Nos meus últimos posts falamos de três resíduos tipicamente domésticos, que compõem grande parte do chamado lixo doméstico: o vidro, as caixinhas longa vida e as latinhas de alumínio. Esses resíduos ganharam destaque nas últimas décadas com o crescimento da cultura dos produtos de consumo em nosso país, período em que houve uma explosão das embalagens conhecidas como one way, ou seja, sem retorno. Com as mudanças demográficas houve um grande aumento das populações urbanas, as mulheres deixaram o tradicional posto de prendas do lar e entraram no mercado de trabalho, jovens começaram a sair das casas dos pais para morar sozinho – nesse novo ambiente, entraram no cardápio e na vida dos brasileiros comidas prontas e semi prontas, cervejas e refrigerantes em garrafas de vidro e em latas de alumínio, além das mágicas caixinhas longa vida: os resíduos domésticos nunca mais seriam os mesmos…
Porém, nenhum outro resíduo teve um crescimento comparável ao do plástico, o campeão absoluto na constituição das embalagens e dos produtos descartáveis da cultura pós-moderna.
A palavra plástico vem do grego plassein que significa moldável e exprime as características de mudança da forma física dos materiais. Os primeiros experimentos datam da década de 1860, quando o inventor inglês Alexander Parkes iniciou seus estudos com o nitrato de celulosa, um material sólido bastante flexível, resistente a água, de cor opaca e com boa aderência para a pintura com tinta – esse material ganhou o nome de parquesine e é considerada a primeira matéria plástica a ser criada.
Na década de 1870, após sucessivos aperfeiçoamentos, surgiu a celulóide, a primeira versão comercial do plástico, utilizado inicialmente pelos dentistas na fabricação de próteses dentárias e pelos fabricantes de bolas de bilhar, que buscavam uma alternativa ao caro marfim animal. O celulóide ganhou fama mundial com o surgimento do cinema, quando os rolos dos filmes eram fabricados com esse material.
Em 1909 surgiu a baquelite, o primeiro polímero sintético com alto grau de dureza, resistência ao calor e ótimo isolamento elétrico, com larga aplicação na confecção de produtos elétricos e de telefonia, discos, e mais tarde na fabricação das caixas dos rádios, popularizados a partir da década de 1920.
Na década de 1930 surgiu a poliamida, conhecida comercialmente como nylon, usada intensamente durante a II Guerra Mundial (1939-1945) na fabricação de paraquedas, equipamento novo e decisivo em muitas batalhas. O esforço industrial mundial durante esse conflito levou à criação de toda uma gama de polímeros como o drácon, o isopor, o vinil, o polietileno e o poliestireno. Após o término da Guerra em 1945, os diferentes tipos de plásticos passaram a fazer parte do cotidiano do homem moderno, utilizado na fabricação de todos os tipos de produtos, utensílios e embalagens. Foi a partir desse momento que plásticos ganharam os mercados e os aterros sanitários de todo o mundo.
O plástico é um material barato, facilmente moldável e colorido com a adição de corantes, o que possibilita a criação de peças bonitas, leves, ergonômicas e com acabamentos perfeitos. Injetoras plásticas conseguem produzir milhares de peças plásticas a partir de um único molde; peças plásticas também podem ser produzidas através de processos de laminação, extrusão, moldagem a vácuo e em diversos outros processos de usinagem. Embalagens plásticas são inodoras, estéreis e permitem um fechamento hermético de alta qualidade. Peças e componentes plásticos são dominantes em produtos eletrônicos, eletrodomésticos e em brinquedos; vem se tornando cada vez mais comuns em automóveis, bicicletas, motocicletas, navios, aviões, móveis, produtos e insumos hospitalares; na construção civil ocupa cada vez mais espaços como isolante de fios elétricos e de telefonia, em tubos e conexões para eletricidade, água e esgotos, janelas, caixas de força entre outros produtos e componentes. O mundo em que nós vivemos é mais “plástico” a cada dia e, como uma consequência natural, esse é o resíduo doméstico dominante.
Existe, porém, uma palavra que raramente é mencionada pelos fabricantes, mas que faz toda a diferença: o plástico comum é, virtualmente, indestrutível, o que cria todo o tipo de problemas com os resíduos a base de polímeros plásticos.
Continuaremos no próximo post.
[…] Peças e componentes plásticos são dominantes em produtos eletrodomésticos, eletrônicos e em brinquedos. Vem se tornando cada vez mais comuns em automóveis, bicicletas, motocicletas, navios, aviões, móveis, produtos e insumos hospitalares. Na construção civil ocupa cada vez mais espaços como isolante de fios elétricos e de telefonia, em tubos e conexões para eletricidade, água e esgotos, janelas, caixas de força entre outros produtos e componentes. O mundo em que nós vivemos é mais “plástico” a cada dia e, como uma consequência natural, esse é o resíduo doméstico dominante. […]
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[…] e possibilitar a formação de importantes criadouros do mosquito. A lista inclui pneus, latas, embalagens plásticas e entulhos da construção civil; até cascas de ovos e tampinhas de refrigerante têm potencial […]
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[…] um mundo onde o consumo de plástico não para de aumentar, esse talvez seja o menor de todos os […]
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[…] Conforme já destacamos em outras postagens aqui do blog, o descarte de plásticos – especialmente embalagens, é um dos grandes problemas ambientais de nosso tempo. Eu nunca me esqueço de uma palestra que assisti nos tempos da faculdade onde o diretor de uma empresa fabricante de plástico afirmou que a chave do sucesso de seu produto era o baixo custo – enquanto não se inventasse algo mais barato, os plásticos reinariam no mercado. […]
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[…] grande demanda para o uso dos derivados de petróleo surgiu com a produção dos diferentes tipos de plásticos. Os primeiros experimentos datam da década de 1860, quando o inventor inglês Alexander […]
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