INCÊNDIOS FLORESTAIS FORA DE CONTROLE NO CANADÁ 

Incêndios fora de controle estão destruindo imensas áreas florestais. As grossas nuvens de fumaça tóxica estão impactando na qualidade do ar e afetando o dia a dia de milhões de pessoas. As autoridades estão se valendo de todos os recursos disponíveis, porém, em muitas áreas os incêndios estão fora de controle. 

Não, não estamos falando dos grandes incêndios que estão “transformando a Floresta Amazônica em cinzas” e que causam uma comoção sem igual nos quatro cantos do mundo. 

Falamos dos grandes incêndios florestais que estão devastando mais de 410 áreas diferentes no Canadá, muitos deles fora de controle. As densas nuvens de fumaça estão cobrindo extensas áreas do país e avançando com força na direção do Norte e do Nordeste dos Estados Unidos, região onde vivem mais de 65 milhões de pessoas. 

Na madrugada desta quarta-feira, dia 7 de junho, a cidade de Nova York ocupou o nada honroso posto de cidade com o ar mais poluído do mundo (a foto mostra a situação da Ponte do Brooklin, um dos marcos arquitetônicos da cidade). Desta vez a causa não foram os diversos milhões de veículos de sua frota ou a fumaça das chaminés das indústrias localizadas no seu entorno – foi a fumaça gerada pelos grandes incêndios florestais no seu grande vizinho do Norte – o Canadá. 

Justin Trudeau, o Primeiro-ministro do país e um dos grandes especialistas em criticar o Brasil por causa da “destruição” da Amazônia, está sentindo na pele o que é ser a “vidraça”. Em conversa com jornalistas, o líder canadense afirmou que essa será uma temporada de incêndios florestais “especialmente severos”. 

O Governo canadense tem se esforçado em afirmar que são as mudanças climáticas as responsáveis pelo aumento dos incêndios nas florestas do país. Segundo a narrativa, a cada ano que passa novas áreas, que antes estavam livres dos incêndios, estão ficando vulneráveis. 

Entre os anos de 2019 e 2020, quando uma intensa seca afetou grande parte da região Centro-Oeste do Brasil e tornou toda essa região susceptível a grandes queimadas, a questão climática não foi levada em consideração e muitos líderes mundiais – inclusive Trudeau, jogaram toda a culpa nos brasileiros. 

Segundo as narrativas, todas essas queimadas foram propositais, onde o objetivo era a devastação das florestas de Cerrado e áreas da Floresta Amazônica para ampliação das áreas de cultivo e de pastagens.  

É evidente que muita gente aqui no país se aproveitou da situação para fazer exatamente isso, mas a maior parte das queimadas tiverem origem em causas naturais e tiveram seus efeitos amplificados pela forte seca, exatamente como vem ocorrendo há alguns milhões de anos. 

Relembrando as aulas de química: para que um incêndio se inicie são necessários três itens essenciais – o combustível, o oxigênio (comburente) e uma fonte de energia ou de calor. Matas secas possuem grandes quantidades de matéria combustível. A atmosfera das grandes áreas florestais tem oxigênio de sobra. 

A fonte de calor pode ser uma ponta de cigarro acesa arremessada por um motorista imprudente, uma queimada desastrada para limpar um campo agrícola, uma fogueira feita por algum excursionista, ou ainda a combustão espontânea de um monte de palha seca provocada pela incidência da luz solar. 

Quando esses três elementos – o famoso “triângulo do fogo”, se juntam, a combustão vai durar enquanto existir combustível e comburente. Ou seja – a floresta vai arder enquanto existir algum material combustível e oxigênio. O fogo só vai parar quando acabar o combustível ou quando se conseguir resfriar os materiais ou acabar com o oxigênio por meio de esforços de combate ao fogo. 

O fogo é uma das forças da natureza e sua fúria e energia vêm, há milhões de anos, ajudando a modelar as paisagens naturais de nosso planeta. Os incêndios florestais eram provocados por erupções vulcânicas, que lançavam pedras incandescentes a quilômetros de distância em áreas cobertas por matas, onde o fogo poderia se iniciar e destruir grandes volumes de vegetação.  

Também poderiam ter sua origem nos raios que atingiam árvores secas ou ainda pela ação dos raios solares, que teriam o poder de iniciar o fogo incidindo sobre folhas secas. Todos os anos, grandes áreas de savanas na África, de estepes na Ásia e até da Taiga, a grande floresta boreal do Norte, são devastadas pelo fogo a partir dessas causas naturais. 

Um exemplo do poder desses incêndios é o Cerrado, onde a ação do fogo nos últimos 25 milhões de anos forçou as espécies vegetais a evoluírem – algumas plantas se adaptaram tanto às queimadas frequentes que suas sementes dependem do fogo para germinar. Espécies animais que vivem nesses habitats também se adaptaram e desenvolveram suas estratégias de fuga e sobrevivência durante esses grandes eventos catastróficos.   

O Cerrado Brasileiro cobre uma área de 2 milhões de km² nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas (que são chamados de Campos Amazônicos), além de pequenos trechos na Bolívia e no Paraguai. 

As mudanças climáticas em andamento estão alterando as características naturais de muitas áreas, que estão ficando cada vez mais secas e, assim, mais susceptíveis à ação do fogo. É justamente isso que está acontecendo em muitas florestas do Canadá. E, a exemplo do que ocorreu em outros biomas como o Cerrado, essas florestas vão precisar evoluir para conviver com o fogo daqui para a frente. 

É sempre “saudável” recordar que o aquecimento global tem parte considerável de sua origem em ações humanas – causas naturais não podem ser descartadas. O grande marco do início dessas mudanças, como sempre é costume se lembrar, foi a Revolução Industrial iniciada em meados do século XVIII. 

Com o aperfeiçoamento da máquina a vapor e seu uso nas grandes indústrias, quantidades fabulosas de carvão mineral passaram a ser queimadas, liberando volumes crescentes de gases de efeito estufa na atmosfera. Com o passar do tempo, o estrago passou a ser amplificado pelo uso crescente de derivados de petróleo e pela devastação em larga escala de áreas florestais em todo o mundo. 

O Efeito Estufa é um processo natural de nosso planeta. Durante o dia, ou seja, quando parte do planeta fica voltada diretamente para o sol, a atmosfera reflete uma parte da radiação solar de volta para o espaço e parte dessa energia chega até a superfície do planeta. Os chamados gases de Efeito Estufa retêm essa energia térmica, evitando que as temperaturas da superfície baixem demais durante a noite. Isso mantém a temperatura do planeta relativamente estável. 

Com o aumento da concentração de gases poluentes na atmosfera, o até então saudável Efeito Estufa passou a ser fatal para o planeta. As temperaturas passaram a subir em todo o planeta, alterando completamente os ciclos naturais – chuvas, secas, ondas de calor e de frio, correntes marítimas e tudo mais. 

O aumento dos incêndios florestais no Canadá é apenas mais um dos efeitos do aquecimento global, efeitos esses que, desgraçadamente, serão bem difíceis de se controlar daqui para a frente. 

Veja também:

O CANADÁ E SEUS GRANDES INCÊNDIOS FLORESTAIS

O AVANÇO DA FUMAÇA DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO CANADÁ

3 Comments

Deixar mensagem para O CANADÁ E SEUS GRANDES INCÊNDIOS FLORESTAIS | ÁGUA, VIDA & CIA – Fernando José de Sousa Cancelar resposta