
Em meio a tantas más notícias sobre a situação na Ucrânia, hoje vamos abordar um tema mais ameno e importante para nós brasileiros – as chuvas continuam caindo e o fantasma da seca em muitas regiões do país vai ficando cada vez mais distante. Esse é um dado importante, pois, acabamos de entrar em março, mês que marca o fim da temporada das chuvas na região Centro-Sul do Brasil.
O caso mais significativo é o do Reservatório de Furnas que, segundo os dados do ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, atingiu a marca de 77,99% no último dia 28 de fevereiro, e continua enchendo. O mesmo ocorre com os demais reservatórios da bacia hidrográfica do rio Grande, que também estão enchendo gradativamente, entre muitos outros.
No final de setembro último falamos da trágica situação em que se encontrava o “mar de Minas” por causa da forte estiagem. Em 26 de setembro, os dados do ONS indicavam que o nível do reservatório estava na marca de 14% de seu volume útil. Grande parte da antiga área do espelho d`água estava tomada por solos ressequidos.
Naquela mesma semana falamos sobre as inéditas tempestades de areia que estavam assolando cidades do Norte do Estado de São Paulo e do Triangulo Mineiro. Essas tempestades, que costumam aparecer em filmes de Hollywood, são o resultado da combinação de solos secos com ventos fortes, que levantam os sedimentos e os carregam a grandes distancias.
As Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país enfrentaram a maior seca dos últimos 91 anos, um problema que estava ameaçando tanto a geração de energia elétrica quanto a produção agrícola. Apesar da forte seca ainda persistir em partes da Região Sul, as coisas melhoram muito na maior parte dessa extensa área do país.
Na Região Sudeste, onde centrais hidrelétricas respondem por 70% da geração de eletricidade do país, a situação chegou a níveis críticos. Um exemplo é o da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira no rio Paraná. Em meados de setembro, o nível do reservatório atingiu o chamado “volume morto”, ou seja, a produção de energia elétrica foi interrompida.
Com a chegada das chuvas, a situação do reservatório começa a dar sinais de recuperação. Segundo os dados do ONS, o nível do reservatório atingiu a marca de 4,74% do volume útil em 28 de fevereiro, e continua subindo. Ainda está muito longe do ideal, mas a tendência é de um aumento continuo nos volumes de água que chegam ao reservatório.
Concluído em 1961, o Reservatório de Furnas rapidamente deixou de ser uma grande represa e se transformou no “mar de Minas Gerais”. O espelho d`água, que inundou uma área total de 1.440 km2, atingiu terras de 34 municípios da região e causou uma grande convulsão social há época.
Cerca de 35 mil pessoas tiveram de ser deslocadas de suas casas e de suas terras – em muitos casos a força por tropas do Exército Brasileiro. Alguns núcleos urbanos, inclusive, tiverem de ser totalmente reconstruídos em terrenos mais altos a fim de permitir a transferência das populações.
Apesar dos grandes problemas iniciais, a presença de um corpo d`água tão grande em um Estado sem fachada oceânica acabou caindo no gosto popular. Inúmeros clubes náuticos, marinas de pesca, hotéis e pousadas, além de chácaras de fim de semana acabaram por tomar conta das margens do Lago de Furnas. O turismo e as atividades ligadas ao lazer começaram a ganhar força, mudando completamente o perfil socioeconômico de toda a região.
Além dos inúmeros problemas ligados à geração de energia elétrica, a recente seca que atingiu Furnas foi um duro golpe para a economia das cidades lindeiras. Com os baixos níveis do Lago, todas as atividades ligadas ao turismo e ao lazer, entraram em colapso. O tamanho do golpe foi amplificado por todas as restrições de circulação de pessoas decorrentes da epidemia da Covid-19.
A velocidade e o vigor do enchimento do Lago de Furnas nesses últimos meses representam muito mais do que um alívio na crise de geração de energia elétrica do país. Esse “renascimento” do Lago significa um verdadeiro respiro para a vida econômica de dezenas de cidades e de dezenas de milhares de pessoas.
O bom momento vivido em Furnas coincidiu com a chegada do feriado de Carnaval. Apesar de todas as restrições ainda em vigor por causa da Covid-19, as cidades da região trabalharam muito para atrair um grande número de visitantes nesse período. Inúmeras atrações artísticas foram anunciadas por todos os cantos do “mar de Minas” e muitos empresários locais acreditam que vão conseguir “tirar o pé da lama”.
Entre as muitas atrações de grande interesse dos turistas temos de destacar os canyons e as cachoeiras de Capitólio. E aqui não podemos nos esquecer do grave acidente ocorrido no início de janeiro, quando uma coluna de pedra desabou num desses locais, deixando 10 mortos e cerca de 31 feridos.
Esperemos todas que as respectivas autoridades das prefeituras locais e dos órgãos de segurança do Estado de Minas Gerais tenham tomado todas as providencias a fim de se evitar que uma tragédia semelhante volte a acontecer.
De resto, desejamos a todos – moradores e turistas que frequentam a região, um ótimo Carnaval e que curtam muito as maravilhas do grande “mar de Minas”!
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