
Uma notícia curiosa: o ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, informou que a Região Nordeste bateu um novo recorde na geração de energia elétrica eólica instantânea (pico de geração) no último dia 8 de julho. Os aerogeradores da Região atingiram um pico de geração de 14.167 MW, um volume de energia equivalente a 123,2% da demanda local.
Trocando em miúdos – pelo período de um minuto a produção de energia eólica foi suficiente para atender toda a demanda da Região Nordeste, com uma sobra de 23,2%, excedente que foi exportado para outras regiões do Brasil.
A geração fotovoltaica também surpreendeu – no último dia 12, às 10h28, foi atingido um novo recorde. Foram produzidos 2.963 MW solares, um volume de energia equivalente a 27,5% da demanda de energia elétrica de toda a Região Nordeste por um minuto.
Fontes de geração eólicas e fotovoltaicas são intermitentes, ou seja, não produzem em sua capacidade máxima durante todo o tempo, mas são importantes auxiliares dos sistemas de geração mais tradicionais como os hidrelétricos e termelétricos. É sempre importante lembrar que os sistemas de geração eólica e fotovoltaica estão entre as mais sustentáveis que existem.
Contando com ventos fortes e contínuos, a Região Nordeste foi transformada na maior geradora de energia elétrica por fonte eólica do Brasil. De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica, a Região concentra 708 parques eólicos de um total de 805 instalados em todo o país. A geração eólica representa, segundo dados de dezembro de 2021 do Ministério de Minas e Energia, quase 11% de toda a matriz energética do Brasil.
O potencial eólico da Região é tão grande que já existe um grande projeto para a instalação de centenas de torres offshore (dentro do mar ao longo da costa) por todo o litoral nordestino. Segundo informações preliminares, esse potencial seria equivalente a 50 usinas hidrelétricas do tamanho de Itaipu.
De acordo com dados da ABSOLAR – Associação Brasileira de Energia Solar, a geração de energia elétrica a partir de painéis fotovoltaicos no Brasil atingiu a marca de 7,5 GW em 2020, o que equivale à metade da capacidade instalada da Usina Hidrelétrica de Itaipu. De acordo com essa Associação, o preço das placas solares e dos demais equipamentos caiu cerca de 90% nos últimos 10 anos, o que vem incentivando cada vez mais o crescimento do setor.
De acordo com estimativas do setor, as empresas de geração solar empregam mais de 130 mil profissionais no Brasil e faturam cerca de R$ 21 bilhões ao ano. No mundo, as empresas desse setor empregam mais de 3,5 milhões de profissionais, o que corresponde a um terço dos empregos gerados pelas energias renováveis.
Existem atualmente no Brasil cerca de 350 mil pequenos sistemas de geração fotovoltaica instalados em telhados de residências, pequenas empresas e terrenos, além de 3.900 sistemas de geração centralizada, que geram a eletricidade em um local e enviam a energia para consumo em outros locais através de linhas de transmissão.
A ensolarada Região Nordeste se destaca nessa modalidade. Vejam alguns dos mais importantes parques fotovoltaicos da Região:
Parque Solar São Gonçalo – Piauí: Localizado no município de São Gonçalo do Gurguéia. Inaugurado em 2020, é o maior empreendimento do tipo no Brasil, com uma capacidade de geração de energia de 1,5 GW;
Parque Solar de Nova Olinda – Piauí: Localizado em Ribeira do Piauí. Esse Parque possui 930 mil painéis solares instalados e ocupa uma área total de 690 hectares. Possui uma capacidade de geração de energia de 292 MW, o que é suficiente para abastecer 300 mil residências;
Parque Solar Ituverava – Bahia: Em operação desde 2017, fica localizado em Tabocas do Brejo Velho. Possui 850 mil painéis solares em uma área de 579 hectares. A capacidade de geração é de 158 MW, o suficiente para abastecer 166 mil residências;
Parque Solar de Bom Jesus da Lapa – Bahia: Em operação desde 2017, tem uma capacidade de geração de energia de 158 MW, o suficiente para abastecer 166 mil residências;
Parque Solar Horizonte – Bahia: Também localizado no município de Tabocas do Brejo Velho. Possui uma capacidade instalada de 103 MW e capacidade para abastecer 108 mil residências. O parque está sendo expandido, com expectativa de atingir a marca de 220 MW.
Um outro destaque importante é o projeto piloto do Parque Solar flutuante do Lago da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, que foi inaugurado em agosto de 2019. Contando inicialmente com 3.792 painéis fotovoltaicos e com uma capacidade instalada de 1 MW, essa iniciativa abre uma nova perspectiva para o aumento da produção de energia elétrica nas usinas hidrelétricas já existentes no país, sem que haja a necessidade de se aumentar as áreas de águas represadas.
Em tempos de crise energética em todo o mundo e de uma enorme preocupação com o avanço das fontes de geração renováveis, é muito bom constatar os avanços dessas modalidades de geração aqui no Brasil.
Por outro lado existe a preocupação com a derrubada da caatinga e mortandade dos morcegos que regulam os ecossistemas da região. Sem dúvida o ganho energético é superior e essencial, a geração de emprego e a formação de profissionais na própria região.
Falta ainda, cuidar do lixo, não há política pública para esse problema.
Feito isso, o Brasil passará na frente dos almofadinhas.
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[…] no Brasil a geração eólica também segue, me perdoem o trocadilho, com “vento em popa”. De acordo com dados da ABEEÓLICA […]
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