A Ilha de Porto Rico, chamada inicialmente de San Juan Bautista pelos espanhóis, foi “descoberta” em novembro de 1493 por Cristóvão Colombo na sua segunda expedição às Américas. Como aconteceu com outras ilhas caribenhas, Porto Rico era densamente povoada por indígenas taínos, que chamavam sua ilha de Borikén. O gentílico popular “boricua”, usado para indicar as pessoas nascidas em Porto Rico, é derivado desse nome indígena.
Porto Rico é a menor das Grandes Antilhas – a ilha possui apenas 9.100 km², o que equivale a menos da metade da superfície do Estado de Sergipe. A população é estimada em 3,5 milhões de pessoas. Desde 1898, quando foi assinado o Tratado de Paris que encerrou a chamada Guerra Hispano-Americana, Porto Rico passou a ser um Estado Livre associado aos Estados Unidos da América e, bem recentemente, foi elevado à condição de Estado norte-americano.
O primeiro assentamento espanhol em Porto Rico foi fundado em 1508 por Juan Ponce de Leon, que foi nomeado o primeiro Governador da Ilha. Ponce de Leon entraria para a história por causa de sua busca obsessiva pela lendária Fonte da Juventude, uma saga que já foi tema de muitos livros e filmes como “Piratas do Caribe”.
A história colonial de Porto Rico não é muito diferente das outras ilhas do Mar do Caribe. Após a chegada dos primeiros colonizadores, a ilha acabou transformada em um grande canavial. Os indígenas taínos, que foram usados como mão de obra nos primeiros anos da colonização, morreram em grande quantidade devido a doenças trazidas pelos europeus e já em 1520, escravos africanos começaram a chegar na ilha para assumir os trabalhos na agricultura.
Também como aconteceu com outras colônias espanholas nas ilhas caribenhas, Porto Rico foi relegada a um segundo plano diante das imensas riquezas geradas pela expropriação dos grandes tesouros dos Impérios Asteca e Inca no continente. Foi somente a partir do ano de 1700, com a ascensão da dinastia Bourbon ao trono da Espanha, que Porto Rico passou a receber maior atenção e maiores investimentos da Metrópole. Estradas começaram a ser construídas por toda a ilha, interligando as diversas cidades que surgiram ao longo da costa, favorecendo cada vez mais o escoamento e o comércio de produtos agrícolas.
A partir do final do século XVIII, com o início de diversos conflitos emancipacionistas por todas as ilhas do Mar do Caribe, a Espanha passou a se preocupar com a manutenção da posse da Ilha de Porto Rico, que àquela altura já era um importante centro comercial na região. Em 1809, a Espanha reconheceu Porto Rico como uma de suas províncias ultramarinas e seus habitantes passaram a ter direto a eleger, por meio de voto, um representante para o Parlamento Espanhol.
O Governo espanhol também estimulou a imigração de seus cidadãos para a Porto Rico, como forma de melhorar seus vínculos com a ilha – até o final do século XIX, perto de 450 mil imigrantes, a maioria espanhóis, desembarcaram na ilha. A Espanha também aumentou os seus fluxos comerciais com a ilha, tentando assim manter a posse de uma de suas últimas colônias nas Américas.
Em julho de 1898, como uma consequência da Guerra Hispano-americana, os Estados Unidos invadiram Porto Rico e por lá ficaram. Após a assinatura do Tratado de Paris, a Espanha cedeu Porto Rico, Guam e as Filipinas para os Estados Unidos, além de conceder autonomia para Cuba, que se tornou um país independente. A partir de 1917, os porto-riquenhos passaram a ser considerados cidadãos norte-americanos. Em 2017, após um referendo popular, Porto Rico passou a ser o 51ª Estado norte-americano.
Assim como aconteceu com a grande maioria das ilhas do Mar do Caribe, Porto Rico derrubou a maior parte de sua cobertura florestal com vistas a abertura de campos agrícolas. Como consequência direta dessa prática multissecular, grande parte da ilha sofre há vários anos com longos períodos de seca, um problema que também está ligado as mudanças climáticas e aos efeitos devastadores de sucessivos fenômenos do El Niño e La Niña. Mas nada disso, porém, se compara a uma sequência assustadora de fortes furacões que tem atingido a ilha como uma frequência e intensidade assustadoras.
