IGUAÇU: O RIO MAIS POLUÍDO DO PARANÁ

Rio Iguaçu

Ele é o maior rio do seu Estado, com nascentes nos contrafortes da Serra do Mar na região Leste e curso seguindo na direção Oeste, até o encontro da sua foz com o grande rio Paraná. Ao atravessar a Região Metropolitana, as águas dos seus principais afluentes recebem grandes quantidade de esgotos domésticos e industriais in natura, transformando as águas límpidas num curso de esgotos a céu aberto. Ao longo do seu curso de mais de 1.300 km, a natureza se encarrega de depurar e recuperar a qualidade das suas águas, que lentamente voltam a se encher de vida…

Olhando rapidamente para esta introdução, um leitor mais desatento certamente irá se lembrar de outras descrições que fiz aqui falando do Rio Tietê, aquele que é considerado o rio mais poluído do Brasil, especialmente num trecho de aproximadamente 150 km entre a Região Metropolitana de São Paulo e o município de Itu. Mas hoje, como já denuncia o título do post, estamos falando do rio Iguaçu, o vice-campeão brasileiro na categoria “rios mais poluídos”. Os rios Tietê e Iguaçu são muito semelhantes por que foram formados no mesmo período geológico, quando a porção de terra que formaria a atual América do Sul começou a se separar do trecho que formou o continente Africano há, aproximadamente, 135 milhões de anos atrás – o movimento da Placa Tectônica Sul-Americana provocou o soerguimento de uma extensa faixa do litoral na borda Leste, levando a formação da Serra do Mar e forçando vários rios, como o Tietê e o Iguaçu, a correr no sentido Oeste.

Oficialmente, o rio Iguaçu surge a partir da junção dos rios Atuba e Iraí na divisa dos municípios de Curitiba e Pinhais. O rio Iraí, que tem as suas nascentes na Serra do Mar e é chamado inicialmente de rio Irazinho até a junção com o rio Palmital, atravessa os municípios de Piraquara e Pinhais na Região Metropolitana, onde recebe uma intensa carga de despejos de esgotos sem tratamento. O outro rio formador do Iguaçu, o Atuba, tem nascentes localizadas no município de Colombo e percorre 23 km até chegar em Curitiba, atravessando extensas áreas densamente povoadas e recebendo grandes despejos de esgotos neste trajeto. Um outro afluente, o rio Belém, também despeja suas águas repletas de resíduos nas águas do rio Iguaçu – pode-se afirmar então, com muita tristeza, que a nascente oficial do rio Iguaçu já apresenta um rio com águas mortas e sem condições de sustentar de vida.

A história da poluição no rio Iguaçu segue o mesmo roteiro da saga de outros rios que atravessam grandes áreas urbanas: além do já citado rio Tietê em São Paulo, podemos falar do rio Guandu, que atravessa a região da Baixada Fluminense no Estado do Rio de Janeiro; o rio das Velhas na Região Metropolitana de Belo Horizonte; o rio dos Sinos na Região Metropolitana de Porto Alegre e o pernambucano rio Ipojuca – não por acaso, todos estes rios entram na lista dos 10 rios mais poluídos do Brasil. No rio Iguaçu, a poluição está concentrada na Região Metropolitana de Curitiba, um aglomerado de cidades que concentra uma população na casa de 3,5 milhões de habitantes. Aproximadamente 80% da poluição do Rio Iguaçu é gerada por esgotos domésticos e poluição difusa e 20% por esgotos industriais. Se você navegar ou andar por este trecho inicial do rio, vai se deparar com todo o tipo de lixo e resíduos descartados pela população: móveis, entulhos e restos da construção civil, eletrodomésticos, pneus, carcaças de automóveis e tudo mais que puder imaginar.

A receita da tragédia ambiental é a mesma de sempre – as cidades passaram a crescer fortemente a partir da década de 1960, quando imensos contingentes de agricultores resolveram trocar a vida sofrida no campo pelas promessas de uma vida melhor nas cidades. A Região Metropolitana de Curitiba, da mesma forma que outras importantes cidades brasileiras, começou a experimentar taxas de crescimento urbano fortíssimas, que nem de longe foram acompanhadas pelo crescimento da infraestrutura urbana, especialmente com a criação de redes de abastecimento de água potável e redes coletoras de esgotos com estações de tratamento.

Diferente de outras grandes cidades brasileiras, que cresceram sem controle como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, e se fundiram às cidades vizinhas formando uma única mancha urbana, a cidade de Curitiba se cercou de grandes áreas verdes para evitar o fenômeno da conurbação com as cidades vizinhas. Quem visita a cidade de Curitiba se surpreende com a grande beleza do lugar, se impressionando com a imensa quantidade de áreas verdes existentes e pelo fato de não encontrar um grande rio poluído como o Tietê ou um Ribeirão dos Arrudas cortando a cidade de um lado a outro. Mas o grande problema da poluição das águas existe e se mostra especialmente nos municípios vizinhos, onde grandes bairros surgiram sem a menor infraestrutura e a grande rede de cursos d’água da região acabou transformada num extenso sistema de esgotos a céu aberto. O rio Iguaçu, que corre discretamente nos limites do município de Curitiba, se transformou no destino de todo esse volume de esgotos como sempre acontece com o principal curso d’água de uma bacia hidrográfica. Também passou a receber grande parte do lixo e dos entulhos descartados em terrenos baldios e ruas, que sempre acabam sendo carreados para dentro dos canais de água pelas fortes chuvas.

O caminho para resolver o problema não requer nenhuma mágica ou habilidade especial: investimentos contínuos na implantação de redes coletoras de esgotos, construção de ETE’s – Estações de Tratamento de Esgotos, investimentos em coleta e disposição final adequada dos resíduos sólidos urbanos e programas de educação ambiental para a toda a população. Essa é a mesma receita que tem de ser replicada e aplicada na maioria das cidades brasileiras, em especial nas de grande e médio portes.

Vamos continuar a explorar os problemas do rio Iguaçu em nosso próximo post.

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  1. […] 2º lugar – Rio Iguaçu, Paraná: possuí 1.320 km e é o maior rio do estado do Paraná, de acordo alguns pesquisadores a poluição é devido principalmente passivo ambiental presente por décadas, grande concentração da população ao redor do rio e falta de investimento em saneamento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITARIA E AMBIENTAL). “Ao atravessar a Região Metropolitana, as águas dos seus principais afluentes recebem grandes quantidade de esgotos domésticos e industriais in natura, transformando as águas límpidas num curso de esgotos a céu aberto” (SOUSA, 2017). […]

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  2. […] 2º lugar – Rio Iguaçu, Paraná: possuí 1.320 km e é o maior rio do estado do Paraná, de acordo alguns pesquisadores a poluição é devido principalmente passivo ambiental presente por décadas, grande concentração da população ao redor do rio e falta de investimento em saneamento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITARIA E AMBIENTAL). “Ao atravessar a Região Metropolitana, as águas dos seus principais afluentes recebem grandes quantidade de esgotos domésticos e industriais in natura, transformando as águas límpidas num curso de esgotos a céu aberto” (SOUSA, 2017). […]

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