O Arquipélago de Fernando de Noronha é formado por 21 ilhas e ilhotas, que ocupam a ínfima área de 26 km². Apesar de pequeno, o arquipélago é de uma beleza ímpar, cercado por um mar de águas transparentes e repleto de vida marinha, e de terras cobertas por densa vegetação, local de abrigo para uma enorme gama de aves migratórias e, pelo menos, duas espécies nativas. Em 2001, a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, declarou Fernando de Noronha Patrimônio Natural da Humanidade. Tanta beleza e tanta vida, sem contar com uma única fonte de água potável.
Existem diversas hipóteses sobre a descoberta do arquipélago por diferentes expedições entre os anos de 1500 e 1504, porém nenhuma certeza absoluta sobre qual foi a data exata e a expedição responsável pela sua descoberta. Fernando de Noronha (ou Fernão de Loronha no original) foi um rico comerciante, empreendedor e armador português, que figurou entre os financiadores das primeiras expedições exploratórias dos recursos naturais das recém descobertas terras brasileiras, especialmente do pau-brasil. Em 1504, Dom Manuel I, o Rei Venturoso, doou para Fernando de Noronha a Ilha de São João da Quaresma, a primeira Capitania do mar do Brasil, em agradecimento aos seus serviços. Ele nunca visitou a ilha que acabou sendo rebatizada com seu nome: Fernando de Noronha.
Isolada do continente e sem fontes de água, o arquipélago ficou abandonado por muito tempo, tendo sido invadido sucessivamente por holandeses, franceses e ingleses, que também não se estabeleceram. Em 1700 a ilha foi integrada à Capitania de Pernambuco. Foi somente no final do século XVIII que o arquipélago ganhou uma função específica: foi transformado em um presídio, função que se manteve até o final da década de 1950. Durante a II Guerra Mundial, o aeroporto da ilha de Fernando de Noronha foi cedido aos Estados Unidos e utilizado como base de reabastecimento para os aviões americanos que se dirigiam para os campos de batalha na África. Resumidamente, essa é a história do arquipélago. O paraíso tropical com praias de areias maravilhosas e mares com águas transparentes é de uma história muito recente.
A ilha de Fernando de Noronha, a maior e a única ilha habitada do arquipélago, tem atualmente uma população com aproximadamente 3 mil habitantes, distribuídos em pequenas vilas – a Vila dos Remédios é a principal. O arquipélago dista 545 km da costa do Estado de Pernambuco, à qual é ligado por voos comerciais regulares, que realizam o transporte de passageiros e de cargas; o abastecimento geral da população é feito através de embarcações cargueiras.
O abastecimento de água sempre foi um dos grandes problemas para os parcos habitantes de Fernando de Noronha, que sempre recorreram à escavação de poços e construção de açudes para o armazenamento da água das chuvas, que caem com bastante intensidade entre os meses de fevereiro e julho. A ilha principal possui atualmente aproximadamente 40 poços e diversos açudes: Gato, Mulungu, Horta e Xaréu, o maior de todos. Recentemente, o Governo do Estado de Pernambuco instalou uma estação de dessalinização de água do mar, unidade que permite a produção de aproximadamente 290 mil litros de água potável por dia, volume suficiente para abastecer 40% da população de Fernando de Noronha. De acordo com dados da administração do arquipélago, 70% das casas contam com rede coletora de esgotos – as demais residências usam fossas sépticas.
Ambientes insulares são ecossistemas naturalmente sensíveis, com flora e fauna especializados, sujeitos a fortes impactos por povoamento e introdução de espécies exóticas. Na ilha de Fernando de Noronha foram introduzidas ovelhas, que causaram grandes estragos na vegetação original; também foram introduzidos lagartos da espécie teiú com o objetivo de combater os ratos que infestavam a ilha: a ideia não funcionou e os teiús são atualmente um dos grandes problemas ambientais da ilha, atacando ninhos das diversas espécies de aves que vivem nas ilhas ou que realizam paradas durante os voos migratórios. O famoso naturalista inglês Charles Darwin, autor da teoria da evolução das espécies, esteve em Fernando de Noronha em 1832, numa das paradas da famosa viagem do lendário navio Beagle – ele ficou admirado com a densa mata tropical que cobria todas as ilhas do arquipélago. O uso restrito de Fernando de Noronha como presídio foi fundamental para a preservação da flora e fauna da maioria das ilhas – em 1988, o Governo brasileiro elevou o arquipélago a parque nacional marinho e 70% de sua superfície passou a ser considerada área de preservação permanente.
Este status de área de preservação, associado aos limites físicos e ambientais da ilha, tem reflexos diretos no controle rígido do número de visitantes. Em 2017, a ilha recebeu mais de 94 mil turistas (aproximadamente 2 mil visitantes por semana), o que representou um crescimento de 3,2% no número total de visitantes em relação a 2016. Perto de 7% dos visitantes são estrangeiros, que ficam simplesmente encantados com a beleza local, especialmente com as águas mornas e transparentes do mar, considerado um dos melhores locais para mergulho do mundo, e com os imensos grupos de golfinhos rotadores que vivem na região. A culinária local, fortemente baseada em peixes e frutos do mar, é um destaque a parte. Uma especialidade da ilha é o bolinho de “tubalhal”– onde o bacalhau é substituído por carne de tubarão salgada.
Os limites turísticos de Fernando de Noronha constantemente provocam tensões entre os administradores do parque marinho, comerciantes, operadores de turismo e autoridades de meio ambiente de Pernambuco. Enquanto comerciantes e operadores de turismo pressionam pelo aumento do número de turistas no arquipélago, as autoridades ambientais têm conseguido manter as rédeas sob controle. Diversos grupos hoteleiros devem sonhar com a possibilidade de construir grandes hotéis em Fernando de Noronha, transformando o arquipélago num mini Hawai brasileiro – felizmente, o bom senso das autoridades ambientais tem prevalecido e o turismo continua sob controle. As pousadas existentes na ilha são bastante simples, muitas instaladas em casas dos ilhéus, mas tem funcionado perfeitamente até hoje. O interesse recente de celebridades por passeios até o arquipélago talvez crie novas pressões para o incremento e ampliação dos hotéis. Vamos acompanhar.
Que as belezas e os encantos de Noronha, enquanto possível, continuem como estão.
[…] limitados, especialmente quando se fala em água. Como é comum em muitas ilhas oceânicas, o arquipélago não possui nenhuma fonte natural de água -as reservas de água potável do arquipélago dependem das fortes chuvas de inverno. […]
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[…] é importante lembrar que, como se tratam de ecossistemas de ilhas, existe um alto grau de endemismo nas espécies animais e vegetais nas matas das Filipinas – ou […]
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[…] Em 1504, Dom Manuel I, o Rei Venturoso, doou para Fernando de Noronha a Ilha de São João da Quaresma, a primeira Capitania do mar do Brasil, em agradecimento aos seus serviços. Ele nunca visitou a ilha, que acabou sendo rebatizada com seu nome: Fernando de Noronha. […]
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