O PROBLEMÁTICO TRANSPORTE DO PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS PELOS MARES E OCEANOS

O petróleo é um óleo denso de origem fóssil com ampla utilização em todo o mundo. Rico em hidrocarbonetos, moléculas formadas pela associação de hidrogênio e carbono, o petróleo e toda sua imensa cadeia de combustíveis derivados – óleo diesel, querosene, gasolina, óleo combustível, gás liquefeito de petróleo (GLP), entre muitos outros, liberam grandes quantidades de energia durante a queima. 

Esse potencial energético tornou esses combustíveis amplamente utilizados em todo o mundo, alimentando motores de carros, caminhões, motocicletas, aviões, embarcações, geradores elétricos e locomotivas, entre muitos outros. Junto com o carvão mineral, o petróleo e seus derivados são os combustíveis que movimentam o nosso mundo.

Os gases resultantes da queima dos combustíveis derivados de petróleo e do carvão são ricos em carbono, mais especificamente o dióxido de carbono (CO2), um dos gases que mais contribuem para o aumento do efeito estufa na atmosfera e, consequentemente, com o aumento das temperaturas globais. 

Os problemas associados ao petróleo e seus derivados começam muito antes da sua queima nos mais diferentes tipos de motores de combustão interna. Conforme comentamos na postagem anterior, esses problemas começam nos processos de extração e de transporte do óleo para as refinarias. 

Navios petroleiros, que são embarcações construídas especialmente para o transporte de grandes quantidades de petróleo e derivados a longas distâncias, estão entre as maiores máquinas já construídas pela humanidade. Transportar produtos altamente inflamáveis é sempre um grande risco e acidentes com essas embarcações são relativamente frequentes, muitos deles gravíssimos. 

Quem têm mais de quarenta anos deve se lembrar do gravíssimo acidente com o navio petroleiro Exxon Valdez em 1989. Após ser carregado com petróleo e sair do Porto de Valdez, que fica no Sul do Estado americano do Alasca, o navio Exxon Valdez colidiu com rochas subterrâneas na Enseada do Príncipe Guilherme, no Golfo do Alasca. O acidente abriu um grande rasgo no casco da embarcação, através do qual vazaram entre 257 mil e 759 mil barris de petróleo. Uma gigantesca mancha de óleo atingiu as costas da região, provocando o maior desastre ambiental por derramamento de petróleo até então. 

Segundo os relatórios da época, o capitão do navio, Joseph Hazelwood, abandonou o comando da embarcação logo após a saída do porto e foi para a sua cabine preencher “alguns documentos” – as investigações demonstraram que os tais “documentos” eram na verdade uma garrafa de whisky. O comando da embarcação de 330 metros de comprimento foi deixado sob a responsabilidade de um tripulante com pouca experiência.   

A grande mancha de óleo criada pelo acidente foi espalhada pelas fortes correntes oceânicas através de mais de 750 km, afetando aproximadamente 2 mil km da costa irregular do Sul do Alasca. Algumas das praias atingidas ficaram cobertas com uma grossa camada de piche com até 90 cm de espessura.  

A empresa Exxon, uma das maiores companhias petrolíferas do mundo e dona da embarcação, foi obrigada a mobilizar um verdadeiro exército para a contenção do vazamento e limpeza ambiental. Foram 11 mil homens, 1.400 embarcações, 85 aviões e milhares de máquinas e equipamentos para uso na sucção do óleo e lavagem de rochas. Os trabalhos se estenderiam até 1992, com um custo total na casa de US$ 2 bilhões. 

Outro gravíssimo acidente com esse tipo de embarcação aconteceu em 1978, ao largo da costa da Bretanha, no Noroeste da França. O Cadiz era um superpetroleiro da classe VLCC – Very Large Crude Carrier, ou Transportador de Óleo Muito Grande, de propriedade da Amoco, uma empresa petrolífera norte-americana. A embarcação tinha um comprimento total de 334 metros e capacidade para transportar cerca de 270 mil toneladas de petróleo bruto. 

Em sua última viagem, o Amoco Cadiz estava transportando uma carga de petróleo iraniano embarcado no Golfo Pérsico e seguia na direção de uma refinaria na Europa. Na manhã do dia 16 de março, enquanto a embarcação enfrentava uma forte tempestade ao largo da costa da França, ela foi atingida por uma onda gigantesca. 

O impacto da onda no casco danificou o sistema do leme, deixando o navio à deriva. Um navio rebocador foi enviado em auxílio ao Amoco Cadiz, porém, devido às más condições do mar, não foi possível realizar qualquer tipo de manobra ou operação. O superpetroleiro encalhou num afloramento rochoso localizado a 3 milhas da costa, próximo do pequeno porto de Portsall.   

O grave acidente acabou transformado numa gigantesca tragédia no dia seguinte – atingindo continuamente por fortes ondas, o casco do Amoco Cadiz foi partido ao meio (vide foto), liberando a maior parte de sua carga de petróleo nas águas do Atlântico Norte. Uma grande mancha de óleo foi espalhada ao longo de 1.300 km, atingindo toda a costa Oeste da França e também praias do Nordeste da Espanha.  

Se qualquer um dos leitores começar a pesquisar na internet encontrará dezenas de outros acidentes menores e menos graves com navios petroleiros. A grande maioria desses acidentes ocorre por falhas na transferência do petróleo e/ou de seus derivados dos navios para os terminais de carga e descarga. Também são frequentes acidentes na transferência do óleo extraído em plataformas marítimas para os navios. 

Eu lembro bem de uma declaração de Jacques-Yves Cousteau, o grande explorador e cinegrafista dos oceanos, onde afirmava que todos os oceanos e mares do mundo estavam cobertos com uma finíssima camada de óleo, resultante de todos esses vazamentos de petróleo. Essa declaração foi dada no final de década de 1970 – muita coisa piorou depois de tantos anos. 

Ao contrário do que afirmam muitos “ecologistas”, artistas e famosos que se dizem defensores de florestas tropicais como a Amazônia, os grandes pulmões de nosso planeta são os oceanos, que respondem por mais da metade de todo o oxigênio produzido e lançado na atmosfera. Dependendo da fonte consultada, essa produção fica entre 50% e 80% de todo o oxigênio existente na atmosfera do planeta. 

Só por esse “pequeno” detalhe, precisamos prestar mais atenção em todos os problemas ligados ao transporte de petróleo por mares e oceanos de todo o mundo. Nós podemos viver sem os combustíveis, porém, sem o oxigênio, a vida fica impossível! 

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