
A britânica Pearson, a maior empresa de educação do mundo, realizou uma pesquisa em cinco países com o objetivo de identificar as expectativas e percepções da sociedade sobre a educação ambiental, com destaque para as mudanças climáticas. Foram ouvidas mais de 5 mil pessoas com idades entre 16 e 70 anos no Brasil, China, Estados Unidos, México e Reino Unido.
Um dado surpreendente dessa pesquisa: mais da metade dos entrevistados entende que as crianças devem começar a aprender sobre educação ambiental já na escola primária ou até mesmo antes. Brasileiros e mexicanos, 48% e 51% respectivamente, acreditam que as crianças precisam ter esse tipo de formação já a partir da fase pré-escolar.
Os dados coletados também indicam que mais da metade dos entrevistados – 58%, acredita que temas ligados ao meio ambiente como aquecimento global, desmatamentos, poluição e problemas ligados aos resíduos sólidos, citando alguns exemplos, não são abordados de maneira adequada nas escolas. Na percepção dos entrevistados brasileiros, esse índice ficou abaixo da média – apenas 44% acham que a abordagem desses temas foi inadequada.
61% dos entrevistados acredita que estão sendo feitos esforços importantes em educação sobre as questões climáticas. Foram identificadas como as principais fontes de informação sobre esses temas a imprensa – 58%, as redes sociais – 43% e os filmes – 42%.
As redes sociais, curiosamente, foram classificadas como uma das fontes de informação menos confiáveis para 51% dos pesquisados. As fontes mais confiáveis na percepção dos entrevistados são as experiências pessoais – 77%, os livros – 76% e os filmes – 72%.
O relato de experiências pessoais se destaca como uma das fontes mais confiáveis de informações. Para 84% dos entrevistados, esses relatos os ajudaram a aprender mais sobre as mudanças climáticas, mudando seus comportamentos e atitudes com o objetivo de reduzir seus impactos pessoais.
Com relação aos impactos das mudanças climáticas, os entrevistados ficaram divididos. Brasileiros e mexicanos se mostraram mais otimistas – para 64% dos entrevistados nesses países os efeitos mais graves das mudanças climáticas ainda podem ser evitados. A maioria dos entrevistados do Brasil – 71%, estão tentando se informar melhor sobre as questões climáticas. Nesse quesito, os chineses são os menos interessados – 48% mostram interesse em aprender mais.
Outras informações interessantes levantadas nesse estudo:
- 77% dos entrevistados afirmaram que estão tentando aprender mais sobre as questões climáticas e afirmam que as informações que receberam em suas respectivas escolas sobre esses temas foram insuficientes;
- 88% afirmam que as escolas devem ser responsáveis pelo ensino de questões climáticas e ambientais;
- 89% dos entrevistados, a imensa maioria, acredita que os sistemas educacionais de seus respectivos países precisam desenvolver habilidades em seus alunos para o trabalho em futuros “empregos verdes”;
- 72% dos pesquisados acreditam num aumento das oportunidades de carreira em empregos verdes nos próximos 10 anos.
Em primeiro lugar, é interessante notar o crescimento das preocupações globais em relação às questões ambientais. Um dos marcos iniciais do ambientalismo foi o lançamento do livro “Primavera Silenciosa”, por Rachel Carson em 1962, o que em termos históricos é um fato relativamente recente. O movimento começou a ganhar força a partir da década de 1970.
A educação ambiental foi institucionalizada no Brasil em 1973, quando foi criada a SEMA – Secretaria Especial do Meio Ambiente, órgão vinculado à Presidência da República. Foi em 1999, entretanto, com a aprovação da Política Nacional de Educação Ambiental, que o tema começou a ganhar força entre os educadores.
Outro fato marcante que merece ser destacado foi a grande evolução dos sistemas de telecomunicações nas últimas décadas, especialmente a internet. Com a divulgação descentralizada e distribuída de informações, as questões ambientais começaram a atingir um público cada vez maior, despertando assim preocupações cada vez mais globais.
Mesmo em países com grande controle estatal sobre os meios de comunicação – citando a China e a Coreia do Norte como exemplos, sempre tem sido possível se burlar o sistema, com um ou outro cidadão postando informações sobre problemas ambientais “secretos”. Com isso, as questões ambientais passaram a desconhecer barreiras políticas.
Como entusiasta que somos da educação ambiental como uma ferramenta para a mudança do comportamento dos indivíduos, vemos com bastante otimismo e esperança esse crescimento do interesse mundial pelo ensino e divulgação desses temas. Quanto mais gente envolvida nesse debate, melhor para a saúde do nosso planeta.