AS “VANTAGENS” DO USO DO CARVÃO MINERAL

Em setembro de 2015, durante um evento na ONU – Organização das Nações Unidas, a então Presidente do Brasil – Dilma Roussef, fez mais um dos seus discursos “sem pé nem cabeça”. Dessa vez, sua Excelência falou sobre a possibilidade de “estocar vento” como forma de compensar a intermitência desse recurso. 

Como a maioria dos leitores deve saber, a intensidade dos ventos varia ao longo do dia e também ao longo das estações do ano. Eu imagino que a ex-Presidente tentava falar justamente sobre isso em seu discurso – o resultado não foi o esperado, mas o meme ganhou o mundo. 

Comecei a postagem de hoje citando essa verdadeira pérola da política brasileira para falar de um dos maiores problemas da geração de energia em algumas fontes consideradas sustentáveis – a intermitência, ou seja, a incapacidade de se garantir a disponibilidade desse recurso ao longo do tempo. Vamos falar rapidamente de três fontes de energia renovável – hidráulica, eólica e solar. 

A energia hidráulica, como o nome diz, é gerada pela força da água. Um dos melhores exemplos do uso dessa energia é a geração de energia elétrica em centrais hidrelétricas como é o caso da Usina de Itaipu. Apesar de ser considerada uma fonte energética renovável, basta um período de seca mais forte para que todo esse sistema gerador deixe de funcionar. 

No caso da energia solar, o problema é a periocidade – o sol brilha cerca de metade da duração do dia, o que permite o uso dessa energia somente de forma planejada. Os ventos, conforme citamos no começo do texto, são extremamente inconstantes e não podem ser “armazenados” para um uso futuro. 

É aqui que o famigerado carvão mineral apresenta uma séria de vantagens como uma forma de energia disponível para o uso a qualquer hora do dia e em qualquer época do ano. 

Conforme comentamos em uma postagem anterior, o carvão mineral é o combustível fóssil mais abundante do mundo. Ele surgiu a partir do soterramento de antigas grandes áreas florestais em épocas extremamente remotas. A madeira soterrada passou por diversas transformações químicas, tendo absorvido grandes quantidades de carbono. 

Desde tempos imemoriais que populações humanas vem se valendo do poder calorífico do carvão mineral, indo desde a queima para o aquecimento de abrigos nos rigorosos meses de inverno, em fogões para a preparação de alimentos ou ainda em fornos para o derretimento e produção de metais. 

Em meados do século XVIII, o então já importante carvão ganhou uma nova importância – gerar vapor em caldeiras para o impulsionamento de todos os tipos de máquinas a vapor usadas então nas fábricas, o que marcou início da chamada Revolução Industrial. 

O carvão era extraído em minas a céu aberto ou subterrâneas em grande parte do ano e era transportado para terrenos próximos das grandes fábricas. Essa energia ficava estocada e pronta para o uso a qualquer momento. Caso a gerência da fábrica precisasse aumentar o ritmo de produção de uma determinada linha, bastava mandar uma ordem para que os funcionários das caldeiras colocassem mais carvão para queimar. 

Aqui é preciso citar também a importância do uso do próprio carvão no transporte de grandes cargas desse combustível para os grandes centros consumidores. Locomotivas com motores a vapor também passaram a se valer do grande poder calorífico do carvão e passaram a correr por complexas redes de trilhos, criando assim um caminho rápido e de baixo custo para abastecer as grandes cidades com essa fonte de energia. 

No final do século XIX, o mundo passou por uma nova revolução, com o carvão mostrando mais uma vez toda a sua versatilidade como forma de energia estocável. Com a popularização da energia elétrica, grandes cidades começaram a construir centrais termelétricas movidas a partir da queima de carvão mineral. Assim como já acontecia com as fábricas com máquinas a vapor, essas centrais mantinham grandes montanhas de carvão em áreas próximas – bastava simplesmente jogar o carvão nas fornalhas para se gerar grandes quantidades de eletricidade. 

A simplicidade do uso do carvão e a sua disponibilidade em grande parte do mundo colocou essa fonte de energia em grande destaque até os dias de hoje. Estimativas indicam que a queima do carvão significa perto de 40% de toda a energia consumida no mundo atualmente

A queima desse combustível responde por um volume entre 30 e 35% das emissões mundiais de gás carbônico (CO2), um dos principais gases responsáveis pelo Efeito Estufa. O consumo mundial atual de carvão mineral é da ordem de 5,5 bilhões de toneladas por ano.

Em décadas mais recentes, um outro combustível de origem fóssil bem menos poluente passou a roubar parte dos espaços tradicionais do carvão mineral – falo aqui do gás natural. Em países da Europa, principalmente, o gás natural passou a ser usado como uma alternativa ao poluente carvão mineral para a geração de energia elétrica. A Rússia era o principal fornecedor de gás natural para o continente europeu. 

Conforme já tratamos em inúmeras postagens anteriores, essa fonte de energia mais limpa acabou secando e muito países foram obrigados a se voltar para o bom e velho carvão. Em outras partes do mundo, em países como a Índia e a China, o carvão mineral sempre manteve o ‘status” de fonte de energia bastante acessível e prática. 

Recentemente, na COP27, representantes do Governo da Índia falaram em uma espécie de “moratória” para poder aumentar ainda mais o consumo de carvão pelo país. Na Índia, a maior parte da energia elétrica é gerada em centrais termelétricas a carvão, um insumo que o país necessita para manter seu forte ritmo de crescimento industrial. 

E esse é, resumidamente, um dos grandes dilemas energéticos de nosso mundo: apesar de ser reconhecidamente uma das formas de geração de energia mais poluentes do mundo, o carvão até agora vem se mostrando como insubstituível em muitos países e em muitas atividades, como é o caso da siderurgia. 

Enquanto não inventarem novas formas de energia facilmente estocáveis e baratas como o carvão mineral, esse combustível continuará sendo queimado pelos quatro cantos do mundo e poluindo ainda mais a nossa já combalida atmosfera. 

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