
Mudanças climáticas em andamento na região Oeste dos Estados Unidos estão deixando o clima regional cada vez mais quente e seco, uma situação que tem levado a uma incidência cada vez maior de incêndios florestais.
A Califórnia é uma das regiões mais afetadas pelo problema – desde dezembro de 2017, o Estado assistiu aos 8 piores incêndios florestais da sua história. Neste momento, bombeiros da Califórnia estão lutando para debelar dezenas de focos de fogo, onde se destacam dois grandes incêndios florestais – o Dixie e o Caldor.
O Dixie, que está sendo considerado o segundo pior incêndio da história do Estado, começou nas matas secas das montanhas de Sierra Nevada, uma região do Nordeste californiano a cerca de 260 km de Sacramento, a Capital do Estado. Com a baixa umidade do ar e com os fortes ventos da Região, as chamas se espalharam rapidamente.
Até o dia 20 de agosto, o Dixie já havia queimado cerca de 260 mil hectares de matas, uma área equivalente à da cidade de Los Angeles. Pelo menos 1.200 casas e outras estruturas foram consumidas pelo fogo – outras 16 mil construções estão classificadas como ameaçadas. Perto de 12 mil pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas por questões de segurança.
Um exemplo da violência do incêndio: no início deste mês, o Dixie devastou a pequena cidade de Greenville apenas poucas horas depois das autoridades pedirem que os moradores abandonassem suas casas. Ventos com velocidade de até 50 km/h empurraram as chamas na direção do centro da cidade, que acabou sendo completamente consumido pelo fogo (vide foto).
O incêndio Caldor começou há cerca de 10 dias atrás na Floresta Nacional de El Dorado, na divisa dos Estados da Califórnia e de Nevada. No último dia 18, seu tamanho passou de 2.630 hectares para 21.403 hectares em apenas 24 horas, o que forçou cerca de 16 mil pessoas a abandonar suas casas. De acordo com as últimas informações divulgadas, o Caldor já queimou 47 mil hectares.
Segundo informações do Cal Fire – Departamento Florestal e de Incêndios da Califórnia, a área destruída pelos incêndios aumentou mais de 250% desde 2020, ano que até então foi considerado como o pior em incêndios florestais da história do Estado. De acordo com as autoridades locais, a causa desses incêndios é uma seca prolongada e persistente na Califórnia, que tem deixado a vegetação muito seca e vulnerável ao fogo.
A Região Oeste dos Estados Unidos, especialmente os Estados da Califórnia, Nevada, Arizona, Utah e Colorado, vem enfrentando uma grave seca com chuvas abaixo da média há vários anos. Uma imagem que simboliza essa falta de chuvas são os baixos níveis do Lago Mead, no Estado de Nevada, o maior reservatório do país. Já são 22 anos seguidos com chuvas abaixo da média e o Lago está atualmente com apenas 35% de sua capacidade.
Além da falta de chuvas, grandes áreas das regiões Oeste e Noroeste dos Estados Unidos também foram atingidas por fortes ondas de calor no início do verão. Em uma postagem publicada no final de junho, falamos das altas temperaturas registradas em várias cidades. Em Salem e Portland, no Estado do Oregon, a temperatura rompeu a barreira dos 44° C. Em Seattle, capital do Estado de Washington, os termômetros chegaram muito próximo dos 40° C. Em várias regiões da Califórnia já haviam sido registradas há época temperaturas de inacreditáveis 54° C.
Todos esses sinais já eram uma espécie de anúncio da violência dos incêndios que viriam a tomar conta de grandes áreas florestais do país neste ano. De acordo com informações do National Interagency Fire Center do último dia 19, 104 grandes incêndios florestais estavam ativos, especialmente na região Oeste do país. Mais de 25 mil bombeiros estão trabalhando para controlar as chamas e o avanço desses incêndios florestais, um avanço que está sendo muito facilitado pelo tempo quente e pela vegetação seca nessa região.
O setor agrícola da Califórnia vem sendo seriamente afetado tanto pela seca quanto pelos incêndios florestais. Um exemplo disso é o mundialmente famoso Napa Valley, uma das mais importantes regiões produtoras de vinho do mundo. Essa região possui mais de 800 vinícolas e responde por 90% de todos os vinhos produzidos nos Estados Unidos. Em 2020, várias vinícolas foram afetadas pelos incêndios florestais, sendo que uma dessas propriedades teve um dos seus depósitos destruído pelas chamas.
Mesmo quando não são atingidos diretamente pelas chamas, os parreirais são afetados pela fumaça dos incêndios, que altera a cor das cascas das uvas. A cor dos vinhos tintos, um dos fatores mais determinantes para a avaliação da qualidade de um produto, pode ser alterada pelos resíduos de fuligem acumulados na casca das uvas. No caso das uvas brancas, a fuligem e as manchas que se formam na casca das uvas inviabiliza a produção dos vinhos brancos.
Além de vinhos, a Califórnia é uma importante região de produção de leite e carne bovina; de amêndoas, nozes e pistaches; de tomates, hortaliças e frutas cítricas. Cerca de 13% de toda a produção agropecuária dos Estados Unidos está concentrada na Califórnia. Nos últimos anos, os produtores locais foram forçados a reduzir seu consumo de água em 20%, em média, devido à escassez cada vez maior do insumo.
E as notícias para as populações dessas regiões não são das mais animadoras. Segundo os meteorologistas, a última vez que a região Oeste dos Estados Unidos enfrentou uma escassez de água tão grande foi há 1.200 anos atrás. Mudanças climáticas em andamento na região poderão reduzir ainda mais as precipitações (aqui se incluem as chuvas e as neves), aumentando ainda mais os problemas de seca na região.
Além dos inevitáveis problemas climáticos, existem graves problemas na gestão das políticas de prevenção e combate aos incêndios florestais – nesse ponto, a administração do Partido Democrata na Califórnia é bastante criticada. Segundo essas críticas, Estados vizinhos como o Oregon, Washington e Nevada, que estão sujeitos aos mesmos problemas de seca e riscos, têm tido mais sucesso na prevenção e no combate aos incêndios florestais do que a Califórnia.
Brigas político/partidárias a parte, a situação ambiental na região Oeste dos Estados Unidos e, em particular, na Califórnia, está ficando cada vez mais complicada devido ao aquecimento global e mudanças no comportamento das populações, produtores rurais e das classes dirigentes precisam acontecer o mais rápido possível.
Todos precisarão se adaptar a novos e complicados tempos.
VEJA NOSSO CANAL NO YOUTUBE – CLIQUE AQUI
[…] DIXIE E CALDOR: OS GRANDES INCÊNDIOS FLORESTAIS DA CALIFÓRNIA […]
CurtirCurtir