Neste último domingo, dia 23 de fevereiro, municípios da Baixada Santista, litoral do Estado de São Paulo, sofreram com uma forte maré alta, que cobriu toda a faixa de areia de algumas das praias, calçadões, quiosques e chegou a invadir alguns trechos de avenidas ao largo das praias. Os municípios de Santos, Praia Grande e Bertioga foram os mais atingidos.
No município da Praia Grande, o mar cobriu a faixa de areia entre o Canto do Forte e a Vila Mirim, chegando até no calçadão em alguns trechos. Em Bertioga, a faixa de areia das praias da Riviera de São Lourenço, do Sesc e Guaratuba, ficou encoberta – o mar agitado forçou banhistas e ambulantes a abandonarem as praias. Em municípios como Mongaguá e Itanhaém, a maré não subiu muito, mas o mar muito agitado forçou muitos turistas a voltarem para suas casas.
O fenômeno não é novo e faz parte de um processo sistemático de aumento gradual do nível do mar observado em vários pontos do litoral brasileiro. Em postagens publicadas em 2018, falamos desse problema na Ponta da Praia (vide foto), na cidade de Santos, em Florianópolis, Santa Catarina e também na Praia da Macumba, na cidade do Rio de Janeiro.
Um projeto de pesquisa em andamento desde 2013, batizado de Metrópole, está avaliando fenômenos climáticos derivados dos efeitos do aquecimento global e aferindo quais serão os seus impactos ambientais. Os estudos estão sendo feitos na cidade Broward, nos Estados Unidos, e em Selsey, na Inglaterra. A cidade de Santos foi incluída na pesquisa por possuir uma grande base de dados sobre o tema, inclusive com registros fotográficos do avanço do mar ao longo dos anos. O Projeto Metrópole é uma iniciativa internacional com a participação de pesquisadores brasileiros, norte-americanos e ingleses, que vêm desenvolvendo estudos sobre adaptação às mudanças climáticas em áreas costeiras, inclusive contando com apoio da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Os estudos aqui no Brasil estão sendo feitos em dois setores da cidade de Santos, considerados “contrastantes” pelos pesquisadores: a Zona Noroeste, uma área de manguezais ocupada por palafitas e sujeita a inundações frequentes, que inclusive criam diversos problemas para a entrada de veículos na cidade. A outra região é Zona Sudeste da cidade, num trecho que vai do Bairro do Gonzaga até a Ponta da Praia.
De acordo com as conclusões de alguns trabalhos já finalizados, o nível médio do mar em Santos, quando comparado ao nível médio da década de 2000, deverá ficar até 18 centímetros mais alto em 2025; no ano de 2050, a elevação do nível do mar na cidade poderá chegar até 35 centímetros. Além da visível elevação do nível do mar, a região da Ponta da Praia também sofre há vários anos com fortíssimas ressacas – a faixa de areia neste trecho da orla desapareceu já há um bom tempo. Ressacas frequentes causam enormes transtornos e alagamentos na região, inundando as garagens subterrâneas de vários edifícios da orla e lançando dezenas de toneladas de areia nas calçadas e vias do bairro.
Como os pesquisadores científicos, de um modo geral, são extremamente cautelosos ao anunciar as conclusões de suas pesquisas, ainda não é possível afirmar “cientificamente” que a recorrência das marés extremamente altas em vários pontos do litoral brasileiro estão diretamente ligadas ao tão propalado aquecimento global. As evidências visíveis das mudanças no padrão do oceano nessas regiões, entretanto, fazem crer que alguma coisa ‘grande” está em andamento.
Bem diferente do que muitos podem imaginar, as mudanças climáticas não são bruscas e violentas, mas sim graduais e muito sutis.
Preocupante.
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