Relembrando apenas os furacões que atingiram a ilha em anos recentes: em 2016, o Furacão Matthew passou perto de Porto Rico e assustou muita gente. Em 7 de setembro de 2017, Porto Rico foi atingido pelo Furacão Irma e, poucos dias depois, pelo Furacão Maria no dia 20. O Maria foi a pior tempestade a atingir a ilha em 100 anos, gerando ventos com velocidade acima de 250 km por hora e provocando chuvas torrenciais e alagamentos generalizados. Esse furacão deixou um saldo oficial de 2.975 mortos e dezenas de bilhões de dólares em prejuízos materiais (vide foto).
Essas duas tempestades em sequência destruíram grande parte da infraestrutura de Porto Rico. Em setembro de 2019, a população de Porto Rico se preparou para a chegada do Furacão Dorian, que felizmente perdeu força e não causou maiores prejuízos. O aumento da incidência e da intensidade dos furacões no Mar do Caribe estão ligados às mudanças climáticas globais.
Além de destruir casas e edifícios, esses sucessivos furacões têm causado grandes impactos nos remanescentes florestais de Porto Rico. As fortes ondas geradas pelos ventos avançam contra o litoral, destruindo a faixa de areia das praias e danificando a vegetação de áreas de mangue. No interior da ilha, as áreas florestais sofrem com a força intensa dos ventos e muitas árvores acabam sendo derrubadas.
Imagens de satélite feitas pela NASA – Agência Espacial Norte-americana na sigla em inglês, logo após a passagem do Furacão Maria, mostraram a ilha de Porto Rico praticamente toda devastada e parecida com uma região que sofreu um pesado bombardeio aéreo numa guerra. Calcula-se que cerca de 30 mil pessoas ainda não conseguiram reconstruir suas casas até hoje.
Um exemplo claro da devastação deixada pelos furacões pode ser visto na ilhota de Palominito, localizada nas proximidades da famosa Ilha de Palomino. Até cerca de 25 anos atrás, a ilhota era coberta por vegetação e possuía uma grande população de animais. Nos últimos anos, Palominito passou a ser varrida pelas ondas e fica submersa ao longo de grande parte do ano. Foi em Palominito que o pirata Jack Sparrou acabou abandonado num dos filmes da franquia “Piratas do Caribe”.
Um levantamento recente feito em 60% do litoral de Porto Rico constatou que ao menos 1/5 das praias do país estão sofrendo com a forte erosão marinha, criada por ressacas cada vez mais fortes e frequentes entre os meses de novembro e março, além dos estragos deixados pelos furacões. Esse problema afeta diretamente a indústria do turismo, uma das mais importantes atividades econômicas da ilha. Aliás, faz muito tempo que a economia de Porto Rico não anda “bem das pernas”.
Apesar de ser o mais novo Estado do país mais rico do mundo, os Estados Unidos, a economia de Porto Rico vai de mal a pior. A economia da ilha está em recessão desde 2005, com uma dívida total de mais de US$ 120 bilhões. Para piorar a situação, o Estado vem enfrentando um decréscimo populacional já há vários anos.
Em 1950, a população de Porto Rico era de 2,2 milhões de habitantes e continuou crescendo até 2001, quando atingiu um pico de 3,8 milhões de habitantes. Além da redução da taxa de fertilidade, que tem reflexos diretos na população local, cerca de 90 mil porto-riquenhos migram para a área continental dos Estados Unidos a cada ano. A destruição causada pelas sucessivas tragédias climáticas tem desaminado os porto-riquenhos, que cada vez mais optam por recomeçar a vida em Estados com grandes populações “latinas” como a Flórida e o Texas.
Com o êxodo de parte cada vez mais expressiva da sua população, principalmente jovens, Porto Rico perde parte importante da sua força de trabalho, o que afeta profundamente o crescimento econômico. E a situação que já não é das melhores, tenderá a piorar cada vez mais ao longo dos próximos anos.
Devastação ambiental, decréscimo populacional e uma longa e perturbadora recessão econômica – essa é a triste sina do cada vez mais pobre Porto Rico.
[…] POBRE PORTO RICO […]
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