
A Caatinga é o único bioma ou sistema florestal totalmente brasileiro, com plantas e animais perfeitamente adaptados a um clima sujeito a longos períodos de estiagem. A Região do Semiárido ou Domínio da Caatinga compreende 925.043 km², ou seja, 55,6% do Nordeste brasileiro. Estima-se que uma população de 30 milhões de pessoas habite a região.
A Caatinga engloba áreas dos estados nordestinos do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Bahia, possuindo o mais baixo índice pluviométrico do território brasileiro. Uma microrregião do Norte do Estado de Minas Gerais, também de clima semiárido, é associada ao sertão Nordestino numa conceituação geográfica conhecida como Polígono das Secas.
A característica mais marcante dessa extensa área territorial é o seu clima semiárido do tipo tropical seco, com chuvas escassas e irregulares. A região possui uma média de temperatura elevada. O solo do sertão é em geral pouco espesso apresentando manchas de solos argilosos muito férteis, principalmente nas depressões e nos baixios. Os solos nessas manchas formam os chamados tabuleiros aluvionais e as várzeas de tabuleiros.
Como acontece em qualquer grande bioma, a vegetação da caatinga não é uniforme e se constitui numa verdadeira “colcha de retalhos”. Em função do clima e dos tipos de solos, essa vegetação pode ser dividida, de forma muito rudimentar, em três áreas: o agreste, a caatinga e o alto sertão. Cada uma destas áreas possui uma quantidade imensa de subdivisões dos tipos de vegetação, formando biomas independentes e completos.
A região conhecida como agreste constitui uma faixa de transição entre o Nordeste semiárido e espinhento e o outro Nordeste úmido da Zona da Mata, ocupada pelos canaviais. Os rios e as fontes de água dessa região nunca secam por completo nos verões, mantendo sempre um magro filete de água ou pequenas poças. A vegetação do agreste é chamada genericamente pelos botânicos de florestas espinhentas
A região da caatinga pode ser definida como o reino das cactáceas. No solo ríspido e seco abundam as espécies conhecidas como coroas-de-frade e os mandacarus. As árvores de pequeno porte e arbustos completam a paisagem. É a região de maior aridez do sertão, que nas épocas mais secas vê desaparecer a água dos rios e dos açudes.
Na região conhecida como alto sertão, o clima se ameniza levemente, com vegetação do tipo de savana e com faixas verdes dos carnaubais ao redor dos vales férteis da região. As espécies de cactáceas são mais raras no alto sertão. Pode ser classificada como uma área de transição entre o semiárido e o Cerrado.
Ao contrário da imagem estereotipada de árvores eternamente secas e retorcidas, a vegetação do semiárido é altamente especializada em função do clima e acompanha a disponibilidade da água: quando chove, a vegetação se apresenta verdejante – já em épocas de seca, as folhas das árvores caem como forma de conservar a energia das plantas e se sobressaem as cactáceas como o mandacaru, o xiquexique e a coroa-de-frade.
Um exemplo da adaptação da vegetação do sertão é a babugem, uma vegetação rasteira de rápido crescimento, que em poucos dias após as primeiras chuvas pinta o chão da Caatinga de verde, a cor da esperança, e faz surgir toda uma infinidade de flores coloridas – o sertão renasce das cinzas tal qual a mitológica fênix.
A flora de toda a região passou por um intenso processo de adaptação à falta de água e a umidade do ar. Um dos exemplos mais espetaculares é o do frondoso cajueiro da praia que se transformou no cajuí do sertão, com folhas reduzidas e imensas raízes. Várias espécies de bromélias se adaptaram ao clima, incluindo-se as macambiras, cróias e croatais.
Outras espécies, típicas de áreas desérticas como as cactáceas, são as mais adaptadas às condições físicas do sertão, incluindo-se aí as palmas, os mandacarus, os xique-xiques e os facheiros. São plantas de valor inestimável para alimentação dos gados e das gentes do sertão em épocas de secas extremas.
Nos terrenos mais altos das serras como a do Araripe, de Baturité e da Borborema, a maior quantidade de chuvas e principalmente a estrutura diferente do solo dão origem a uma vegetação de aspecto mais doce, com tons de verde mais úmido e carregado, semelhante à vegetação das chamadas áreas de brejo. Essas áreas formam verdadeiros oásis de grande importância na vida econômica e social do sertão.
A fauna sertaneja também é altamente especializada e adaptada às condições do meio ambiente. Segundo informações disponíveis, haja vista que é uma das regiões menos estudas do Brasil, já foram identificadas oficialmente 348 espécies de aves e 148 espécies de mamíferos. A maioria dos mamíferos do bioma tem hábitos noturnos e possui uma coloração na pelagem que se confunde com o meio, o que torna difícil sua observação e contabilização exata da quantidade local de espécies endêmicas.
A região também possui inúmeras espécies de répteis e anfíbios. Como grandes áreas do sertão nordestino já tiveram suas características originais alteradas ou destruídas desde o início da colonização do Brasil, nunca teremos certeza do total de espécies da fauna já extintas pela ação humana. Exemplos ainda encontrados e de grande representatividade da fauna local são o veado-catingueiro, a capivara, a onça parda ou suçuarana, o sagui-de-tufo-branco, as cotias, os preás, os gambás, o tatupeba, a simbólica asa branca eternizada pela música de Luiz Gonzaga e o sapo-cururu da poesia de Manuel Bandeira.
As primeiras expedições exploratórias que alcançaram o Semiárido Nordestino, ainda nos primeiros tempos da colonização, buscavam especialmente ouro e pedras preciosas. Encontraram uma terra de clima e vegetação bastante diferente da luxuriante vegetação da Mata Atlântica litorânea, tribos indígenas hostis e nenhuma evidência de ouro ou pedras preciosas.
Esses exploradores passaram a se referir a essa imensa região como um “desertão” de gentes e de animais domésticos. A gente simples do litoral simplificou essa palavra e todos passaram a se referir ao semiárido como sertão – e as gentes que aos poucos passaram a ocupar essas paisagens foram batizadas de sertanejos.
Coisas da história e da cultura do Brasil…
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