UMA SECA HISTÓRICA NO RIO MADEIRA

Nas últimas horas, a Ministra do Meio Ambiente – Marina Silva, veio a público pedir que a população da região não faça queimadas, as tradicionais coivaras usadas para a preparação dos solos para o plantio de culturas de subsistência pelas populações mais pobres. Em suas palavras, essa é a principal fonte da fumaça que assola a região.

Sem querer polemizar sobre a questão, sempre comentamos aqui em nossas postagens que uma parte expressiva das “queimadas” da Amazônia que tanto preocupam o mundo vem dessas coivaras feitas por pequenos e pobres agricultores. 

Eu, particularmente, tenho um relacionamento bastante pessoal com esse rio – eu morei em Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, por quase dois anos e me acostumei com a presença do Madeira nas paisagens locais. Na época das chuvas, com a cheia do rio, existia sempre o temor de um transbordamento e a inundação de áreas baixas da cidade e comunidades ribeirinhas. 

Durante a vazante ou período da seca, as preocupações giram em torno das dificuldades de ligação fluvial com outras cidades da Amazônia. Diferentemente do resto do país, na Amazônia são os rios que assumem o papel de estradas para o transporte de passageiros e de cargas. Entre altos e baixos, nunca imaginei ver o rio nessa situação.

O rio Madeira tem uma extensão total de 3.315 km, o que o coloca na lista dos maiores rios do mundo. O rio Beni é o mais extenso formador do rio Madeira, com nascentes no alto da Cordilheira do Andes na Bolívia. Depois de atravessar um longo trecho do país vizinho, o rio Beni se encontra com os rios Mamoré e Guaporé, formando o rio Madeira na divisa do Brasil e da Bolívia.  

Na altura da cidade de Porto Velho, o rio Madeira chega a ter uma profundidade da ordem de 18 metros no período das cheias, o que dá aos leitores uma vaga ideia da situação dramática do rio nas últimas semanas. Grandes brancos de areia e pedrais – afloramentos rochosos, estão por toda parte, tornando a navegação num grande risco. 

O verão amazônico, período de seca e muito calor na região, vai até o final do ano, quando as chuvas começam a cair novamente. Todos esses problemas tendem a aumentar muito até lá.