
Uma postagem curta:
O Governo de Goiás decretou situação de emergência ambiental em todo o Estado por 120 dias. Essa é uma medida preventiva e o decreto, de número 10.126, foi publicado no último dia 3 de agosto. O objetivo da decisão é preparar todos os órgãos que compõem o CEGIF – Comitê Estadual de Gestão de Incêndios Florestais, para a temporada das queimadas.
O CEGIF é formado pela SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, CBMGO – Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Técnico-Científica, Agência Goiana de Assistência Técnica, EMATER – Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária, GOINFRA – Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes, AGRODEFESA -Agência Goiana de Defesa Agropecuária, além das secretarias de Estado da Saúde, Educação e Comunicação.
Uma das principais características do Cerrado é o seu clima, que é formado por apenas duas estações bem definidas – o período das chuvas, que vai de outubro a abril, e o período da seca, que vai de maio a setembro, que período que hoje está o seu auge.
Todos os anos, conforme já comentamos em diversas postagens aqui do blog, o Cerrado é tomado por grandes incêndios florestais e esse decreto de emergência ambiental é uma excelente medida preventiva. Aliás, os incêndios anuais no bioma vêm ocorrendo há, pelo menos, 25 milhões de anos. Foi justamente a frequência dessas queimadas que forçou as espécies vegetais e animais do bioma a evoluírem. Essa adaptação foi tão grande que a maioria das sementes de árvores do Cerrado dependem do fogo para germinar.
O Cerrado, bioma predominante no Estado de Goiás, ocupa uma área de mais de 2 milhões de km2, sendo o segundo maior bioma do Brasil. Além de Goiás, o Cerrado se estende por Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves florestais (ou manchas de Cerrado) no Amapá, Roraima, Amazonas, e também pequenos trechos na Bolívia e no Paraguai.
A vegetação do Cerrado pode ser dividida em três grupos principais (outros autores dividem o bioma de forma diferente):
Florestas: onde a vegetação é dividida em Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão (que é uma savana florestada);
Savanas: onde se encontra a formação Cerrado, os Parques de Cerrado, os Palmeirais e as Veredas;
Campos: grandes extensões cobertas por Campos Limpos, Campos Sujos e os Campos Rupestres.
Esses diferentes sistemas florestais abrigam uma grande biodiversidade de espécies animais: já foram catalogadas mais de 1.500 espécies entre mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios, além de insetos e moluscos. As espécies mais carismáticas são o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, o tatu-bola, o cervo-do-pantanal, o cachorro-vinagre, a onça-pintada e a lontra.
Essas formações florestais do Cerrado não apresentam nada que pareça tão excepcional assim. O bioma apresenta árvores de médio porte com no máximo 15 metros de altura (em áreas úmidas, na beira de rios, essa altura poderá chegar a 25 metros), muitos campos sujos repletos de grandes formigueiros e campos limpos, cobertos por uma vegetação alta de gramíneas.
A grande importância do bioma Cerrado está justamente em uma parte da vegetação que você não vê: as raízes ou sistemas radiculares da vegetação. Grosso modo falando, nós podemos comparar uma árvore do Cerrado com um iceberg, aquelas grandes montanhas de gelo que flutuam nos oceanos e que, de vez em quando, causam danos nos navios – a maior parte do gelo do iceberg está embaixo d’água.
As árvores do bioma, que normalmente se apresentam raquíticas, com troncos retorcidos e folhas pequenas, na verdade se mostram como plantas gigantescas quando se passa a observar o tamanho de suas raízes, que em muitos casos chegam a atingir dezenas de metros de profundidade. Esses grandes sistemas de raízes são fundamentais para a recarga dos grandes aquíferos da região.
Nas últimas décadas, o Cerrado se transformou numa das mais importantes frentes de avanço da agropecuária do Brasil. Segundo alguns especialistas, cerca de metade da vegetação original do bioma já foi tomada por pastagens e plantações. É fundamental preservar o que restou da vegetação original e as espécies da fauna da melhor maneira possível.
Se as queimadas e os grandes incêndios florestais são inevitáveis, melhor que se aprenda a conviver com eles da melhor maneira possível e, quanto mais se estiver preparado para isso, melhor!