FALANDO UM POUCO SOBRE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

Há poucos dias atrás falamos de uma pesquisa internacional feita pela Climate Action Against Disinformation ou Ação Contra Desinformação Climática, numa tradução livre, que teve como objetivo mensurar o impacto das notícias falsas, as chamadas fake news, na percepção dos cidadãos sobre o meio ambiente. Os resultados foram entregues aos organizadores da COP27. 

Um dado surpreendente dessa pesquisa foi a desinformação dos cidadãos comuns em relação ao que são e quais são os danos causados ao meio ambiente pelos combustíveis fósseis. Para 40% dos brasileiros, segundo a pesquisa, esses combustíveis são energias limpas. A mesma opinião é compartilhada por 57% dos indianos, 39% dos norte-americanos, 34% dos australianos, 25% dos alemães e por 14% dos britânicos. 

Se algo tão absurdo assim está ocorrendo é por que educadores ambientais, como esse que vos escreve, e demais produtores de conteúdo para sites e blogs da área do meio ambiente não estão fazendo o “dever de casa” do jeito certo. Dito isso, vamos falar um pouco desses tais de combustíveis fósseis. 

São classificados como combustíveis fósseis o petróleo e seus derivados – gasolina, querosene e óleo diesel, entre outros; o carvão mineral, o gás natural e também o GLP – Gás Liquefeito de Petróleo. Em maior ou em menor escala, todos esses combustíveis fazem parte do dia a dia de todos nós. 

Em comum, todos esses combustíveis surgiram a partir da decomposição de matéria orgânica, ou seja, a partir de restos de plantas e de animais. Toda essa matéria orgânica foi soterrada ao longo de diferentes eras geológicas, envolvendo também fatores como pressão e temperatura, num processo que se desenrolou ao longo de dezenas de milhões de anos. 

Vamos começar falando do carvão mineral, o combustível fóssil mais abundante de nosso planeta. Esse mineral foi formado a partir da decomposição de florestas no Período Carbonífero, o que corresponde aproximadamente ao período de tempo entre 360 e 280 milhões de anos atrás. 

Nesse período, grandes extensões de áreas de florestas foram encobertas por espessos mantos de gelo, por deslizamentos de terra devido ao soerguimento de montanhas ou ainda foram encobertas pela invasão de águas dos mares. A madeira das árvores soterradas teve a celulose transformada pela perda de íons de hidrogênio e oxigênio, além de sofrer um enriquecimento por carbono, se transformando assim em carvão mineral. 

A concentração de carbono determina o tipo do carvão mineral – o antracito possui um teor de carbono de 90%, sendo o carvão mineral de formação mais antiga e de maior poder energético. No caso da hulha, a concentração de carbono fica entre 75 e 90%. A seguir vem o linhito e a turfa, com teores de carbono de 70% e 50%, respectivamente, ambos sendo bem menos eficientes na produção de energia. 

O carvão mineral vem sendo usado pela humanidade desde tempos imemoriais para queima em sistemas de aquecimento, em fornos para a produção de metais, em fogões de cozinhas, entre outros usos cotidianos. O carvão mineral ganhou uma enorme importância após a invenção da máquina a vapor em meados do século XVIII, importância que foi renovada nas últimas décadas do século XIX com a popularização do uso da eletricidade, energia que passou a ser gerada em centrais termelétricas a carvão. 

A formação do petróleo é bastante similar à do carvão mineral, porém, esse óleo é o resultado da decomposição de restos de matéria vegetal e de animais em diferentes eras. Trata-se de um líquido inflamável, oleoso e de cor negra. Sua composição básica são hidrocarbonetos, compostos químicos formados por carbono e hidrogênio. 

Uma das principais características do petróleo é a possibilidade do seu fracionamento em diferentes produtos. Esse processo é feito em grandes refinarias, onde o petróleo é fracionado em gasolina, óleo diesel, querosene, querosene de aviação, óleo combustível, entre outros produtos. Um desses produtos é o GLP, o gás engarrafado que é utilizado em fogões e fornos domésticos. 

Outro combustível fóssil bastante importante e que ganhou um enorme destaque nos últimos meses é o gás natural. Esse gás também foi formado a partir da decomposição de matéria orgânica, porém, nem sempre ele está associado às reservas subterrâneas de petróleo. 

A Rússia é um dos grandes produtores mundiais de gás natural e se destacava como o maior fornecedor desse combustível para os países da Europa. Após o início do conflito com a Ucrânia e em resposta a uma série de sanções econômicas impostas pelos países europeus, os russos, simplesmente, fecharam as válvulas dos seus gasodutos, deixando esses países na mão. 

Os países da Europa vinham, há várias décadas, substituindo a queima de carvão mineral em centrais termelétricas pelo gás natural. Apesar de ser um combustível de origem fóssil, o gás natural polui muito menos que o carvão – em tempos de aquecimento global, qualquer redução nas fontes emissoras de gases de efeito estufa é sempre bem-vinda. 

Todos esses combustíveis tem algumas características em comum. Em primeiro lugar são todos de origem fóssil, ou seja, são o resultado de processos de formação que se desenrolaram ao longo de dezenas de milhões de anos. Essa característica torna esses recursos finitos – uma vez esgotadas as suas reservas, serão necessários muitos milhões de anos para repor os “estoques”. 

Outro ponto a ser destacado é a poluição que é gerada pela queima desses combustíveis – destaco aqui a liberação do carbono na atmosfera, que na forma do gás dióxido de carbono (CO2), é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. 

Por fim, respondendo a uma dúvida de grande parte da população, os combustíveis fósseis estão muito longe de ser uma fonte de energia limpa e renovável – a bem da verdade, trata-se de uma energia muito suja e nem um pouco renovável. 

Um dos maiores desafios da humanidade em nossos dias é justamente encontrar fontes energéticas alternativas aos combustíveis fósseis. Entre as mais promissoras destacamos a energia fotovoltaica ou solar, a eólica ou energia dos ventos e os biocombustíveis como o nosso etanol, que polui bem menos que os combustíveis fósseis e ainda pode ser produzido a partir da cana-de-açúcar. 

Daqui para a frente não erre mais – combustível fóssil é sinônimo de poluição do ar, aquecimento global e insustentabilidade ambiental. 

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