O Delta do rio Okavango, em Botsuana, já foi tema de diversas postagens aqui no blog. Trata-se de uma planície alagável com mais de 20 mil km², uma área maior que o Estado de Sergipe. O rio Okavango percorre mais de 1.600 km desde suas nascentes em Angola, atravessando grande parte do Deserto do Kalahari, marcando a fronteira desse país com a Namíbia, até finalmente entrar no território de Botsuana.
Diferente da maioria dos grandes rios que correm de encontro ao mar, o Okavango segue para o interior do continente africano e forma o que é chamado na geografia de bacia hidrográfica endorreica, onde a água se perde por evaporação. Um exemplo desse tipo de bacia hidrográfica é a do rio Jordão, no Oriente Médio, e que forma o Mar Morto; outro exemplo são os rios Amu Daria e Syr Daria, na Ásia Central, que formam o Mar de Aral. Aqui na América do Sul o grande exemplo é o Lago Titicaca, entre a Bolívia e o Peru.
A riqueza e a abundância de águas transformaram o Delta do rio Okavango em um paraíso da vida animal e vegetal na África Austral. Essa riqueza, porém, há muito está ameaçada. Vejam essa matéria publicada pela Conexão Planeta:
“O mistério começou em março, quando os primeiros elefantes foram encontrados mortos no vasto Delta de Okavango, no interior de Botsuana, na África, por conservacionistas que sobrevoavam a região de Serong.
Ao todo, morreram cerca de 330 animais. As investigações foram cercadas de polêmica como contamos aqui, em julho. Primeiro, suspeitou-se de caçadores, que poderiam ter envenenado a água disponível para extrair as presas dos animais, mas logo essa ideia foi descartada. Ninguém se aproximou deles e as presas continuaram intactas.
Os pesquisadores alertaram para a morosidade com que o governo encaminhou o assunto, mas não havia mais nada a fazer do que aguardar os resultados dos exames. E eles começaram a ser divulgados no final de julho, ainda com algumas outras hipóteses. Falamos disso em agosto.
Até que, no final de setembro, após meses de investigações e testes realizados em laboratórios de vários países – Estados Unidos, África do Sul, Zimbábue e Canadá – o Departamento de Vida Selvagem e Parques Nacionais informou que os elefantes consumiram água contaminada por ‘uma eflorescência tóxica de cianobactérias‘, o que provocou distúrbios neurológicos.
Como contamos em julho, ‘alguns elefantes ainda vagavam pela região, aparentando fraqueza, letargia e cansaço, além de sinais de desorientação e dificuldades para caminhar’.
A água contaminada estava em reservatórios sazonais na região. Os elefantes pararam de morrer quando esses reservatórios secaram completamente.
Mais mistério
Mas ainda há um mistério rondando o caso. Em coletiva de imprensa, em Gaborone, Cyril Taolo, diretor interino desse departamento, contou que nenhuma outra espécie que vive na região foi contaminada. Nem as hienas e os abutres, que se alimentaram dos elefantes, apresentaram sinais da doença.
Mmadi Reuben, veterinário-chefe do mesmo departamento, destacou: ‘Ainda temos muitas questões a serem respondidas: por que apenas os elefantes, e por que apenas naquela área? Há uma série de hipóteses que ainda estamos investigando’.
O governo declarou que as pesquisas sobre a bactéria mortal continuam, e garantiu que será instituído um plano de monitoramento de reservatórios de água sazonais de forma a rastrear possíveis incidentes como esse no futuro e evitar mortes.
Bactérias e aquecimento global
Também conhecidas como algas azuis, as cianobactérias são organismos microscópicos muito comuns na água, que também podem ser encontrados no solo. Algumas produzem neurotoxinas, mas nem todas são tóxicas.
Contudo, cientistas alertam que estão cada vez mais frequentes as variedades de cianobactérias perigosas para os seres humanos e os animais. Isto se deve às mudanças climáticas, que aumentam as temperaturas do planeta.
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, na África Austral (também conhecida como África Meridional, que fica no sul do continente é banhada pelo Oceano Índico na costa oriental e pelo Atlântico na costa ocidental), as temperaturas têm subido duas vezes mais que a média global.
As águas mais quentes favorecem o fenômeno da eflorescência tóxica, que invadiu as águas do Delta de Okavango.“
Foto: National Park Rescue/Facebook
Texto: Mônica Nunes
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