Um desafio rápido de reciclagem: coloque uma pilha de latinhas de alumínio em algum local público onde circule muita gente – uma rua, avenida ou uma praça. Meça o tempo que vai levar até que algum transeunte pare e pegue as latinhas. Refaça o experimento colocando uma pilha de resíduos plásticos na mesma situação e veja se alguém irá parar e recolher as peças …
E por que isso acontece?
Qualquer peça de alumínio pode ser facilmente convertida em dinheiro em um ponto de reciclagem ou em um ferro velho: aqui próximo da minha casa existe um destes estabelecimentos que está pagando R$ 3,00 pelo quilograma de latinhas de alumínio e até R$ 3,50 por peças maiores como panelas, tubos e chapas do metal. Esse mesmo ferro velho está pagando R$ 1,00 pelo quilograma de garrafas PET vazias – eles não compram resíduos de outros tipos de plásticos.
Para conseguir juntar 1 quilograma de latinhas de alumínio, um catador de materiais recicláveis precisará juntar 67 latinhas, o que não é exatamente um dos trabalhos de Hércules: qualquer boteco da cidade num horário de grande movimento gera isso rapidamente; em se tratando de garrafas PET são necessárias 16 unidades de 2,5 litros ou 20 de 2 litros ou 26 de 1,5 litro ou ainda 36 garrafas de 600 ml – é mais difícil encontrar esse volume de garrafas PET vazias em um único lugar. O catador de recicláveis vai ter de caminhar bastante com sua carrocinha (as PETs são muito volumosas): no final vai conseguir um retorno de R$ 1,00 para cada quilograma recuperado. Não é preciso ser especialista em reciclagem ou em ciências ambientais para entender o sucesso da reciclagem do alumínio (98% das latinhas de alumínio produzidas no Brasil são recicladas).
Outro grande obstáculo são os diferentes tipos de plásticos que existem no mercado – cada um deles utiliza um tipo diferente de polímero e têm uma aplicação diferente. As embalagens e produtos possuem um número de identificação/sigla impressa ou em alto relevo, que especifica o tipo de resina plástica. Confira:
- 1 – PET (Politereftalato de Etileno) – garrafas de água, refrigerante, embalagem de óleo comestível, etc. – Reciclável na produção de fibras de carpete, linhas de costura e fios sintéticos para tecelagens, fibras para vassouras, embalagens de produtos de limpeza e outros tipos de acessórios plásticos;
- 2 – PEAD (Polietileno de Alta Densidade) – Embalagens de produtos de higiene e de limpeza, potes e utensílios de cozinha, etc. – Reciclável na produção de embalagens de produtos de limpeza e embalagem de óleo para motor;
- 3 – PVC (Policloreto de Vinila) – tubulações de água e esgoto, embalagens de detergente, etc. – Reciclável na produção de mangueiras para jardim, cones de sinalização, tubos de esgoto, conduites para eletricidade;
- 4 – PEBD (Polietileno de Baixa Densidade) – Sacolas plásticas de supermercado, filmes plásticos etc. – Reciclável na produção de envelopes, sacos plásticos, sacos de lixo e tubulações para irrigação;
- 5 – PP (Polipropileno) – Caixas de CDs, potes de margarina, copos descartáveis, embalagens de biscoito, etc. – Reciclável na produção de caixas e cabos de bateria para automóveis e caminhões, vassouras, escovas, caixas multi uso e bandejas;
- 6 – PS (Poliestireno) – Embalagens de iogurte, copos e pratos descartáveis, caixas de ovos etc. – Reciclável na produção de placas para isolamento térmico e acessórios para escritório;
- 7 – Outros – Plásticos diversos – Reciclável na produção de “madeira” plástica e queima para recuperação energética.
São materiais diferentes, que exigem a leitura das embalagens, a separação cuidadosa, o transporte e a comercialização com diferentes fabricantes. Vocês acham que um coletor de recicláveis vai fazer tudo isso ou vai jogar o resíduo num terreno baldio ou num córrego?
Com as latinhas de alumínio não há nenhuma formalidade: basta juntar, talvez amassar para ocupar menos espaço numa sacola e levar até um posto de compra: simples assim!
É preciso muito empenho dos governantes de todos os níveis de Governo para organizar sistemas públicos de coleta seletiva, formação de cooperativas de catadores e processadores de recicláveis, além de usar políticas fiscais para estimular as empresas a utilizarem esses resíduos plásticos como matérias primas dos seus produtos.
Sem esse esforço, nós todos vamos continuar vendo o nosso mundo desaparecer sob montanhas de lixo e mares cobertos de resíduos plásticos.
[…] há algum tempo, países altamente industrializados passaram a se valer das “exportações” de resíduos plásticos para a reciclagem em países pobres da África, subcontinente indiano e Sudeste Asiático. De acordo com reportagem […]
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[…] Existe, porém, uma palavra que raramente é mencionada pelos fabricantes, mas que faz toda a diferença: o plástico comum é, virtualmente, indestrutível, o que cria todo o tipo de problemas com os resíduos a base de polímeros plásticos. Aterros sanitários, lixões, rios e oceanos estão sendo inundados com quantidades cada vez maiores de resíduos plásticos, o que vem transformando esse produto num dos maiores resíduos poluidores do planeta. […]
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