OS GRAVES ACIDENTES COM PLATAFORMAS DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NO MAR

Quando falamos de exploração do petróleo costumamos lembrar, quase que imediatamente, de imagens de enormes torres de perfuração e equipamentos de bombeamento do óleo em áreas desérticas de países do Oriente Médio e do Norte da África, regiões que foram as pioneiras nesse tipo de exploração. 

Ao longo de todo o século XX, a exploração de petróleo e do gás natural avançou por diferentes regiões do planeta. Atualmente, o petróleo e o gás são explorados na tundra ártica do Alasca, nas estepes intermináveis da Rússia, no meio de florestas como a Amazônica e também em plataformas marítimas como as do Mar do Norte, Golfo do México ou ainda no Pré-Sal do litoral do Brasil. 

Assim como acontece com alguma frequência em áreas de exploração em terra, grandes acidentes com derramamentos de óleo também costumam ocorrer nas plataformas marítimas. Pelas características muito peculiares desse tipo de instalação, esses acidentes costumam fazer muitas vítimas, além de provocar grandes vazamentos de óleo no mar. 

Aqui no Brasil, onde a maior parte da produção de petróleo é offshore, ou seja, é feita em plataformas marítimas, já tivemos alguns acidentes bastante graves. Só para esclarecer, 93,75% da produção brasileira de petróleo vem de plataformas marítimas, sendo 72,25% da camada pré-sal e 21,5% da camada pós-sal. 

O acidente mais grave em termos de perdas de vidas humanas em uma plataforma de exploração de petróleo no mar aqui no Brasil ocorreu em agosto de 1984, quando morreram 37 trabalhadores da plataforma Anchova da Petrobras, que operava na Bacia de Campos, litoral do Estado do Rio de Janeiro. 

No dia do acidente cerca de 50 trabalhadores estavam de plantão na plataforma quando ouve uma explosão seguida de um incêndio. Seguindo os procedimentos de evacuação de emergência, esses trabalhadores se dirigiram rapidamente para as baleeiras, um tipo de embarcação usada nessas operações. 

Devido a uma falha no sistema de liberação dos cabos, uma das baleeiras despencou de uma altura de 18 metros, se chocando com muita velocidade contra a água. O saldo dessa queda foram 37 trabalhadores mortos e 23 feridos, sendo que esse é considerado até hoje o maior acidente de trabalho da Petrobrás. O incêndio na plataforma levou 16 horas para ser debelado. 

Outro acidente do tipo aconteceu em julho de 2001, levando ao naufrágio da plataforma P-36 que também operava na Bacia de Campos. Aconteceram duas explosões, uma num tanque de óleo e outra num tanque de gás, num momento em que 175 trabalhadores estavam a bordo.  

A plataforma sofreu danos graves e adernou cerca de 16 graus devido ao alagamento de parte de suas estruturas (vide foto). Equipes de emergência trabalharam durante 5 dias tentando salvar a plataforma, que acabou não podendo ser salva e naufragou – 11 membros da equipe de emergência acabaram morrendo. 

Além das irreparáveis perdas de vidas humanas e de um prejuízo de quase US$ 1 bilhão (em valores atualizados), a P-36 levou para o fundo do oceano um reservatório com cerca de 1500 toneladas de petróleo, que acabou vazando para o mar. 

Um acidente muito parecido com o da P-36 levou ao naufrágio a plataforma norueguesa Alexander Kielland em 1980, no Mar do Norte. A origem do problema, entretanto, foi o colapso estrutural de um dos braços de sustentação da plataforma. Outros setores da estrutura acabaram se rompendo, levando a plataforma a adernar cerca de 35 graus. Além dos enormes vazamentos de petróleo que se sucederam, falhas no comando de evacuação resultaram na morte de 123 dos 212 trabalhadores que estavam a bordo. 

Um dos maiores acidentes já registrados em uma plataforma marítima de petróleo ocorreu no Golfo do México em 2010, quando a plataforma Deepwater Horizon da empresa BP British Petroleum explodiu e afundou. A tragédia deixou 22 trabalhadores feridos e 11 mortos. 

Com o naufrágio da plataforma, três dutos de óleo localizados a uma profundidade de 1.525 metros começaram a vazar, lançando cerca de 800 mil litros de petróleo por dia nas águas do Golfo do México. Esse vazamento durou 87 dias e lançou uma mancha de óleo que se espalhou por 1.500 km do litoral Sul dos Estados Unidos.  

A plataforma Deepwater Horizon operava a cerca de 80 km da costa do Estado da Lousiana, a região atingida com maior intensidade pelo vazamento. A mancha contínua de óleo que se formou após o acidente cobriu uma área equivalente a onze vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.  

Diferente do vazamento de um navio tanque, que transporta um volume finito de petróleo, o vazamento que se seguiu ao colapso dessa plataforma era contínuo, com o óleo jorrando diretamente dos poços abertos no fundo oceânico.  

A importante região do Delta do rio Mississipi foi uma das áreas mais impactadas por esse grande vazamento de petróleo. Essa região é formada por pântanos com vegetação densa, conhecidos localmente como Bayou, e abriga cerca de 40% dos pântanos e manguezais dos Estados Unidos, número que nos dá uma ideia da sua importância ambiental para a flora e a fauna locais.   

Uma espécie local que foi seriamente ameaçada pelas manchas de óleo foi pelicano-marrom, ave ameaçada de extinção e símbolo do Estado da Louisiana. Essas aves precisam mergulhar para capturar os peixes e crustáceos que formam a sua dieta e acabavam ficando com as penas cobertas de óleo, o que as impede de regular a temperatura corporal, podendo resultar na morte dos animais por hipotermia.   

Como fica bem fácil de notar, esse tipo de acidente costuma ser fatal tanto para os trabalhadores quanto para o meio ambiente. 

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