O título da postagem faz referência a uma notícia divulgada nos últimos dias pelos principais meios de comunicação mundiais. Uma gigantesca nuvem com cerca de 400 bilhões de gafanhotos-do-deserto (Schistocerca gregaria) se encontra atualmente no Paquistão e se aproxima das fronteiras da China e da Índia, o que colocou esses países em estado de alerta máximo. Pode até não parecer, mas esse tipo de evento está associado a graves problemas ambientais.
Os gafanhotos-do-deserto são encontrados em regiões desérticas e semiáridas da África, Ásia e Oceania. Parte dessa grande nuvem de insetos surgiu no final de 2019 no Leste da África, após uma temporada anormal de fortes chuvas. Conforme apresentamos em postagens anteriores, as mudanças climáticas globais estão aumentando as temperaturas do Oceano Índico, o que, por sua vez, tem provocado mudanças regionais no clima da África e da Ásia – algumas regiões sofrem com fortes secas e outras com fortes chuvas.
A praga de gafanhotos começou atacando plantações na Etiópia e na Somália, ameçando também regiões vizinhas no Djibuti, Eritréia, Sudão do Sul e Sudão. De acordo com informações da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, cada quilômetro quadrado de uma nuvem de gafanhotos pode conter até 150 milhões de insetos, que podem comer em um único dia o total de alimentos consumidos por 35 mil pessoas ao longo de todo um ano. Os gafanhotos conseguem viajar mais de 150 km a cada dia.
Voando sobre o Sul da Península Arábica, essa nuvem de gafanhotos chegou ao Paquistão, distante mais de 3 mil km do Chifre da África, se juntando a uma outra nuvem de insetos vinda do Irã. O Governo do Paquistão, preocupado com os impactos dessa verdadeira “invasão aérea” sobre a produção de alimentos do país, vem bombardeando os gafanhotos com agrotóxicos lançados por aviões agrícolas. Essa medida não tem sido totalmente eficiente e a nuvem de insetos continua a avançar na direção das fronteiras com a China e Índia, dois países com populações gigantescas e que já dependem da importação de grandes quantidades de alimentos.
Diferente dos seus vizinhos, os chineses optaram por uma estratégia “biológica” para combater a praga dos gafanhotos – o uso de aves domésticas, que comem grandes quantidades de insetos. No ano 2000, os chineses usaram essa mesma “técnica” para combater, com sucesso, uma outra invasão de gafanhotos. Há época, usaram forças “combinadas” de patos e galinhas. De acordo com informações dos chineses, cada uma dessas aves consegue comer até 400 gafanhotos por dia, sem qualquer risco de contaminação ao meio ambiente como nos casos de uso de agrotóxicos.
De acordo com informações do Governo Chinês, esses patos foram treinados para perseguir e comer gafanhotos a partir de comandos feito por apitos. Emissoras de televisão da China divulgaram imagens de estradas do Oeste do país, próximas da fronteira com o Paquistão, tomadas por milhares de patos a caminho da “frente de batalha” (vide foto).
Boa sorte e um bom apetite a todos esses patinhos.