resíduos plásticos. Existem inúmeras tecnologias disponíveis para o reprocessamento, porém, o custo final dos produtos sempre será maior que o de peças similares feitas a partir de resinas plásticas novas. 

Uma ideia que vem ganhando força em muitos países é o uso dos resíduos plásticos em usinas termelétricas especialmente adaptadas. Como todo bom derivado de petróleo, os resíduos plásticos são altamente inflamáveis – a queima de 1 kg de plásticos gera uma energia térmica equivalente ao de 1 litro de óleo diesel

Um outro caminho interessante é o uso de plásticos alternativos como o polietileno verde derivado do etanol da nossa cana-de-açúcar. Esse plástico tem as mesmas características técnicas do polietileno comum (plástico muito utilizado na fabricação de potes e utensílios de cozinha), com as vantagens de ser produzido a partir de uma planta cultivada em larga escala em todo o país e de ser biodegradável (os cientistas alertam que não existe ainda nenhum polímero criado a partir de fontes vegetais que seja 100% biodegradável – sempre haverá algum resíduo). 

Outra alternativa é o uso do amido, um polímero natural que é encontrado nos grãos de diversos cereais como o milho, aveia, arroz, trigo, cevada e centeio, e também pode ser encontrado em raízes como a batata e a mandioca. Com esse polímero natural é possível a produção de um plástico biodegradável que, diferente dos polímeros inorgânicos de origem petroquímica, ao ser descartado no meio ambiente têm suas moléculas (ou grande parte delas) consumidas por toda uma série de micro-organismos, deixando um volume de resíduos muito pequeno no ambiente. 

Infelizmente, todas as alternativas ao uso dos plásticos derivados do petróleo continuam esbarrando na questão dos custos. Dentro de tal cenário, qualquer redução no uso e no descarte de resíduos plásticos precisa ser comemorada. 

Que avancem ainda mais as leis que limitem o uso de plásticos em nosso dia a dia e que outros bilhões de resíduos deixem de ser descartados no meio ambiente. 

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