AS FORTES CHUVAS E A SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA EM SANTA CATARINA

O Estado de Santa Catarina continua sofrendo com as fortes chuvas e já são 27 os municípios que decretaram Situação de Emergência. O número de municípios que registraram ocorrências como alagamentos, deslizamentos de terra, quedas de árvores entre outros transtornos causados pelas chuvas subiu para 121. 

A lista de municípios em Situação de Emergência inclui Tubarão, Orleans, Forquilhinha, Urubici, Maracajá, Araranguá, São Joaquim, Lages, Laurentino, Alfredo Wagner, Rio Rufino, Taió, Anitápolis, Monte Carlo, Videira, Macieira, Rio das Antas, Tangará, Rio do Oeste, Alfredo Wagner e Lauro Muller. 

De acordo com informações da Defesa Civil estadual deste último sábado, dia 7 de maio, foram confirmadas três mortes, duas em São Joaquim e uma em Ubirici. Os mortos, segundo o informe, ocupavam veículos que foram arrastados por fortes correntezas (vide foto). São mais de 7 mil pessoas desalojadas e 518 desabrigadas no Estado – mais de 44 mil pessoas já foram afetadas pelas chuvas. 

O responsável por essas fortes chuvas foi um ciclone extra tropical que se formou no litoral do Rio Grande do Sul na última segunda-feira e que passou a se deslocar rumo ao Norte rumo ao litoral de São Paulo. O fenômeno foi potencializado pela chegada de uma frente fria. 

O volume médio de chuvas acumuladas em Santa Catarina para o mês de maio é de 90 mm. Entretanto, em muitas cidades esse volume superou a marca dos 300 mm como foram os casos de Santa Rosa de Lima, Orleans e Rio Fortuna. Em Florianópolis, capital do Estado, o volume de chuvas acumuladas nas últimas 72 horas está na marca de 248,4 mm. 

A cidade de Tubarão, no Sul do Estado, foi uma das mais fortemente atingidas pelas chuvas. O Rio Tubarão chegou a subir 7 metros acima do seu nível normal, provocando alagamentos em 22 bairros da cidade. Também foram registrados deslizamentos de encostas, quedas de árvores e de muros. Cerca de 10 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas na cidade. 

Outra região crítica do Estado que sofreu com as fortes chuvas foi o Vale do Rio Itajaí-Açu, frequentemente assolado por fortes enchentes. Na cidade de Rio do Sul o nível do rio superou a marca de 8,18 metros acima do nível normal, o que levou muitas famílias a abandonar suas casas. Em Itajaí, o porto precisou ser fechado devido a força da correnteza, que chegar a romper os cabos de atracação de muitas embarcações. 

Até o final do mês de fevereiro, 125 cidades catarinenses se encontravam em situação de emergência por causa da forte seca, segundo dados da Defesa Civil. Esse número corresponde a 42% dos municípios do Estado. Até aquela data, as perdas na agricultura já atingiam a marca de R$ 4 bilhões. 

Entre os meses de dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, os volumes acumulados de chuva no Estado ficaram entre 30 e 40 mm. Para que todos tenham uma ideia do que isso significa, a média histórica para o período é de 150 mm. Somente nessa última semana, muitas cidades receberam o dobro desse volume de chuvas, especialmente nas áreas Central e Leste de Santa Catarina. 

Desde 2019, Santa Catarina vinha sofrendo com secas e/ou chuvas abaixo da média histórica. Em 2020, aliás, a seca se igualou a de 1957, considerada a maior seca já registrada no Estado. 

De acordo com a EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural, as maiores perdas na agricultura neste ano foram no milho e no feijão, com quebras de 34,5% e 22,4%, respectivamente. A primeira safra de soja também foi muito prejudicada e as perdas superam R$ 1,5 bilhão. Também sofreram fortemente a produção de hortaliças, frutas – especialmente as maçãs, de leite e de carnes. 

Na cidade de São Joaquim, que hoje vive em situação de emergência por causa das chuvas, muitos produtores de maçãs tiveram a perda total de sua produção nas últimas safras. Outros produtores colheram frutos muito pequenos e de baixo valor de comercialização. Para se prevenir contra as secas, muitos dos produtores da região fizeram pesados investimentos em sistemas de irrigação. 

A falta de chuvas também estava prejudicando o abastecimento de água das populações de muitas cidades. Um exemplo é Chapecó, no Oeste catarinense, onde a companhia local de águas vinha adotando um sistema de rodízio entre os bairros. Reservatórios de muitas cidades ficaram praticamente secos e com o fundo esturricado, imagem que fazia lembrar imagens do Semiárido Nordestino. 

A cidade de Chapadão do Lajeado, no Vale do Itajaí, chegou a entrar em Estado de Emergência por causa dos baixíssimos níveis dos seus reservatórios de água, que chegaram a ficar 36 cm abaixo do nível mínimo. Na metade dessa última semana, o nível do rio Itajaí-Açu, o principal da região, chegou a ultrapassar em 8 metros o nível máximo por causa das fortes chuvas. 

A situação vivida por Santa Catarina nos últimos anos ilustra bem os efeitos dos extremos climáticos que estão sendo provocados pelo aquecimento global. Em alguns anos as chuvas tem ficado muito abaixo da média histórica e em outros essas chuvas vem em excesso, como está ocorrendo nos últimos dias. 

Essa imprevisibilidade climática vai forçar cidades, produtores rurais e industrias, entre outros agentes, a investir cada vez mais na construção de reservatórios de água, além de promover ações para o reuso e aproveitamento cada vez mais racional do recurso. A forma como a água ainda é usada precisará ser cada vez mais repensada e racionalizada. 

São novos e complicados tempos. 

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