AS GRANDES QUEIMADAS NA TURQUIA

Uma postagem rápida: 

Enquanto a Floresta Amazônica está sendo transformada “em cinzas” e grandes áreas do Pantanal Mato-grossense e do Cerrado ardem “descontroladamente”, a imprensa internacional parece fingir que o mesmo problema não está afetando outras grandes regiões do mundo. A exceção dos incêndios florestais que vêm assolando a costa Oeste dos Estados Unidos e que conseguem algum destaque, são as notícias sobre as queimadas aqui no Brasil que estampam as manchetes dos noticiários e dos jornais. 

A Turquia, país que tem seu território dividido entre a Ásia e a Europa, vem sofrendo nos últimos três meses com grandes incêndios florestais – grande parte do mundo sequer ouviu uma única notícia a respeito. Aliás, foi preciso pesquisar bastante em agências de notícias internacionais para conseguir encontrar informações um pouco mais detalhadas. 

Citando apenas um exemplo: entre os meses de agosto e setembro deste ano, perto de 100 mil hectares de florestas ao longo da fronteira entre a Turquia e a Bulgária – dentro do território europeu, sofreram com intensos incêndios florestais. Nos últimos dias, o fogo não tem dado trégua à outras Províncias do país como é o caso de Aydim, na costa do Mar Mediterrâneo

Importante região de produção agrícola, Aydim se estende pelo vale do rio Menderes, com encostas de montanhas cobertas por florestas de pinheiros, carvalhos, cedros e abetos. O Governo turco chegou a arrendar dois aviões “bombeiros” junto à Rússia para conseguir lançar cargas de água nos terrenos de difícil acesso.  

Ao contrário do que muitos podem imaginar, apenas faixas ao Sul e ao Leste da Turquia são semidesérticas. A faixa Norte, que se estende ao longo das costas do Mar Negro, tem suas montanhas cobertas por densas florestas de coníferas (vide foto abaixo). O Oeste do país possui uma vegetação com características mediterrâneas. Nos planaltos do Centro da Turquia se encontram as extensas estepes, os grandes campos naturais da Ásia. 

O que chama a atenção nessa história é que capitais europeias como Paris, Londres e Berlim ficam a pouco mais de 2.700 km de Istambul, na Turquia. Porém, parece ser mais fácil apontar o dedo para as “grandes queimadas” no Brasil, localizadas a mais de 12 mil km de distância. 

A grande tragédia que vem tomando conta do nosso Pantanal, de importantes áreas do Cerrado e de trechos da Amazônia são lamentáveis, mas precisam ser vistas dentro de um contexto global – as mudanças climáticas e, em particular, o fenômeno La Niña, estão contribuindo para a formação de fortes ondas de calor por todo o mundo – com a vegetação seca, basta uma fagulha para se iniciar uma grande catástrofe. O fogo corre solto pelos quatro cantos do planeta e está consumido grandes áreas de matas e florestas – inclusive na Turquia e aqui no Brasil. 

Na Argentina, por exemplo, estão ocorrendo incêndios florestais em 14 Províncias do país neste momento – são 23 Províncias (Estados) no total. As causas são basicamente as mesmas das ocorrências no Brasi – seca extrema e altas temperaturas. Somente na Província do Chaco, no Norte do país e que tem características semelhantes às do Pantanal Mato-grossense, os incêndios já consumiram perto de mil hectares de matas.

É evidente que existem muitos espertos (falando melhor – idiotas), que estão se aproveitando da situação caótica nessas regiões para queimar propositalmente áreas de matas e assim ampliar seus campos agrícolas e pastagens. Para esses, a mais dura repressão policial e cadeia! 

Tentar jogar toda a culpa do problema exclusivamente sobre nós brasileiros é, no mínimo, uma grande irresponsabilidade. Líderes de nações desenvolvidas têm se valido de qualquer chance que apareça para falar mal de nós.

Há poucos dias atrás, durante o debate da campanha para as eleições presidenciais, Joe Biden – candidato do Partido Democrata, fez questão de falar que “as florestas tropicais do Brasil estão sendo destruídas“. Já sobre os grandes incêndios da costa Oeste do Estados Unidos…

Cada um que arque com sua própria cota de culpa, inclusive nós aqui no Brasil. 

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