
O petróleo, conforme comentamos em postagens anteriores, é um dos combustíveis fósseis mais consumidos do mundo, seguido bem de perto pelo carvão mineral. Estimativas afirmam que o mundo consome cerca de 100 milhões de barris de petróleo a cada dia. Considerando-se que cada barril equivale a aproximadamente 159 litros, são 15,9 bilhões de litros de petróleo a cada dia.
Especialistas afirmam que cerca de 1,4 bilhão de automóveis, veículos comerciais leves e caminhões estão em circulação nos quatro cantos do mundo. Esse total não inclui motocicletas, tratores e máquinas agrícolas, sistemas de geração de energia elétrica, aviões, locomotivas e outros equipamentos com motores de combustão interna. Todas essas “máquinas” são ávidas consumidoras de combustíveis fósseis derivados do petróleo.
Além das suas inúmeras aplicações como combustíveis, o petróleo tem outras importantes aplicações. Um exemplo são as matérias primas utilizadas na fabricação dos mais diferentes tipos de compostos plásticos. Dê uma rápida olhada na sua geladeira e nos armários de sua casa para conferir a enorme quantidade de embalagens plásticas que você tem por aí.
Se existe mercado para um produto é certo que surgirão inúmeras pessoas, empresas e países interessados em vender esse produto. Falo aqui de produtos prontos como eletrodomésticos, carros, alimentos, roupas, entre muitos outros. Também temos as matérias primas ou commodities como grãos, minérios e combustíveis.
O maior produtor mundial de petróleo atualmente são os Estados Unidos, país que responde por cerca de 18% da produção mundial. Na segunda posição vem a Arábia Saudita, com uma produção de cerca de 12,5% da produção mundial e a Rússia com uma participação de 12,1%. O Brasil responde por cerca de 3,4% da produção mundial. A lista dos grandes produtores de petróleo também inclui a China, o Canadá, o Iraque, o Kuwait, os Emirados Árabes Unidos, entre muitas outras nações que ganham muito dinheiro com esse produto.
Em termos de reservas confirmadas de petróleo a Venezuela é o grande destaque. O país conta com algo da ordem de 303,8 bilhões de barris ou 17,5% das reservas mundiais. A Arábia Saudita vem colada na segunda posição, com cerca de 297,5 bilhões de barris ou 17,2% das reservas mundiais. As similaridades, entretanto, param por aí.
Ser dono de grandes reservas de petróleo é uma coisa – conseguir extrair esse petróleo e ganhar muito dinheiro com isso é outra coisa. Essa é justamente a situação da Venezuela, país que durante várias décadas foi o mais rico da América do Sul e que vive atualmente em uma profunda crise econômica e social.
A história de sucesso da antiga Venezuela começou no início do século XX, quando foram descobertas as primeiras reservas de petróleo no país. A exploração comercial do petróleo começou em 1922 e a atividade acabou se transformando na espinha dorsal da economia do país. Os estudos geológicos que se seguiram comprovaram que a Venezuela era dona das maiores reservas de petróleo e gás do mundo. Essas reservas se concentram na região do Lago Maracaibo e na bacia hidrográfica do rio Orinoco (ou Orenoco).
Durante várias décadas, a exploração do petróleo na Venezuela foi feita exclusivamente por empresas estrangeiras, onde os lucros com as vendas do produto eram desproporcionalmente divididos com o Governo do país. Em 1973, uma votação determinou a nacionalização da indústria petrolífera e em 1976 foi criada a PDVSA – Petróleos de Venezuela, estatal que passou a comandar a exploração, refino e as exportações do petróleo e seus derivados.
A PDVSA cresceu rápido e em poucos anos se transformou em uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, se tornando cada vez mais independente do Governo. Na década de 1990, a empresa iniciou um processo de abertura do capital e atração de investidores estrangeiros, como forma de aumentar consolidar o seu crescimento e sua posição no mercado mundial.
Em 1999, com a eleição de Hugo Chávez para a Presidência da República, a PDVSA inverteu sua curva de crescimento e iniciou um forte e gradual processo de declínio. Chávez, que em 1992 comandou um frustrado golpe de estado, implantou o chamado Bolivarianismo na Venezuela, uma espécie de socialismo sul-americano piorado. Entre outras medidas populistas, o Governo passou a limitar os investimentos e a participação de grupos estrangeiros na PDVSA a partir de 2001, além de criar todos os tipos de empecilhos para a atuação de empresas estrangeiras no país.
Apesar do forte processo de desindustrialização e da necessidade cada vez maior de importação de alimentos e bens de consumo de todos os tipos, os altos preços do petróleo no mercado internacional permitiam a prática de fortes políticas para a redução da pobreza e de intervenção do Estado na economia do país. O Governo da Venezuela “surfou nessa onda” enquanto pode. O barril de petróleo, que no ano de 2008 chegou a valer perto de US$ 160.00, despencou bruscamente para pouco mais de US$ 40.00 em 2009. Sem essas receitas externas do petróleo que irrigavam e nutriam a economia, a Venezuela iniciou sua caminhada rumo ao colapso atual.
Além da queda nos preços internacionais, a Venezuela já vinha sofrendo uma redução sistemática da produção de petróleo, onde o problema estava na má gestão da PDVSA, que passou a ser comandada por “companheiros” Bolivarianos. No início da década de 2000, a Venezuela apresentava uma produção diária de mais de 3 milhões de barris de petróleo – em 2020, a produção mal superou a marca de 500 mil barris/dia e, atualmente, a produção do país oscila entre 800 mil e 1 milhão de barris/dia segundo informações pouco confiáveis do Governo local
As unidades de extração e produção de petróleo também vêm diminuindo gradativamente – no início de 2016, o país dispunha de 70 plataformas de exploração de petróleo e, hoje, são pouco mais de 20 unidades. Essa queda brusca da produção e exportação do petróleo e seus derivados está ligada diretamente às sanções econômicas internacionais enfrentadas pela Venezuela.
Sem os recursos gerados pela venda do petróleo, a economia da Venezuela entrou numa espécie de espiral decrescente. A população do país começou a sofrer com o desemprego e com a falta dos produtos mais essenciais – faltam desde alimentos até papel higiênico nos mercados. Mais de 4 milhões de venezuelanos já fugiram do país em busca das mínimas condições de vida – centenas de milhares desses refugiados vieram para o Brasil. O Regime Bolivariano do país, é claro, passou a jogar a culpa da crise no colo das “grandes nações imperialistas do mundo”, em especial os Estados Unidos.
Além de afetar a vida de toda a população, essa crise econômica também passou a representar dificuldades para a importação da nafta pela Venezuela, um produto químico essencial para a produção local de petróleo. O petróleo bruto venezuelano é muito denso, apresentando uma consistência quase sólida. Para tornar o produto viscoso e fluído para o bombeamento em tubulações e oleodutos, o petróleo venezuelano precisa receber a adição de diluentes químicos como a nafta. O maior fornecedor de nafta para a Venezuela eram os Estados Unidos, país que também ocupava a posição de maior comprador de petróleo da Venezuela e que acabou alçado à condição de grande inimigo do país pelo regime Bolivariano.
São os altos e baixos, ou melhor, os ricos e os pobres do mundo do petróleo.
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