Há poucos dias atrás, publicamos uma postagem falando dos graves problemas vividos pelos jacarés-do-papo-amarelo da região do Complexo Lagunar de Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Com cerca de 280 km², o complexo é formado pelas Lagoas da Tijuca, Camorim, Jacarepaguá, e Marapendi. Essa região tem apresentado um forte crescimento imobiliário nos últimos anos e possui uma população de mais de 400 mil habitantes. Centenas de condomínios e prédios residenciais foram construídos na região, confinando os grandes bandos de jacarés que habitavam as lagoas a espaços cada vez mais restritos. Especialistas calculam que, apenas no Complexo Lagunar de Jacarepaguá, vivam perto de 4 mil animais. Uma curiosidade – a palavra Jacarepaguá vem do tupi-guarani e significa, literalmente, “enseada ou lugar dos jacarés”.
Pois bem: a situação de alguns desses animais conseguiu ficar um pouquinho pior. Uma forte ressaca, que foi sentida em uma grande extensão do litoral da Região Sudeste, atingiu a orla da cidade do Rio de Janeiro, forçando a interdição de várias pistas de avenidas ao largo das praias para a retirada de areia. Na região do Recreio dos Bandeirantes, além de muita areia nas avenidas, os moradores também passaram a encontrar inúmeros jacarés andando nas areias e calçadões da praia (vide foto). A violenta ressaca atingiu o Canal de Sernambetiba, que liga as lagoas ao oceano, e arrastou grandes ilhas de gigogas (Eichhornia), um gênero de plantas flutuantes abundante nas lagoas e no canal, e muitos jacarés-do-papo-amarelo na direção da praia.
A Polícia Ambiental e Bombeiros Militares de diversos grupamentos da cidade foram acionados e passaram grande parte dessa segunda-feira, dia 8 de julho, “caçando” jacarés nas praias do bairro. Os animais capturados foram levados de volta para as lagoas e soltos no seu habitat natural. Felizmente, nenhum incidente entre os jacarés e os frequentadores da orla litorânea foi registrado.
Os jacarés-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) são encontrados nas bacias hidrográficas dos rios Paraná, Paraguai, Uruguai e São Francisco, além de ser encontrados em ecossistemas costeiros como manguezais, estuários de rios e regiões lagunares como é o caso da Barra da Tijuca. Em média, os jacarés dessa espécie têm cerca de 2,5 metros de comprimento, mas já foram encontrados espécimes com até 3,5 metros e com um peso da casa dos 90 kg. Raramente, os jacarés atacam seres humanos, exceto nos casos em que o animal se sinta acuado e tente se defender.
Encontrar um animal silvestre desse porte e periculosidade solto no calçadão da praia durante uma caminhada não é um dos melhores programas para os cariocas. Apesar da notícia curiosa, é uma situação preocupante, que, infelizmente, poderá se repetir inúmeras vezes nesse trecho da orla da cidade.